sábado, novembro 18

Condição humana

A palavra condição deriva do latim conditione: substantivo feminino que pode significar: “classe a que pertence uma pessoa na sociedade; distinção, categoria elevada; carácter, índole, génio; maneira de ser; qualidade que se requer ou se deseja; cláusula, encargo; circunstância, situação.
Visto isto podemos argumentar que quando se diz: Condição Humana, então, estamos a supor que existe uma outra condição, talvez a divina.
Se ser condição é estar limitado, é porque, logicamente, somos limitados, sem novidades por enquanto. O que se pretende então é derrubar o – determinismo, cuja corrente filosófica diz que é uma: “doutrina segundo a qual todos e cada um dos acontecimentos do universo estão submetidos às leis naturais, de tal forma que cada fenómeno está completamente condicionado pelos que o precedem e acompanham, condicionando com o mesmo rigor os que lhe sucedem; doutrina que implica que todas as determinações humanas estão sujeitas à acção providencial, negando o livre arbítrio.” Fica a liberdade, que tantas vezes é o enunciado de gente e gente, mais uma vez ficámos sozinhos. Então recapitulando, somos limitados ao que possuímos, logo existe uma divindade que afirma sermos livres, isto do ponto de vista espiritual e não só, o determinismo evapora, a liberdade evapora-se. Ficamos então com o – Ser Condição.
Ser – condição é: caminhar, unicamente caminhar. Quem caminha de olhos virados para as nuvens, quando as há, é acreditar que existe uma transformação. A morte é o declínio único do determinismo e da liberdade. Os conceitos do livre e determinista só podem ser adequados à morte. Porque falar em morte é falar de algo certo. Agora referindo-me ao aborto. Este caso é de morte, logo as pessoas enunciam tanto a palavra liberdade e a eutanásia é também esse caso, em que se é livre para morrer de “olhos abertos”. A condição humana só é condição na morte. Morrer, porque se está determinado a isso, e liberdade na morte porque somos limitados ao Ser – Condição.

sexta-feira, novembro 17

“A morte existe para dar mais significado à vida.” (Six feet under – HBO).

A morte que vem por acaso, o amor que vem ao acaso. É assim que eu defino a área de serviço CEPSA no IP3 – Santa Comba Dão.
Certa altura – como moro relativamente perto – fui até a essa área de serviço, comprar tabaco, deparei com uma excursão de idosos que vinha de Penafiel em direcção a Lisboa. Saíram todos e entraram no restaurante – onde eu estava – almoçaram umas sandes de atum e beberam um sumo de laranja natural – refeição perfeita para um grupo grande de pessoas que têm um estômago fraco.
Estava já de partida, quando uma elegante senhora acompanhada de seu esposo, desmaia. Instalado o pânico entre os forasteiros, imediatamente a ambulância é chamada – INEM. Levam-na com uma maca para a ambulância. Um dos bombeiros, ou médico, é difícil de precisar, dá um último alento ao marido, que sóbrio, segura um telemóvel, e deixa escorrer uma nobre lágrima de desespero. Muito haveria para explicar, se aquela lágrima era de medo de perder a esposa, ou se era por ela estar a sofrer, e então, essa lágrima seria uma partilha do mesmo estado existencial e condicional compartilhado com a esposa.
A imagem das imagens é quando a ambulância balança freneticamente de um lado para o outro, seria como se lá dentro, num espaço tão reduzido uma guerra de corpos estivesse a ter lugar. Estando o pânico instalado, as lágrimas de raiva, os abraços, o consolo, tomava os hectares da área. Passados dez minutos de reanimação, sem efeito, a elegante senhora morre. Morreu. O que resta são mais dez minutos de gritos desesperantes que são lançados em direcção a um Deus que queria um adeus eterno. Fica o lugar sob o rio Dão, que imagem ainda mais bela. Houve uma morte, houve um rio, houve uma lágrima insustentável. As pessoas entraram todas no autocarro. O esposo foi junto ao corpo de sua esposa, contemplando uma viagem mais longa que a prevista.
Fica sempre o humor (negro) ou sádico de uma pessoa que comprou um bilhete de uma viagem, e teve direito a duas viagens, há pessoas com sorte.

sexta-feira, novembro 10

Dia Internacional da Filosofia - Universidade da Beira Interior

Inscrições (limitadas) até ao dia 15 de Novembro de 2006 em: sexto-empirico@hotmail.com
Viva a Filosofia

sábado, novembro 4

"O conciso é a luxúria do pensamento".

Bernardo Soares disse, ou Pessoa afirmava? "O conciso é a luxúria do pensamento"; perante tal afirmação, podemos especular “escriticamente” sobre a actualidade ou utilidade, sim, será que algo útil não sugere uma actualidade? Claro que sim, modéstia da minha parte em afirmar o claro e verdadeiro que as minhas palavras ecoam. No fim todos morremos, os nossos pensamentos desdobram-se nas infinidades poéticas, mas fica sempre (para os que se dedicaram à escrita) o papel, o livro, o manuscrito… a verdade? Sim, a nossa verdade. Quando olhamos para livros tão extensos como um rolo de papel higiénico ficamos a pensar e a debater sobre as circunstâncias de um único titulo. Por exemplo, se um livro como o Leviatã de Thomas Hobbes, cuja magnitude “celulósica” afasta qualquer pretensão que é rapidamente derrotada pelo tempo, o tal tempo, fala de um possível estado perfeito, ficamos com a impressão de que o seu contributo explicativo pode ser útil para nós, o povo, então valerá a pena lê-lo. Mas por outro lado, existem obras imperfeitas que sugerem um único titulo e em que o seu conteúdo deveras descritivo afasta uma potencialidade imaginaria de se concretizar, é claro que títulos objectivos de uma obra, nem sempre sugerem o tema ou assunto da obra, recordo-me agora por exemplo – A critica da razão pura de I. Kant, que de grande livro até tem, mas que o seu conteúdo, ou ideia central devia ser rapidamente concisa e não tão massacradora. Aposto se Kant desse aulas, actualmente, iria de Sabática a vida inteira, e ainda bem. É claro que todos os filósofos querem que as suas ideias sejam levadas a sério, e por todo o povo, obviamente, mas se não conseguirmos indicar unicamente o caminho ou dar a ferramenta essencial para se fazer o tal caminho, então de nada vale explicar todos os pormenores, porque uma viagem feita sozinho ou em grupo (povo) vai ser diferente para cada um, ou seja, a nossa vida ou caminho é nada mais nada menos do que – individualidades colectivas. Cabe aos professores da actualidade dizer-nos o seguinte: “ Sócrates aqui pensava assim e actuava assim, e tu, como queres fazer, sabendo que tens que chegar ali?”. Somos assim tão exigentes com o tamanho? Será que uma tela de 200 por 150 vale mais que uma 50 por 25? Claro que vale, dizem vocês, e os comerciantes, mas depois de pintada artisticamente, poder-se-á inverter a situação, certo? Ora aqui está um dos problemas dos filósofos, porque como me dizia uma professora: “ Filosofia não é Literatura”. Mas professora… a mim não me está a dar novidade nenhuma. E a vocês? Assim termino dizendo que existem obras que não são merecedoras de títulos. Há títulos que não valem assim muito, é como a publicidade enganosa.