quarta-feira, setembro 30

The Second International Conference on Science Matters

October 5-7, 2009, Estoril, Portugal

Arts & Science

HUMANITIES AS SCIENCE MATTERS

Science Matters (SciMat) is the new discipline that treats all human-dependent matters as part of science. SciMat includes all the topics covered in humanities and social sciences, arts in particular. This conference features discussions on literature, painting/fine art, music, movie and performing arts from the perspective of SciMat, while contributions on other topics of SciMat are welcome. The conference will bring together experts from the arts and sciences, to find out how each other’s work is performed and to exchange ideas. Hopefully, mutual understanding will be achieved and collaboration across disciplines will result, with the aim to raise the scientific level of all the disciplines.

INVITED SPEAKERS

1. Beltran, Leonor (Portugal) Art, human beings, God and science
2. Burguete, Maria (Portugal) ChemArt: Chemistry and art
3. Curado, Manuel (Portugal) Scientists, our Greek slaves
4. Hogan, Patrick (USA) On the origin of literary narrative and its relation to adaptation
5. Hoppe, Brigitte (Germany) The Latin "artes" and the origin of modern "arts"
6. Liu, Bing (China) Science and art in China
7. Ngai, Linsen (USA) Linsen's art
8. Onians, John (UK) Neuroarthistory: Reuniting ancient traditions in a new scientific approach to the understanding of art
9. Robin, Nicolas (Germany) Drawing from life: knowledge, aesthetic and the discovery of the nature of 18th century cryptogams.
10. Sanitt, Nigel (UK) Objects in science and art.
11. Schneider, Ivo (Germany) The development of science theater
12. Wu, Guo-Sheng (China) Science and art: A philosophical perspective

http://www.sciencematters.com.pt/

quarta-feira, setembro 2

Criatividade

A Filosofia está a fundir-se a outras disciplinas. Não se ouve falar dela com as letras todas. O único risco e perigo dela, é o próprio acto em pensar. Ao pensar produzimos a tal filosofia, mas não basta pensar, porque o acto de pensar pode ser tão distante como a definição de filosofia. Quando olhamos para uma bela imagem, pensamos na imagem em si como? Estaremos de tal forma entranhados num pacto contemplativo que não nos permite deslumbrar o logos ? É aqui que nasce a filosofia. Pensar no logos como uma praxis por outras palavras; - As tais disciplinas cujo contributo filosófico é fundamental, é a tal imagem bonita que não nos obriga a pensar de forma prática, mas sim de forma "analógica".

terça-feira, setembro 1

Definição de saudade:

Saudade: (s.f) 1) vitaminas para o amor.

sábado, agosto 29

alternativo gótico vs emo

Um emo está para 2000 o que um alternativo gótico para os anos 90.

quinta-feira, agosto 20

Para a Vanessa que terminou o Mestrado em Ética e Politica na UBI



Pelo desafio que se transformou Albert Camus na tua belíssima Obra Prima.

sexta-feira, agosto 7

Antídoto do Demónio

É precisamente a pessoas como nós que Deus tudo dá. Bons amigos, boa família, conhecimento com fartura e uma tendência irónica para nada apreciar, insatisfação.
Pessoas como eu, que tudo possuem, sem nada adquirir. Um trabalho que não é emprego, uma casa húmida mas acolhedora. Bastante dinheiro mas que nada nos diz. Queremos mais! Mais amores, mais paixões mais ilusões. Não obstinando o prazer do – ter, tudo queremos, tudo temos sem dor ou sofrimento. Ironia para nós, inveja para muitos. Uma bênção, dizem eles, uma inquietação para nós.
Descomprometidamente, lá andamos nós, insatisfeitos a pregar à ironia divina da bênção esta nossa “insatisfação crónica”, a conspirar contra o mundo, este escárnio que faz sorrir anjos e arcanjos, mas abate inevitavelmente as nossas aspirações. Quem sabe, se não somos o antídoto do diabo, quem sabe o próprio diabo.

