domingo, dezembro 23

Mais uma patologia contemporânea

Sofremos quando uma série televisiva termina. Sentimos aquela ausência desmesurada que só os colados alcançam. As séries são relações íntimas que mantemos, não com a televisão, mas com o seu interior, tal como uma relação que mantemos com uma pessoa física (onde o seu interior é o mais belo). As relações com pessoas físicas deviam ser como a que mantemos com as séries: umas duram muito e sabem a pouco e, outras duram pouco e marcam-nos para a vida, outras, nem nos cativam um minuto que seja. The Wire foi a minha última relação não física que consumiu noites seguidas . Esta série gravada em Baltimore, que tem como base narrativa o departamento de homicídios da polícia municipal de Baltimore, possui personagens tão fortes e tão genuínas que a torna, segundo o meu juízo estético, uma série que merece a nossa maior atenção, aliás, cada minuto da nossa rápida existência. Não pretendo fazer uma avaliação da série, por mais tentador que seja, aliás, é sempre tentador, seria redutor da minha parte demonstrar tal arrogância por quem eu possuo bastante respeito. The Wire é uma orgia de personalidades e de situações banais das diversas instituições que compõem a organização de uma cidade. Não se deve usar The Wire como termo de comparação para qualquer outra série do género. Esta incompatibilidade deve-se ao estilo narrativo que a torna única e por isso incomparável. O realismo rigoroso que a realização forneceu, permite-nos, não vaguear na maionese, mas sim, centrar-nos onde devemos centrar, no diálogo. Este estilo, bastante dialógico, é o sonho de qualquer relação, seja ela física ou não física. Somos felizes quando sentimos a experiência da partilha de sentimentos por parte dos nossos pares. Somos felizes, com uma pessoa, no momento em que existe intimidade emocional e, física, claro! As séries (relações não físicas) mostram (literalmente), em pouco tempo e, de forma acutilante aquilo que demoramos anos a percepcionar nas relações físicas. Talvez por isso é que seguimos de perto várias ao mesmo tempo. Coisa que não podemos fazer com pessoas (num sentido mais intimo). The Wire foi daquelas relações que quando terminam levam tempo a repor. Isto é, perdi algo de grandioso. Estou triste e não estou disponível para mais nenhuma relação. Eis uma nova forma de sofrimento contemporâneo. Estamos lixados!

terça-feira, dezembro 4

O Francês IV




























Aí está ele cheio de estilo.
O Francês critico.

segunda-feira, dezembro 3

O francês III







A sério! Uma critica? Tudo isto porque O Francês tem uma critica a fazer?
Vamos ouvir o senhor, só porque tem uma crítica a fazer.


domingo, dezembro 2

O Francês II

Que disse o francês para que todos estivessem tão calados durante 2 horas?

sábado, dezembro 1

O francês

Hoje falámos um monte de coisas engraçadissimas na conferencia que um francês foi dar ao departamento de filosofia da Universidade da Beira Interior.
Genial! Completamente genial. O francês falou que se fartou.
A dado momento, vou embora a pensar na facilidade que o francês teve em transmitir tais pensamentos complexos e chego a uma conclusão; não percebo nada de francês

sexta-feira, novembro 30

segunda-feira, novembro 26

Diferença entre filósofo e psicólogo


O filósofo tem mais de 1000 anos de história, o psicólogo também, só que não sabe.
O filósofo lê para saber e para crer. O psicólogo lê para saber.
O filósofo analisa pessoas com ideias. O psicólogo analisa ideias para comentar pessoas.
O filósofo tem a fenomenologia, ontologia, metafisica e a mente. O psicólogo tem a psicologia.
O filósofo pensa por ele próprio. O psicólogo pensa pelo outro.            
O filósofo gosta de psicologia. O psicólogo também.
O filósofo criou a psicologia. O psicólogo rói-se de inveja.

sábado, novembro 24

maldito sejas Bernardo Fachada

Estar À Espera Ou Procurar

B Fachada



Vais ficar pra mim
Vais ficar pra sempre aqui
Vais ficar eu sei
Vai ser tal qual eu sonhei
Quando vier no fim
Eu ainda vou gostar de ti
Se tu morreres então, não vou passar do ramadão
Vais ser mãe certeira
Eu vou poder até que enfim,
Ser pai a vida inteira
Ter horta e capoeira
Se tu passares eu não te vou deixar fugir de mim
Eu não te vou largar
Vou ser fiel sem me cansar.
Até consigo imaginar a tua cara o meu abraço
E agora o que é que eu faço, estar à espera ou procurar?
Até consigo imaginar a tua cara o meu abraço
E agora o que é que eu faço, estar à espera ou procurar?
Vais ser tu pra mim
Eu vou calar-me só pra ti
Deixar contigo a lei
Esquecer-me tudo aquilo que sei
Se tu passares meu bem
Será que vais notar em mim
Senão eu vou cá estar pronto para te encontrar.
Até consigo imaginar a tua cara, o meu abraço
E agora o que é que eu faço, estar à espera ou procurar?
Até consigo imaginar a tua cara o meu abraço
E agora o que é que eu faço, estar à espera ou procurar?

