segunda-feira, outubro 6

Herbie e o 5 de Outubro

O dia 5 de Outubro de 2008 ficou marcado para a maioria dos portugueses por duas coisas; O discurso do Presidente da República e a estreia dos Gato Fedorento. Para a minoria dos Portugueses, o dia 5 de Outubro ficou marcado pelo belíssimo concerto do Herbie Hancock, que encerrou o X AngraJazz, e é precisamente pela minoria que me vou debruçar.
Herbie ganhou (2008) o grammy de álbum do ano e melhor álbum de jazz contemporâneo pelo álbum River: The Joni Letters, a humildade com que se apresentou em cena fazia prever uma interessante noite de jazz com um vestígio de funk. Porém concordo muito com a ideia apresentada no filme – 24 h party people de Michael Winterbottom, de que “o jazz é uma merda, porque divertem-se mais os músicos em palco que os espectadores”. Um dos motivos do sucesso de Herbie passa pela inovação criativa e pela variação musical com que se apresenta sempre em cada actuação, o que refuta a tese apresentada em cima.
O musico de Chicago veio até Angra do Heroísmo com um sexteto e pronto a entranhar e devastar toda uma sala esgotada do Centro de Congressos. De inicio, o modo afável com que abordou o público agradecendo a todos a presença, e onde o humor primou por ser a tempo inteiro e não o típico – Olá Portugal com sotaque estranho, evoluiu para uma sonoridade decadente e quase nihilista, porém a progressividade sonora e o espiritualismo artístico e contemporâneo elevaram o auditório a um estado de transe raro onde diversos momentos geniais fizeram o publico aplaudir verdadeiramente e honestamente o momento de puro prazer musical. Herbie apresentou o último álbum, e deu-nos o prazer de um encore muito divertido. As imagens estarão disponíveis muito brevemente.

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