domingo, junho 21

Três Sugestões Interessantíssimas

Occupation - Este documentário é interessantíssimo

Cosmos - Parte I, também interessantíssimo

Este é sem dúvida a mais interessante das coisas interessantíssimas que trago por aqui. Assim, peço-vos que vejam até à exaustão esta excelente sátira poética ao futuro da Humanidade.AQUI

sexta-feira, junho 5

segunda-feira, abril 20

sexta-feira, abril 17

DIA MUNDIAL DO LIVRO - Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa



23 de Abril de 2009 apartir das 10H00

nb:
17h15 A Comunidade de Leitores da
Biblioteca da FLUL: relação
com a missão das bibliotecas
universitárias
Lígia Mendes e Ana Filipa Neves,
Coordenadoras de Projecto,
Mestrandas na FLUL

domingo, abril 5

O Homem passou a ser o produto. Nova Tendência Publicitária



A Coca - Cola Lança daquelas campanhas sensacionalistas que invocam o espírito da lealdade e da vontade. Resumindo, a crença na vida é o factor que leva esta nova campanha a um extremo banal mas eficaz. Simplificando: A felicidade é recrutada por todos os publicitários, aliás, sempre foi, o problema actual, é que antes as pessoas consumiam um produto e tornavam-se "felizes"com o tal produto, agora, o produto deixa de estar subentendido e é a própria pessoa a ser publicitada "entre - linhas". Esta nova campanha publicitária da Coca Cola invoca o existencialismo de sísifo e o Homem passa a ser o produto. A Felicidade é importante. Nem sempre uma pessoa com 102 anos é feliz, a não ser que beba coca cola. A Coca Cola acertou, porquê? O HOMEM precisa de um empurrão, precisa de ser publicitado, precisa de uma nova imagem. Isto é positivo porque os valores e atitudes não estão na moda, e a publicidade é o melhor meio para os tornar na moda. Estamos perante um novo produto, o HOMEM.

quarta-feira, abril 1

Cognitive Autoheuristic Distributed-Intelligence Entity

When you walk into a dark field in the middle of the night...
and look up into a black sky and wonder how many stars there are in the universe, let's be honest: in all likelihood you don't have the faintest clue, and even if you're one of the few who do, you lack any real capacity to comprehend the figure save for the same vague sense of stunned wonder that our earliest human ancestors felt when they looked up from the African savannah at the same starry sky.
Our species' journey toward tonight's epochal announcement had much less to do with that awestruck moment than it did with the moment those same ancestors woke up hungry the next morning and started studying animal tracks in the savannah mud, thereby inadvertently developing concepts like time and causality which, by abstracting both location and temporal context into a unique reconning tool within the brain, sparked the set of responses that, ages later, we now call reason.


quinta-feira, março 26

Estética analítica - Por André Barata - UBI - Y

Dickie revela-se, neste livro, um proficiente divulgador, luminoso, sucinto e rigorosoEsta versão portuguesa da "Introdução à Estética" de George Dickie, originalmente publicada em 1997, tem muitos méritos e um defeito importante.
O seu autor, professor emérito da Universidade de Illinois, é uma das referências incontornáveis da Estética praticada pelos filósofos analíticos, nas últimas três décadas, a par de nomes como Nelson Goodman, Arthur Danto e Maurice Mandelbaum.

segunda-feira, março 23

Piaf de Filipe La Féria - Angra do Heroísmo

Curiosidades: Marcel Cerdant, a grande paixão da Edit Piaf morreu num desastre de aviação nos Açores (S. Miguel), no ano de 1949. O novo musical de Filipe La Féria terá ESTREIA NACIONAL no dia 8 de Maio de 2009 no Teatro Angrense. Este espectáculo está integrado no XI Festival de Teatro de Angra do Heroísmo.

quarta-feira, março 4

Politica e Futebol

São os partidos políticos que consolidam a democracia, sem eles, a democracia não tem sentido, isto porque, democraticamente estes agregados desempenham funções de substituição, ou seja, elegemos aquelas pessoas que nos podem representar em situações diversas, daí a importância do voto.
Muito parecido com isto existe uma outra organização, o futebol. A administração futebolística zela pelos direitos do clube e por arrastão os adeptos.
Em todas as campanhas políticas os militantes (curiosa designação) lutam sob as ordens dos generais, para ajustar a melhor estratégia de combate contra o inimigo. No futebol, os adeptos brincam ao poder, a opinião deles consegue em muitos casos ser sagaz ao ponto de destituir regimes administrativos ou até mesmo impor uma ordem totalitária nos clubes.
O mais comovente, é que as pessoas que admiram o futebol, são as mesmas que se gostam de ver representadas na democracia. Ora, seria interessante e muito mais proveitoso se estes seres tivessem o mesmo espírito na política como o têm no futebol. Se assim fosse, teríamos políticos de “bancada” prontos e atentos às decisões políticas e haveria um maior empenho na construção de “um mundo melhor”.
O perigo de uma atitude destas é que fragilmente pode cair na perversidade. Se assim fosse, não haveria oposição, visto que cada um é oposição. Contudo, porque é que existe tanto o receio e temor em ir de encontro aos líderes políticos? Será que na política existe um projecto comum cuja dinâmica não deve ser quebrada? Mas se assim for, no futebol, a dinâmica é a mesma. Será que não se reivindica mais livremente e sem pudor porque a politica é vista como uma organização intelectual e só para alguns? Não me parece que assim seja, porque se assim fosse, as pessoas não se identificavam com um partido, aliás, nem sequer poderia existir democracia. Não votamos porque não nos identificamos, não falamos mais sobre as politiquices (em assembleias) porque pensamos que estas só existem para alguns, o mais interessante é que o povo tem razão, a politica nos moldes em que está deixou de ser política, e eles sabem disso, mas sabem até quando?