quarta-feira, novembro 21

Diálogo acerca dos professores de filosofia

-Os professores de filosofia são uns malucos!
--Não são nada
-Tive dois
--Eu tive 20

segunda-feira, novembro 19

Ethos, Pathos e Logos - dois exemplos de Rétorica pura e dura





ethos: carácter do orador
pathos: a palavra
logos: auditório


REMÉDIO SANTO


A D. Beatriz, senhora alentejana, 80 anos, solteira, organista numa igreja da Diocese de Beja. É admirada por todos pela sua simpatia e doçura.
Uma tarde, convidou o novo padre da igreja para ir lanchar a sua casa e ele ficou sentado no sofá, enquanto ela foi preparar um chá. Olhando para cima do órgão, o jovem padre reparou numa jarra de vidro com água e, lá dentro, boiava um preservativo.
Quando a D. Beatriz voltou com o chá e as torradas, o padre não resistiu tirar a sua curiosidade perguntando o porquê de tal decoração em cima do orgão. Ela respondeu, apontando para a jarra:
"Ah! refere-se a isto? Maravilhoso, não é? Há uns meses atrás, ia eu a passear pelo parque, quando encontrei um pacotinho no chão. As indicações diziam para colocar no órgão, manter húmido e que, assim, ficava prevenida contra todas as doenças. E sabe uma coisa? Este Inverno ainda não me constipei!"

A Fé é que nos salva... não é verdade?

Trainspotting e os tempos modernos (16 anos depois)

Decide-te pela vida.

Decide-te por um emprego.
Decide-te por uma carreira,

por ter família,
por um televisor dos grandes.
Por máquinas de lavar, carros,

CDs e abre-latas eléctricos.
Decide-te por teres saúde, colesterol
baixo e seguro dentário.
Decide-te por uma taxa fixa

de pagamento da hipoteca.
Decide-te por alojamento temporário,
decide-te a ter amigos.
Decide-te por roupas práticas

e malas a condizer.
Decide-te por fatos completos

em vários tecidos diferentes.
Decide quem és, nas manhãs de Domingo.
Decide-te por te estupidificares

vendo concursos idiotas na TV
e por enfardares só porcarias.
Decide-te a acabares a vida
apodrecendo num lar nojento,
uma vergonha para os egoístas

que geraste para te continuarem.
Decide-te por um futuro.

Decide-te pela vida.
Por que iria eu fazer tal coisa?
Decidi não me decidir pela vida,

mas por outra coisa.
 E a razão...

Não há nenhuma razão.
Quem precisa de razões,

havendo heroína?

