sábado, agosto 6

Os Inúteis de Fellini e a fabulosa despedida com sabor a prelúdio.

 
A nossa vida é um conjunto de rotundas; umas maiores, umas mais pequenas, umas com mais ou menos saídas.
Uma rotunda presume uma entrada e uma saída, existe para facilitar quem anda na estrada, quem se movimenta, consegue criar a ilusão que somos livres e cuja decisão do caminho é nossa
Moraldo, grande Moraldo. Aquele desassossegado que em Os Inúteis de Fellini provoca o nosso espírito a fazer algo, a reflectir sobre a nossa rotunda.
Fellini, através de Moraldo, não nos diz como sair da rotunda, vai mais longe, diz-nos que quando pensamos na rotunda, na nossa rotunda, é sinal que já estamos fora dela, um sintoma de que encontramos-nos a caminho do desconhecido, numa espécie de salto de fé existencial.
Moraldo, na sua despedida com sabor a prelúdio, enquanto se despede de Guido, fica constrangido por não saber qual o seu destino. Este é o momento, é a chave da nossa natureza inquietante, mais do que saber para onde vamos, temos que ir, temos que embarcar, confiar na rebeldia do nosso espírito e seguir rumo ao sossego, porque sentindo o desassossego, conseguimos escutar, e escutando, conseguimos partir.
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G: Se não sabes para onde vais, porque vais?
M: Não sei. Tenho que sair daqui, tenho que partir.
G: Mas não estás cá bem?
M: Adeus Guido...
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Bem Vindo, Moraldo!

2 comentários:

Mascarilha Birolho disse...

A melhor reflexão que já li sobre este do Fellini.
fixolas..

Guilherme Castanheira disse...

o melhor comentário que li teu.
fixolassss