sexta-feira, fevereiro 27

segunda-feira, fevereiro 23

Perspectiva, um bom exemplo.

Ir até à Bulgária cuidar de vacas é uma aventura, ir para os Açores é tolice.

domingo, fevereiro 22

Filosofia e Toiros - Francis Wolff - Entrevistado por Rui Messias

Para Francisc Wolff, a corrida de toiros não é tanto uma reminiscência dos valores guerreiros do homem, mas sim “a ritualização, a sublimação de uma violência natural”. “È um espectáculo da modernidade [os seus contornos actuais datam do início do século XX]”, garante. Um espectáculo que, para ele, é, “ao mesmo tempo, injusto e leal”.
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Uma provocação: quem não gosta da Festa Brava, acusa-a de ser um espectáculo bárbaro e violento. Como um filósofo, um homem do pensamento, gosta dessa arte?
Gosto e não acho que ela seja bárbara. A barbaridade aconteceria se o animal e o homem lutassem no mesmo plano de igualdade. Ou se o combate não fosse leal. A característica no combate entre o homem e o animal na tauromaquia é que ele é, ao mesmo tempo, injusto e leal. Ou seja, se fosse justo – igual entre os dois – seria absolutamente bárbaro na relação com o homem. Se não fosse leal – se fosse um espectáculo de tortura em que o animal não teria a oportunidade de combater, de lutar – aí seria bárbaro na relação com o animal. A corrida de toiros é o espectáculo da luta desigual e leal de um homem contra um animal. Um animal que é bravo. Ou seja, de um animal que, por natureza, tem esse instinto de viver livre e rebelde no campo e de querer morrer combatendo para defender o seu território e a sua vida. Por isso, a corrida de toiros é o espectáculo da vida e da morte, que nada tem de bárbaro.
Pode dizer-se que o fascínio que a corrida de toiros ainda hoje provoca tem origem na ideia que transmite do antigo guerreiro que procura morrer combatendo… Homens que hoje não lutam, encontram ali o passado guerreiro?
Obviamente, a corrida de toiros denota esses valores e virtudes antigos de Cavalaria, de combate em busca da glória do campo da batalha. Mas, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, a corrida de toiros, na forma que a conhecemos, nasceu no século XVIII. E a forma em uso surgiu no início do século XX. Ou seja, a corrida de toiros actual é um espectáculo ligado à modernidade. Porque representa um certo gosto por um certo tipo de expressão artística que tem a ver com a modernidade e não com a apologia da violência ou da brutalidade. É exactamente o contrário: a ritualização, a sublimação de uma violência natural. Tomemos o exemplo da morte: hoje em dia, a modernidade tem escondido cada vez mais a morte. Tem-na desritualizado. Fê-lo por vários motivos, nomeadamente a queda do sentimento religioso, da perda das relações de familiaridade com o ritual quotidiano. Justamente o que mostra a corrida de toiros é a importância da ritualização para entendermos o sentimento profundo da morte. Morte necessária do animal – porque qualquer ser vivo tem de morrer – ou da morte possível do homem. De tal forma que a corrida de toiros nada tem a ver com a apologia da guerra, que podemos encontrar na antiguidade grega ou romana – onde a violência bruta e crua era o centro da atenção. O que os aficionados gostam é do espectáculo da sublimação da violência, através da beleza do combate.
Será por isso, então, que muitos académicos e eruditos têm vindo a escrever e pensar a tauromaquia?
Sim. A corrida de toiros não teria o menor sentido se não estivesse integrada numa cultura geral. E tem-no em duas vertentes: de um lado, a cultura taurina dos povos mediterrânicos, que tem uma relação especial com o toiro de lide; do outro, a cultura no sentido mais amplo da palavra, através da pintura, da escultura, da poesia ou da literatura. Para sabermos se uma coisa é cultural ou não, basta saber se ela gera obras de outro tipo. É o caso da corrida de toiros, que sempre chamou a atenção dos criadores, dos artistas e dos pensadores. E fê-lo porque é uma arte que, ao mesmo tempo, é muito idiossincrática de certos povos e assume um valor universal, ao expressar o sentido da morte, de transformar o medo da morte em beleza, de estilizar a sua existência. A luta do toiro pela sobrevivência é, ao mesmo tempo, necessária – porque é a definição da vida – e um fracasso – porque cada vida tem por fim a morte. Por muitas razões, a corrida de toiros sempre chamou a atenção dos artistas.
Paco Aguado, jornalista da revista “6Toros6”, na sua intervenção no Fórum Mundial da Cultura Taurina, dizia que “gerações e gerações de espanhóis, portugueses, franceses e americanos, foram às praças de toiros, aprendendo ali o sentido real da vida”. Concorda com esta ideia?
Em qualquer tipo de grande expressão humana qualquer pessoa pode encontrar todos os valores e todos os sentidos da vida. Não vou dizer que a corrida de toiros é mais que as outras formas de expressão nesse sentido. Até porque cada povo tem um modo particular de expressar os seus valores e o sentido da vida. Contudo, entendo que, na relação entre o homem e o toiro, a tauromaquia teve, em certos momentos, essa capacidade. Acontece que, hoje em dia, por muitos motivos – e nem todos maus – as novas gerações têm outros modos de encontrar o sentido da vida. E, dessa forma, não reconhecem na corrida de toiros o veículo de percepção do sentido da vida. Por isso, a tauromaquia é apelidada de arcaica, antiga, etc. Mas há uma grande diferença entre a tauromaquia e as outras formas de expressão (que também têm o seu valor, muitas vezes de enorme excelência): ela sintetiza, de alguma forma, os valores do desporto (porque comporta uma expressão atlética), da arte (porque comporta uma expressão da beleza e do sublime), do rito religioso. Ou seja, a tauromaquia é uma forma artística que não pertence a um género em particular. E onde cada um pode encontrar nela um certo sentido. E que quem, realmente, gosta da corrida de toiros sabe que pode, através dela, gozar de todas as formas de valor que vai encontrar individualizados noutras formas de expressão.