-intro - Transpotting, Danny Boyle, 1996

sábado, novembro 17

Bibliografia - Teoria dos jogos

[1] C. Bouton, Nim, a Game with a Complete Mathematical Solution. Annals of Mathematics, pp. 35-39, 1902.
[2] E. R. Berlekamp, J. H. Conway e R. K. Guy, Winning Ways for Your
Mathematical Plays, Vol. 2. Academic Press, New York, 1984.
[3] A. A. Cournot, Recherches sur les Principes Math´ematiques de la
Th´eorie des Richesses, 1838. Traduzido por N. T. Bacon em Researches
into the Mathematical Principles of the Theory of Wealth, McMillan,
New York, 1927.
[4] J. Conway, All Games Brigth and Beautiful. The American Mathematical Monthly, pp. 417–434, 1977.
[5] J. Conway, A Gamut of Game and Theories. Mathematics Magazine,
pp. 5–12, 1978.
[6] J. Conway e R. Guy, The Book of Numbers. Springer-Verlag, New York,
1996.
[7] J. Conway, On Numbers and Games, Second Edition. A. K. Peters,
Natick, 2000.
[8] K. Etessami, Algorithmic Game Theory and Aplications. Lecture Notes,
School of Informatics, The University of Edinburgh, Scotland, UK,
2004.
[9] S. Hart, Games in Extensive and Strategic Forms. Capítulo 2 em Handbook of Game Theory, vol. 1, R. J. Aumann e S. Hart (editores), Elsevier Science Publishers, 1992.
[10] C. H. Honig, Aplica¸cões da Topologia à Análise. IMPA, CNPq, Rio de
Janeiro, 1986.62 II Bienal da Sociedade Brasileira de Matem´atica
[11] D. Knuth, Surreal Numbers. Addison Wesley, 1974.
[12] D. G. Luenberger, Linear and Nonlinear Programming, Second Edition. Addision-Wesley Publishing Company, 1989.
[13] J. F. Nash Jr., Equilibrium Points in n-person Games. Proceedings of
the National Academy of Sciences of the United States of America,
pp. 48–49, 1950.
[14] J. F. Nash Jr., Non-Cooperative Games. PhD. Thesis. Princeton University Press, 1950.
[15] J. F. Nash Jr., The Bargaining Problem. Econometrica, pp. 155–162,
1950.
[16] J. F. Nash Jr., Non-Cooperative Games. Annals of Mathematics,
pp. 286–295, 1951.
[17] J. F. Nash Jr., Two-person Cooperative Games. Econometrica, pp. 128–
140, 1953.
[18] J. von Neumann. Zur Theorie der Gesellschaftsspiele. Mathematische
Annalen, vol. 100, pp. 295-320. Traduzido por S. Bargmann: On the
Theory of Games of Stategy em Contributions to the Theory of Games,
vol. 4, pp. 13-42, A. W. Tucker e R. D. Luce (editores), Princeton
University Press, 1959.
[19] J. von Neumann e O. Morgenstern, Theory of Games and Economic
Behavior. Princeton University Press, 1944.
[20] R. Sprague, Uber Mathematische Kampfspiele. Tohoku Mathematical
Journal, pp. 438-441, 1935-1936.
[21] E. Zermelo, Uber eine Anwendung der Mengdenlehre auf die theories
des Schachspiels. Atas do Décimo Quinto Congresso Internacional de
Matemáticos, vol. 2, pp. 501–504, 1913.

The Black Keys - Lonely Boy (First Listen)

sexta-feira, novembro 16

Inovar a reforma. Um apelo a todos nós - Alain Botton em PORTUGAL

Alain de Botton esteve presente no dia 14 de Novembro, em Lisboa, numa conferência organizada pela companhia de seguros - Fidelidade Mundial. O tema que explorou - Inovar a reforma. Um apelo a todos nós - pretendeu sensibilizar, os presentes, para os efeitos ou consequências da nossa contemporaneidade.
Isto é, somos educados a viver segundo uma expectativa assente em princípios que não existiam em gerações anteriores.
Existe a ideia que somos aquilo que fazemos e isso transporta-nos para ideais únicos de auto representação, ou seja, os modelos morais alteraram-se e as nossas prioridades limitaram-se. Somos mais felizes? Somos pessoas realizadas? 
Aqui fica o belo contributo, de Maria das Dores acerca desta bela conferência:

Nos últimos 20 anos houve um declínio de “quem olha por nós” (o Estado a Igreja, etc), daí ser cada vez maior a necessidade de fazermos ajustes psicológicos que nos preparem para a reforma.
 No entanto, a sociedade não nos ensina a transferir o conhecimento de geração em geração, implicando que cada geração tem de reaprender tudo de novo, (sendo um desperdício de tempo) nomeadamente sobre o que significa “ser velho” e o significado da reforma (“wisdom” é o principal que temos de salvar para a nossa reforma).
 O problema está em que na sociedade atual (ao contrário do que sucedia até aqui) os 2 principais valores são o Trabalho e o Amor, sendo que todos queremos ser bem sucedidos nestas duas áreas. Contudo, é cada vez mais difícil sermos bem-sucedidos nestes 2 campos.
Em relação ao Trabalho isso acontece porque ele distancia-nos cada vez mais da relação com os outros e da sensação de que estamos a servir os outros, isto é, a contribuir para o seu bem estar ou alivio da dor, que são os 2 principais motivos que levam a que as pessoas se sintam recompensadas pelo que fazem em vez do dinheiro (como a maior parte das pessoas pensa “quem trabalha apenas para ganhar dinheiro é escravo”). De fato trabalhar nas grandes empresas implica que as pessoas são cada vez mais especialistas de coisas muito específicas limitando a sua visão do todo. Somos todos “experts” numa coisa muito específica e perdemos o contato uns com os outros e a tal sensação de servir o outro, que é o que nos dá satisfação!
Para além disso, as pessoas querem ter um trabalho interessante que lhes permita serem criativas, que seja tão interessante, que elas nem queiram nunca ir de férias, com “meaning”, sendo que a maior parte das pessoas não quer parar de trabalhar mesmo que tenha dinheiro que o permita fazer.
Enfim, parece que estamos destinados, ou a ter uma profissão que dê dinheiro, mas que não tenha significado ou a ter uma profissão com significado mas com a qual não conseguimos subsistir, como é o caso da filosofia, pois esta ainda não está bem aplicada à prática diária.
Em relação ao Amor, as pessoas querem “casar” com quem amam (algo impensável até aqui, em que os casamentos eram arranjados pela família, com base em classes sociais, etc, só a partir do sec. XVIII surgiram  estas duas “ideias malucas”).
Epicuro diz que a felicidade vem de 3 coisas:
Amizade / comunidade (a tal necessidade de nos conectarmos)
Liberdade da autoridade (não ter “patrão”)
Pensamento (reflectir constantemente sobre a nossa vida).
 No entanto, apesar de ser uma missão difícil, a sociedade continua a dizer-nos que é possível sermos bem-sucedidos nestas duas áreas e isso coloca-nos uma pressão acrescida, pois temos consciência de que é algo que existe, mesmo se não estamos a conseguir lá chegar.
O fato de hoje em dia acreditarmos sermos os autores da nossa biografia deixa-nos em mão com uma grande pressão. Ex.: se estou desempregado, é porque sou um inutil, é porque o mereço. Isto potencia depressões e suicídios.

