A morte que vem por acaso, o amor que vem ao acaso. É assim que eu defino a área de serviço CEPSA no IP3 – Santa Comba Dão.
Certa altura – como moro relativamente perto – fui até a essa área de serviço, comprar tabaco, deparei com uma excursão de idosos que vinha de Penafiel em direcção a Lisboa. Saíram todos e entraram no restaurante – onde eu estava – almoçaram umas sandes de atum e beberam um sumo de laranja natural – refeição perfeita para um grupo grande de pessoas que têm um estômago fraco.
Estava já de partida, quando uma elegante senhora acompanhada de seu esposo, desmaia. Instalado o pânico entre os forasteiros, imediatamente a ambulância é chamada – INEM. Levam-na com uma maca para a ambulância. Um dos bombeiros, ou médico, é difícil de precisar, dá um último alento ao marido, que sóbrio, segura um telemóvel, e deixa escorrer uma nobre lágrima de desespero. Muito haveria para explicar, se aquela lágrima era de medo de perder a esposa, ou se era por ela estar a sofrer, e então, essa lágrima seria uma partilha do mesmo estado existencial e condicional compartilhado com a esposa.
A imagem das imagens é quando a ambulância balança freneticamente de um lado para o outro, seria como se lá dentro, num espaço tão reduzido uma guerra de corpos estivesse a ter lugar. Estando o pânico instalado, as lágrimas de raiva, os abraços, o consolo, tomava os hectares da área. Passados dez minutos de reanimação, sem efeito, a elegante senhora morre. Morreu. O que resta são mais dez minutos de gritos desesperantes que são lançados em direcção a um Deus que queria um adeus eterno. Fica o lugar sob o rio Dão, que imagem ainda mais bela. Houve uma morte, houve um rio, houve uma lágrima insustentável. As pessoas entraram todas no autocarro. O esposo foi junto ao corpo de sua esposa, contemplando uma viagem mais longa que a prevista.
Fica sempre o humor (negro) ou sádico de uma pessoa que comprou um bilhete de uma viagem, e teve direito a duas viagens, há pessoas com sorte.
Certa altura – como moro relativamente perto – fui até a essa área de serviço, comprar tabaco, deparei com uma excursão de idosos que vinha de Penafiel em direcção a Lisboa. Saíram todos e entraram no restaurante – onde eu estava – almoçaram umas sandes de atum e beberam um sumo de laranja natural – refeição perfeita para um grupo grande de pessoas que têm um estômago fraco.
Estava já de partida, quando uma elegante senhora acompanhada de seu esposo, desmaia. Instalado o pânico entre os forasteiros, imediatamente a ambulância é chamada – INEM. Levam-na com uma maca para a ambulância. Um dos bombeiros, ou médico, é difícil de precisar, dá um último alento ao marido, que sóbrio, segura um telemóvel, e deixa escorrer uma nobre lágrima de desespero. Muito haveria para explicar, se aquela lágrima era de medo de perder a esposa, ou se era por ela estar a sofrer, e então, essa lágrima seria uma partilha do mesmo estado existencial e condicional compartilhado com a esposa.
A imagem das imagens é quando a ambulância balança freneticamente de um lado para o outro, seria como se lá dentro, num espaço tão reduzido uma guerra de corpos estivesse a ter lugar. Estando o pânico instalado, as lágrimas de raiva, os abraços, o consolo, tomava os hectares da área. Passados dez minutos de reanimação, sem efeito, a elegante senhora morre. Morreu. O que resta são mais dez minutos de gritos desesperantes que são lançados em direcção a um Deus que queria um adeus eterno. Fica o lugar sob o rio Dão, que imagem ainda mais bela. Houve uma morte, houve um rio, houve uma lágrima insustentável. As pessoas entraram todas no autocarro. O esposo foi junto ao corpo de sua esposa, contemplando uma viagem mais longa que a prevista.
Fica sempre o humor (negro) ou sádico de uma pessoa que comprou um bilhete de uma viagem, e teve direito a duas viagens, há pessoas com sorte.
2 comentários:
nestas coisas da morte a filosofia não te safa!
a lágrima insustentável surge vezes sem conta e por motivos tão ou mais graves que estes e que nunca mereceram a tua atençao! é engraçado que para pessoas fora da área da saude a morte só é um grande espanto quando nos passa debixo do nariz...a falta de preparação que as pessoas têm para ajudar quem cai inanimado enjoa! a pessoa que tu viste cair inanimada, fez muito provavelmente uma paragem cardio-respiratória!se a pessoa não tiver quem a tente reanimar no espaço de 11 curtos mas eternos minutos terá lesões cerebrais irreversíveis...ficará numa cama, dependente de terceiros para poder manter a dignidade física que lhe resta!alguém a tentou reanimar?muito provavelmente não...estas coisas só acontecem aos outros!
o facto de ser já uma pessoa de idade não deculpa o facto de ter morrido!ou atenua a culpa?
para além do mais o rio continuará a correr...
A "senhora", foi assistida logo por um bando de especialistas.
A causa da morte, inicio: "congestão", meio: paragem cardiaca, fim: morte...
enfim..." ...estas coisas só acontecem aos outros!"
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