O que o atrai, enquanto filósofo, na tauromaquia?
Escrevi um livro que se chama “Filosofia da Corrida dos Toiros”. E aí sintetizo esta ideia: a corrida de toiros pode dar uma certa experiência concreta de algumas ideias gerais da Ética, da Estética e, de certa forma, da Metafísica. No fundo, a tauromaquia garante a realização de algumas ideias que, como dizia Platão, só existem no plano das ideias. Por exemplo, a ideia da coragem: pode não ter uma realização dela, mas na corrida de toiros vê-se essa ideia. Mas se procurasse algo particular que me tenha ensinado a corrida de toiros, dizia-lhe o seguinte: os gregos tinham uma só palavra para designar o “Belo” e o “Bom”, a palavra “Kalos”, que significa “Admirável” – ou seja, é admirável por ser harmónica e meritória. No mundo moderno, o “Belo” é sempre separado do “Bom”. O “Belo” é o reconhecimento da estética de algo. O “Bom” é o reconhecimento de acções. Mas, na corrida de toiros, a mesma coisa, o mesmo momento, o mesmo gesto, a mesma acção é “Bela” porque é “Boa”, ou seja, porque é meritória, valorosa e, por isso mesmo, é a personificação da Beleza. Quando vê uma “suerte” em que o matador permanece imóvel, mas consegue “estendê-la”, aí reconhece a sua beleza e, ao mesmo tempo, o seu mérito. Outra perspectiva desta ideia: a “Beleza” é o uso do mínimo de meios para conseguir os máximos fins – mínimo de espaço, de tempo, de mobilidade, para conseguir o máximo de efeito sobre a investida. É justamente isso que, ao mesmo tempo, personifica o mérito do toureiro e a beleza da sorte. Isso é algo que não vejo unida em nenhuma outra forma de expressão.
Os latinos, por natureza, são um povo de sentimento, onde o coração e a emoção falam mais alto do que a razão. Como foi possível que tenham sido eles quem sublimou a morte e a violência através da ritualização da corrida de toiros? Encontra alguma justificação para isso?
Não encontro qualquer explicação para essa idiossincrasia particular desses povos. Acho que todos os povos têm uma maneira de expressar as suas emoções. No caso dos latinos, essa expressão aproveitou-se de uma relação especial que, ao longo de séculos, tiveram com o toiro. O toiro que, ao mesmo tempo, é respeitado, objecto de culto, e de projecção da suas emoções e dos seus valores enquanto ideal humano, mas também alvo de receio, de medo. Acho que é essa a razão de ser profunda que explica a presença tão forte da tauromaquia nos povos latinos. É óbvio que tudo terá ver com o modo de ser e estar desses povos. Mas, acho que a corrida de toiros, contribuiu para moderar a alma desses povos. Não será só o resultado da sua vontade de expressão da sua alma, mas também a forma que lhes foi moldando essa alma.
Vários grupos contestam as corridas de toiros, acusando-as de serem bárbaras e atentatórias dos direitos dos animais. Mas, ouvindo as suas respostas, denota-se que a corrida de toiros é muito mais do que o desafio puro e simples da razão do homem ao coração do toiro. Como poderá essa expressão, então, sobreviver a essa contestação, numa sociedade onde a urbanidade se tem vindo a tornar preponderante na escala de valores?
O anti-taurinismo tem razões profundas e, ao mesmo tempo, de moda. Uma das razões é o facto de que a urbanidade fez perder a ligação do homem com a natureza, com a ruralidade. Muitas pessoas têm uma ideia completamente adocicada da natureza. Vêem o reino animal como uma espécie de conto de fadas, como nos desenhos animados de Walt Disney, em que todos os animais são bons, em que todos são como os gatos, carinhosos e fofinhos. É muito complicado explicar o que significa o toiro e a bravura a quem interiorizou essas ideias. É muito complicado explicar-lhes que os toiros são animais que lutam permanentemente entre si, que a luta é algo que está na sua condição de ser, de existir. Por isso, defendo que as crianças e os jovens devem contactar com o campo, com a ruralidade, têm que ver o que é o toiro de lide, a forma como os ganadeiros criam, respeitam e ama os toiros de lide. Sentimentos que são exactamente contrários à industrialização, à mercantilização, ao rendimento económico que, por exemplo, assistimos nos McDonald’s, onde os produtos do campo não são apresentados como resultado de uma actividade mas como algo que surge, sem mais nem menos. Se um adolescente tiver este contacto com a natureza e perceber que os valores ecológicos em que acredita, os encontrará muito mais na relação especifica que temos com o toiro de lide do que com outro animal domesticado ou criado. Aí poderá mudar de ideias e, em boa verdade, mudar o preconceito que tem sobre o assunto. Ou, pelo menos, ganhar uma nova consciência sobre a tauromaquia, não apoiando protestos que recorrem a argumentos básicos e preconceituosos.