A comparação que fazemos a todo o momento uns com os outros (os pares) traz-nos infelicidade. Se formos crentes em Deus ou “amantes da Natureza” conseguimos perceber melhor a nossa pequenez e a nossa humildade aumenta, fazendo-nos perceber que não podemos nunca substituir Deus/Natureza, que não controlamos nada. Uma sociedade só com heróis humanos traz problemas psicológicos, porque temos excessivamente uma noção de controlo que depois se perde na reforma e aí não temos substitutos para lidar com isso.

terça-feira, maio 8

6ª Extensão INDIELISBOA - Festival Internacional de Cinema Independente

A Associação Cultural Burra de Milho apresenta - 6ª Extensão INDIELISBOA - Festival Internacional de Cinema Independente
de 12 a 19 de Maio no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo


entrada: 2 euros // desconto 50% para sócios da bDM

segunda-feira, maio 7

Cartazes minimalistas de Alfred Hitchcock - Por Matt Needle






Cinema e Educação


O documentário “pro dia nascer feliz” (João Jardim, 2006) é aquele filme que mostra o lado mais importante, o do aluno. Se em “entre os muros” (Laurent Cantet, 2008) analisamos de forma quase egocêntrica o frete em ensinar alunos existencialmente perdidos. No documentário “pro dia nascer feliz” somos convidados, ou melhor, somos empurrados para a dura realidade de pessoas que querem algo da vida, que procuram um objectivo, mas a escola teima em negar-lhes.
O professor é tão culpado como o governante. O professor sente-se confortável, até ao dia em que lhe mexem nos abonos. O professor, essa casta, que sofre com os desacatos do sintoma existencial dos alunos, não percebeu ainda que duro é ser aluno da modernidade. Um aluno sem objectivos, sem horizonte, sem crença nele mesmo. Pior, é o facto, da própria escola fugir a essa responsabilidade.
A educação é a oportunidade de quebrar fronteiras políticas numa estrutura em que o contexto de reflexão do –eu,  é cheio de ausências e significação. Que significa tudo isto? Significa aquilo que se vê no actual sistema educativo; desinteresse dos alunos na educação, descrença social na envolvência do plano educativo, enfim…
O medo. Aquele sintoma que não tem explicação lógica é incontornável aos nossos sentimentos. Ele existe por força maior. Ele é “a pressa de saber” quem somos, quem vamos ser num futuro próximo. A escola é esse espaço de definição singular e único no nosso desenvolvimento cognitivo ou emocional, sim, cognitivo ou emocional. Nenhum deles está dissociado, não deveria estar.
Eis um filme para mostrar aos professores, educadores, pais e governantes. Neste caso concreto, deixem os alunos de fora, vós sabeis do que falo.  


