sábado, novembro 4

"O conciso é a luxúria do pensamento".

Bernardo Soares disse, ou Pessoa afirmava? "O conciso é a luxúria do pensamento"; perante tal afirmação, podemos especular “escriticamente” sobre a actualidade ou utilidade, sim, será que algo útil não sugere uma actualidade? Claro que sim, modéstia da minha parte em afirmar o claro e verdadeiro que as minhas palavras ecoam. No fim todos morremos, os nossos pensamentos desdobram-se nas infinidades poéticas, mas fica sempre (para os que se dedicaram à escrita) o papel, o livro, o manuscrito… a verdade? Sim, a nossa verdade. Quando olhamos para livros tão extensos como um rolo de papel higiénico ficamos a pensar e a debater sobre as circunstâncias de um único titulo. Por exemplo, se um livro como o Leviatã de Thomas Hobbes, cuja magnitude “celulósica” afasta qualquer pretensão que é rapidamente derrotada pelo tempo, o tal tempo, fala de um possível estado perfeito, ficamos com a impressão de que o seu contributo explicativo pode ser útil para nós, o povo, então valerá a pena lê-lo. Mas por outro lado, existem obras imperfeitas que sugerem um único titulo e em que o seu conteúdo deveras descritivo afasta uma potencialidade imaginaria de se concretizar, é claro que títulos objectivos de uma obra, nem sempre sugerem o tema ou assunto da obra, recordo-me agora por exemplo – A critica da razão pura de I. Kant, que de grande livro até tem, mas que o seu conteúdo, ou ideia central devia ser rapidamente concisa e não tão massacradora. Aposto se Kant desse aulas, actualmente, iria de Sabática a vida inteira, e ainda bem. É claro que todos os filósofos querem que as suas ideias sejam levadas a sério, e por todo o povo, obviamente, mas se não conseguirmos indicar unicamente o caminho ou dar a ferramenta essencial para se fazer o tal caminho, então de nada vale explicar todos os pormenores, porque uma viagem feita sozinho ou em grupo (povo) vai ser diferente para cada um, ou seja, a nossa vida ou caminho é nada mais nada menos do que – individualidades colectivas. Cabe aos professores da actualidade dizer-nos o seguinte: “ Sócrates aqui pensava assim e actuava assim, e tu, como queres fazer, sabendo que tens que chegar ali?”. Somos assim tão exigentes com o tamanho? Será que uma tela de 200 por 150 vale mais que uma 50 por 25? Claro que vale, dizem vocês, e os comerciantes, mas depois de pintada artisticamente, poder-se-á inverter a situação, certo? Ora aqui está um dos problemas dos filósofos, porque como me dizia uma professora: “ Filosofia não é Literatura”. Mas professora… a mim não me está a dar novidade nenhuma. E a vocês? Assim termino dizendo que existem obras que não são merecedoras de títulos. Há títulos que não valem assim muito, é como a publicidade enganosa.

2 comentários:

Caminhante disse...

Uma visão bastante interessante. abraço deste amigo

Anónimo disse...

Como uma vez alguém me disse, o logos tem um metro próprio, o que quer dizer que cada um tem uma forma própria de expressar as suas teorias especulativas; uns conseguem dizer tudo em poucas palavras, outros precisam de algo mais extenso. O pensamento oriental é conhecido por se desenrolar de uma forma não directa, é uma espécie de espiral, o que tem as suas vantagens...
Hoje é-nos pedido que falemos e falemos, que escrevamos teses e mais teses...porquê? Porque temos de carregar com esta constante verborreia?