Darwin na Terceira

No regresso das Galápagos a Londres, Charles Darwin visitou a Terceira, onde nada de cientificamente interessante encontrou. Dois séculos e meio depois, cientistas açorianos querem corrigir o “erro” do pai da Teoria da Evolução das Espécies.
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Na tarde de 20 de Setembro de 1836, o “Beagle” fundeava ao largo da baía de Angra (capital do império, uma vez que Portugal estava em plena guerra civil e D. Pedro, refugiado na Terceira, proclamara a ilha capital).A bordo, vindo de Santiago, em Cabo Verde, o cansado Charles Darwin aproveitaria a estadia de três dias para repousar o corpo, depois de vários dias no mar e do êxtase pelas observações conseguidas, entre Setembro e Outubro de 1835, nas Galápagos, ponto central da sua Teoria da Evolução das Espécies, que viria a ser publicada 20 anos depois.No seu diário, Darwin regista o acolhimento das gentes terceirenses, a sua aparência e simpatia, assim como a “limpeza” da cidade, das povoações locais, além do aspecto de tudo o que via. O que contrastava com os “portugueses do Brasil”, que em nada lhe granjearam empatia.Mas, apesar de ter viajado pela ilha em busca de mais dados para os seus estudos, o pai da evolução das espécies, do ponto de vista de um naturalista, nada registou de interesse.“Gostei imenso da visita, mas não encontrei nada digno de registo", escreve Darwin no seu diário, a bordo do “Beagle”, capitaneado por Robert FitzRoy, que comandaria os destinos do navio hidrográfico em duas das suas três missões de levantamento topográfico.Quase 173 anos depois, cientistas açorianos procuram provar que Charles Darwin se enganou.
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Darwin na Terceira
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Escreve Charles Darwin no seu diário, no dia 20 de Setembro: «Encontramos uma cidade muito limpa (…) contendo cerca de dez mil habitantes, ou seja, cerca de um quarto da população da ilha. Não existem lojas de víveres, assim como há poucos sinais de actividade, exceptuando o intolerável chiar de um ocasional carro de bois. As igrejas são muito respeitáveis, e, anteriormente, existiam muitos conventos. Mas, Dom Pedro destruiu vários (…) ele arrasou três conventos de freiras, dando-lhes permissão para casar, que, exceptuando algumas das mais velhas, foi muito bem recebida (…)».«No dia seguinte, o Cônsul [inglês], amavelmente, emprestou-se o seu cavalo e forneceu-me indicações para encontrar um local, no centro da ilha, que me foi descrito como uma cratera vulcânica activa (…). Quando chegamos à denominada cratera [pela descrição, assume-se que a visita tenha tido por destino as furnas do enxofre, nas imediações do Algar do Carvão] encontrei uma suave depressão, ou melhor um pequeno vale (…) sem saída. O chão era atravessado por largas fissuras, das quais, em aproximadamente doze locais, pequenos jactos de vapor surgiam (…). O vapor junto aos orifícios irregulares, é quente demais para uma mão se aguentar perto dele (…)».