*o filme teve estreia nacional no dia 28 de Maio de 2009 em Angra do Heroísmo [ciclo de cinema - olhar a diversidade na escola]

domingo, março 18

UBI debate a Criatividade, Storytelling e Personal Branding



Este ciclo de conferências e workshops pretende trazer à Covilhã ideias diferentes e vozes marcantes. Com a participação de oradores que se destacam na sociedade portuguesa e internacional, o objetivo é mostrar que as questões mais simples, a curiosidade e uma dose de perseverança podem levar uma pessoa a mudar o mundo. Num registo mais informal, haverá espaço para debate, tal como a oportunidade de ver por detrás das “cortinas” de alguns projetos internacionais.
As palestras encontram-se divididas em três painéis: Create something (Dangerous), no dia 21, onde se vai debater a importância do Storytelling, com Sandra Carvalho do Projeto Memória. Ainda no mesmo dia, um workshop sobre Apresentações Powerpoint - com João Pina, escritor de “Apresentações Que Falam Por Si” e uma conversa com os organizadores do WoolFest – com o intuito de divulgar algumas das atividades desenvolvidas na região.
No dia 22, a discussão abre com o painel A Arte de Fazer Acontecer, onde vão ser apresentadas formas diferentes para encontrar soluções, com André Novais de Paula, Director de Estratégias Criativas da DirectMedia e Frederico Roberto – Chefe Criativo da Torke. Para finalizar, o painel Cultivate (your better self), com Sandra Fisher, fundadora da empresa Português Claro e Miguel Velhinho, da IdeaHunting, que irá mostrar a importância do Crowdsourcing.


+inf: AQUI

sábado, janeiro 28

Há lugar para todos na Filosofia



Todo o ensino da filosofia, principalmente o ensino universitário, apresenta-se como um código acessível a algumas mentes. Ora, segundo o Oxford English dictionary, código; “é um sistema de palavras, letras, figuras ou símbolos usados para representar outros, em especial para fins secretos”.

A filosofia distingue-se de outras disciplinas pelo simples facto de ser um código aberto, isto é, o pensamento criado pelos filósofos não coloca restrições, nem executa licenças de utilização aos seus “utilizadores”, daí todos os dias encontramos pessoas (filósofos) a descodificar (ou a codificar) o pensamento de Santo Agostinho e de outros autores ainda mais antigos. Ou seja, o conhecimento “parece-nos” actual.

O pensamento filosófico deve ser utilizado enquanto estrutura de comunicação e de interpretação. Todos os dias interpretamos sob condição. Esta condição é específica de um produto humano e social. Todos os dias somos pessoas diferentes. Hume, por exemplo afirmava que “um homem sem experiência, nunca faria conjecturas ou raciocínios acerca de qualquer questão de facto; não estaria seguro de nada, excepto do que está imediatamente presente à sua memória e aos seus sentidos” (Investigação sobre o Entendimento Humano). Só assim é que nos podemos enquadrar no tal código aberto, que deve ser o princípio que rege a filosofia e por conseguinte o seu ensino. Formalmente só se ensina filosofia nas escolas e todo este conhecimento é avaliado. No entanto, o que estamos a avaliar é informação e não conhecimento. Porque o aluno não consegue assimilar e relacionar o que absorve com a experiência pessoal. Daí alguma suspeita que vários alunos têm para com a filosofia.

Mas, todos temos lugar na filosofia. Esta deve ser a grande missão. Contudo, torna-se complicado chegar a todos os campos da filosofia quando existe na estrutura da própria um cepticismo burguês.

A ideia de uma autoridade filosófica só compromete o próprio ensino da mesma, visto que o produto humano e social que a tenta alcançar não suporta a mesma perspectiva a quando da criação do conceito.

É assim, necessário que o conhecimento da realidade exterior seja aplicado ao aluno filosófico.

Há lugar para todos na filosofia. Da filosofia para crianças ao aconselhamento filosófico, todos aqueles que nutrem categorias podem contribuir para o código que é a filosofia. Mais; o órfão sensível dará um belo intérprete de Camus e, o romântico - apaixonado pode ensinar melhor que ninguém a filosofia Agostiniana na época do maniqueísmo.  

Na didáctica da filosofia ou filosófica, dá-se importância a “um” pensador, quando a realidade do mesmo é diferente da realidade portuguesa. Não é possível ensinar a ensinar filosofia. Este paradoxo é impreterivelmente uma perda de tempo. Talvez porque a democracia ao nascer do exercício filosófico, tornou-se ela numa “coisa” muito pouco democrática.

Já Dewey tinha percebido isto há muitos anos atrás. Dewey manifestava um desagrado mal-estar pelo ensino tradicional. É curioso referir a relação que Dewey fez do conceito de escravo em Platão: “como sendo a pessoa que, nas suas acções, não expressa as próprias ideias, mas sim as doutrem”.

Se tivermos em conta um ensino da filosofia em código aberto, conseguimos todos contribuir para todas as áreas em que a filosofia é abrangida. Assim, as avaliações académicas acabavam, isto é, a ideia de quantificar de 0 a 20 o conhecimento (quando na realidade estamos a avaliar informação) de um aluno era logo posta de parte. Porque todos nós somos bons nalguma área da filosofia.