«Gostei da visita, mas não vi nada digno de se ver: foi agradável conhecer um tão vasto número de populares (…)», escreve, usando o seu registo diário para anotar alguns considerandos sobre a história da ilha e das suas gentes, assim como as suas qualidades e a emigração de muitos locais rumo ao Brasil, além de algumas considerações sobre a vila da Praia, que visitou no dia 23 de Setembro.No final do dia 23 de Setembro, o Beagle zarpou da Terceira, tendo por rumo São Miguel, onde a tripulação buscava correio e alguns bens de consumo.Na manhã do dia 25, o navio inglês fundeou ao largo de São Miguel, mas Charles Darwin permaneceu a bordo.Anos mais tarde, o naturalista, embora sem recordar o seu desinteresse pelos Açores em termos científicos, acabou por solicitar a vários cientistas a vontade de receber amostras geológicas do arquipélago, assim como espécies animais e vegetais ali existentes.Em correspondência com Hooker, Watson e outros tenta obter sementes, plantas ou apenas impressões sobe as espécies das ilhas. Pede inclusive a Hunt que lhe envie um morcego. O que mais inquieta Darwin nos Açores é precisamente não haver nada de especial, parece-lhe estranha a falta de espécies endémicas que se tivessem alterado com o isolamento.Meio século depois, em correspondência trocada com Francisco Arruda Furtado, o primeiro malacólogo dos Açores, Darwin viria a reconhecer que as ilhas eram laboratórios naturais. Sublinhou inclusivamente que o trabalho de Arruda Furtado daria frutos à Ciência.
O erro de Darwin
Mais de um século e meio depois da passagem do Beagle e de Charles Darwin pelos Açores, vários cientistas açorianos querem demonstrar que o pai da evolução das espécies se enganou."Queremos associar-nos às celebrações dos 200 anos do nascimento de Charles Darwin e dos 150 anos da publicação da Origem das Espécies, envolvendo não só os cientistas, mas toda a população", disse o professor António Frias Martins, do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores, na apresentação do colóquio internacional "O erro de Darwin e o que estamos a fazer para o corrigir", agendado de 19 e 22 de Setembro deste ano.Entre os participantes estarão Lynn Margulis, conhecida pela sua história da origem da vida tal como hoje a conhecemos, Bruce Libermann, que foi aluno de Niles Eldrege e Stephen Jay Gould, pais da teoria do equilíbrio pontuado, e Peter e Rosemary Grant, especialistas na evolução dos "tentilhões de Darwin" nas Galápagos e que já nos anos 70 estudaram os tentilhões dos Açores.Além do simpósio, Frias Martins está a planear uma exposição chamada "O Trilho da Vida", prevendo-se que seja inaugurada a 19 de Setembro e se mantenha em actividade até 2010.O objectivo central da exposição será "transformar tempo em espaço" ao ilustrar os 4,6 mil milhões da idade da Terra num percurso de 46 quilómetros entre a Ponta da Madrugada, no extremo leste da ilha de São Miguel, e Ponta Delgada.

reportagem - Rui Messias para o Diário Insular

quarta-feira, fevereiro 18

Picos de sensibilidade, confrontos sem ideias

Eis uma belíssima reflexão de D. António Marcelino para o jornal A União
A crise que vivemos não é apenas económica. É ideológica, democrática, de sentido, de relação e incapacidade de respeito mútuo e de diálogo construtivo. Por tudo isto é, também, uma crise de ética e de valores morais que vai subvertendo os projectos e planos, necessários para que a vida pessoal e social tenha sentido e progrida.

Como chegámos aqui, é uma pergunta pertinente que pode e deve levar a uma reflexão necessária e consequente. Nunca se chega de um salto, mas degrau a degrau.
Embora não generalizada há uma crescente e alargada sensibilidade com picos frequentes, que levam à irritação e à não aceitação de qualquer crítica ou opinião contrária. Parece que todos estão contra todos, que meio mundo se organizou para atacar o outro, que sobram armas nas mãos e corações suspensos, sempre à espera do primeiro disparo. Tudo isto na política, no futebol, no mundo do trabalho, no interior do lar, na sala de aula, com azedume a extravasar para rua. Nesta cada dia se ri menos, se saúda menos, mas onde não falta gente a falar sozinha em voz alta e de telemóvel na mão a alimentar relações virtuais. Parece um mundo a caminhar ao contrário e a perder riqueza e sentido.

quarta-feira, fevereiro 11

quarta-feira, fevereiro 4

Em 2009

A democracia não é sexy

No União de hoje
Na democracia os cidadãos são convidados a garantir a sua própria democracia. Esta premissa parece básica, mas, reside nesta responsabilidade a sobrevivência deste regime. A preservação deste direito (democracia) permanece unicamente no facto de termos o direito a um retorno. Este retorno é monetário (económico) e social. Os agentes democráticos não são os políticos, são as pessoas, os políticos são o meio para atingir o fim (democracia). Qualquer democrata que se preze, apela ao voto, e cria estruturas de incentivo ao voto. Desde que existe democracia em Portugal, nunca vi uma única campanha séria, sóbria e pragmática de incentivo ao voto, ao acto simbólico de votar, não conta a propaganda eleitoral, essa é um vestígio da outrora - Era democrática.
O problema básico deste regime milenar é que não é sexy. Gostamos do autoritarismo porque ele ferve de convicções suficientes para nos apaixonar. Em todos os países onde o totalitarismo ou autoritarismo reinou, as elevadas desigualdades sociais e o grande défice económico deixado por sucessivos governos, deixaram a convicção popular frágil e inconsciente da realidade, que neste caso, é a democracia.
O nosso Primeiro-ministro tem condições para reinar por mais uns quantos anos, não fosse ele amigo do Hugo Chávez, e mais, segundo o El País, ele é sexy. O acto de governar numa democracia não é difícil é só manter-se uma imagem bonita e atraente.
A democracia é flexível mas não é sexy, enquanto que, os sistemas anti-democráticos limitam-se a auto-proclamar e a instalar valores inflexíveis que a curto prazo resolvem os problemas económicos mas não os sociais, e quando estes se resolvem através da “mão de ferro” (para mostrar aos cidadãos empenho) então é porque estamos no fim da democracia. Não quero com isto dizer que vivemos num regime totalitarista ou autoritário, mas acredito que em Outubro, aquando das eleições Legislativas Nacionais, verei se os portugueses querem uma Democracia ou um regime totalitarista mas sexy.

sábado, janeiro 31

Ontem, hoje e Sempre

OS ARQUITECTOS NÃO SÃO GAYS O SUFICIENTE PARA SEREM PINTORES, NEM HETERO O SUFICIENTE PARA SEREM ENGENHEIROS.

This is where we live


This Is Where We Live from 4th Estate on Vimeo.

quarta-feira, janeiro 28

A Liberdade não existe.

No União de hoje
É fácil explicar porque adoram as pessoas o Cinema, mas será que existe explicação para não se venderem mais livros de filosofia? A relação entre a filosofia e o cinema é desde sempre autêntica e inseparável.
Em primeiro lugar, as pessoas gostam de cinema porque têm sensações e emoções sem saírem de uma cadeira. Sem qualquer tipo de esforço mental, as pessoas viajam, sonham, imaginam e, até se revêem numa ou outra personagem. É fácil desenvolverem um carácter filosófico só a ver cinema, quando afirmo filosófico refiro-me unicamente ao acto de pensar e de reflectir. Quando saímos de uma sala de cinema, a ideia é debater um assunto qualquer que tenha sido proposto no filme.
As pessoas procuram as respostas ao amor, ao ódio, à política, à arte e acima de tudo às questões existenciais, porque são essas que nos levam a ir ao cinema. É claro que a filosofia está indubitavelmente ligada ao cinema, mas cai-se no perigo de nos guiarmos por um veículo visual sem termos em conta a base de tudo, o porquê? É aqui que nasce a filosofia.
Porque nos deliciamos a ver super heróis, rapazes que voam, mulheres do boxe, corridas alucinantes, sogros e genros desajeitados, animais que falam e que têm tanta piada? Para quem viu o Matrix (1999), lembra-se certamente, daquela cena em que é proposto ao Leo (Keanu Reeves) tomar um dos comprimidos, o vermelho, que lhe dá direito à vida “normal” que ele mesmo já vivia, e o comprimido azul dá-lhe direito ao mundo da existência tal como ele nunca imaginaria. A melhor questão aqui é a da – escolha. Escolher dá uma grande tralha de trabalhos, talvez por isso poucos de nós prefiram deixar andar na sua monótona existência. Esta questão da escolha é já antiga. De Parménides a Sartre, ela tem sido um dilema existencial para muitos. Quem já se sentiu naquela frustração agonizante de viver? O problema da escolha está induzido no tema a – Liberdade, porque só podemos escolher um de dois caminhos, ou o bem ou o mal, ou a esquerda ou a direita, ou ser médico ou ser professor, e desde sempre nos é incutida a escolha, é por isso que a angústia se transforma em agonia, escolher é uma das formas de liberdade, mas… só existem dois caminhos, é aí que ocorre a náusea (J-P. Sartre) e os dois comprimidos do Matrix. Filosofia no cinema é um interessante tema, que voltarei, enquanto isso, vão ao cinema e descubram-se, porque só nos faz bem pensar, mas para se complementarem melhor, comprem livros, muitos livros, de preferência, os de Filosofia e, acreditem, há muitos.

quarta-feira, janeiro 21

O Milagre, a Sorte e a Experiência

Não há nada mais interessante e comovente que a sobrevivência. A sobrevivência é por si só um tema que vende muitos livros, é também um tema que liricamente apaixona qualquer pessoa.
Ultimamente temos assistido a várias manifestações que merecem destaque. O avião que aterrou num rio nos Estados Unidos da América provocou um efeito emocional muito interessante, porém, umas semanas antes, um cão era noticia por ter salvo um ser da mesma espécie em plena auto-estrada movimentada. O filósofo francês Merleau – Ponty, cuja simpatia intelectual não me agrada muito, referia caso fosse vivo, que nos “espantamos” com casos como estes porque -existimos para a consciência, ou seja, estamos no mundo quando estamos em consciência, isso faz com que certos fenómenos nos deixem sensibilizados. Só nos comovemos quando nos entranhamos verdadeiramente naquilo que os nossos sentidos captam.
Pode parecer complicado, mas não o é de todo. Quando se deu o acidente, a RTPN abriu o noticiário com; “MILAGRE NOS EUA”, aliás, penso que foi a única estação a proferir a palavra milagre, isto porque todas as outras insistiam em anunciar uma tripulação experiente, uma sorte à americana, enfim… não estou a defender que tenha ocorrido um milagre, mas inquieta-me pensar nas viabilidades argumentativas. Se um padre analisa-se a questão diria que teria acontecido um milagre, se fosse um matemático então era a probabilidade que ganhava, para aqueles que acreditam no Homem então a experiência e profissionalismo da tripulação foi crucial para a sobrevivência das pessoas, imaginem agora o que dirão os fabricantes do avião.
O que seria preciso para tornar o fenómeno desta natureza (acidente) numa explicação uniforme? Bem, não existiram mortes, o avião aterrou num lugar “seguro”, o capitão terá um prémio de carreira, e todos nós estamos conscientes do mundo em que vivemos. Merleau – Ponty tinha razão, “entre a ilusão e a percepção, a diferença é intrínseca e a verdade da percepção só se pode ler nela mesma”. Sobreviveram todos, numa situação onde a probabilidade matemática e a estatística dizem que morriam, sobreviveram onde a maioria dos comandantes vacilava… eis a nossa consciência contemporânea. Já não há heróis.