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segunda-feira, maio 7

Cinema e Educação


O documentário “pro dia nascer feliz” (João Jardim, 2006) é aquele filme que mostra o lado mais importante, o do aluno. Se em “entre os muros” (Laurent Cantet, 2008) analisamos de forma quase egocêntrica o frete em ensinar alunos existencialmente perdidos. No documentário “pro dia nascer feliz” somos convidados, ou melhor, somos empurrados para a dura realidade de pessoas que querem algo da vida, que procuram um objectivo, mas a escola teima em negar-lhes.
O professor é tão culpado como o governante. O professor sente-se confortável, até ao dia em que lhe mexem nos abonos. O professor, essa casta, que sofre com os desacatos do sintoma existencial dos alunos, não percebeu ainda que duro é ser aluno da modernidade. Um aluno sem objectivos, sem horizonte, sem crença nele mesmo. Pior, é o facto, da própria escola fugir a essa responsabilidade.
A educação é a oportunidade de quebrar fronteiras políticas numa estrutura em que o contexto de reflexão do –eu,  é cheio de ausências e significação. Que significa tudo isto? Significa aquilo que se vê no actual sistema educativo; desinteresse dos alunos na educação, descrença social na envolvência do plano educativo, enfim…
O medo. Aquele sintoma que não tem explicação lógica é incontornável aos nossos sentimentos. Ele existe por força maior. Ele é “a pressa de saber” quem somos, quem vamos ser num futuro próximo. A escola é esse espaço de definição singular e único no nosso desenvolvimento cognitivo ou emocional, sim, cognitivo ou emocional. Nenhum deles está dissociado, não deveria estar.
Eis um filme para mostrar aos professores, educadores, pais e governantes. Neste caso concreto, deixem os alunos de fora, vós sabeis do que falo.  


*o filme teve estreia nacional no dia 28 de Maio de 2009 em Angra do Heroísmo [ciclo de cinema - olhar a diversidade na escola]

sábado, janeiro 28

Há lugar para todos na Filosofia



Todo o ensino da filosofia, principalmente o ensino universitário, apresenta-se como um código acessível a algumas mentes. Ora, segundo o Oxford English dictionary, código; “é um sistema de palavras, letras, figuras ou símbolos usados para representar outros, em especial para fins secretos”.

A filosofia distingue-se de outras disciplinas pelo simples facto de ser um código aberto, isto é, o pensamento criado pelos filósofos não coloca restrições, nem executa licenças de utilização aos seus “utilizadores”, daí todos os dias encontramos pessoas (filósofos) a descodificar (ou a codificar) o pensamento de Santo Agostinho e de outros autores ainda mais antigos. Ou seja, o conhecimento “parece-nos” actual.

O pensamento filosófico deve ser utilizado enquanto estrutura de comunicação e de interpretação. Todos os dias interpretamos sob condição. Esta condição é específica de um produto humano e social. Todos os dias somos pessoas diferentes. Hume, por exemplo afirmava que “um homem sem experiência, nunca faria conjecturas ou raciocínios acerca de qualquer questão de facto; não estaria seguro de nada, excepto do que está imediatamente presente à sua memória e aos seus sentidos” (Investigação sobre o Entendimento Humano). Só assim é que nos podemos enquadrar no tal código aberto, que deve ser o princípio que rege a filosofia e por conseguinte o seu ensino. Formalmente só se ensina filosofia nas escolas e todo este conhecimento é avaliado. No entanto, o que estamos a avaliar é informação e não conhecimento. Porque o aluno não consegue assimilar e relacionar o que absorve com a experiência pessoal. Daí alguma suspeita que vários alunos têm para com a filosofia.

Mas, todos temos lugar na filosofia. Esta deve ser a grande missão. Contudo, torna-se complicado chegar a todos os campos da filosofia quando existe na estrutura da própria um cepticismo burguês.

A ideia de uma autoridade filosófica só compromete o próprio ensino da mesma, visto que o produto humano e social que a tenta alcançar não suporta a mesma perspectiva a quando da criação do conceito.

É assim, necessário que o conhecimento da realidade exterior seja aplicado ao aluno filosófico.

Há lugar para todos na filosofia. Da filosofia para crianças ao aconselhamento filosófico, todos aqueles que nutrem categorias podem contribuir para o código que é a filosofia. Mais; o órfão sensível dará um belo intérprete de Camus e, o romântico - apaixonado pode ensinar melhor que ninguém a filosofia Agostiniana na época do maniqueísmo.  

Na didáctica da filosofia ou filosófica, dá-se importância a “um” pensador, quando a realidade do mesmo é diferente da realidade portuguesa. Não é possível ensinar a ensinar filosofia. Este paradoxo é impreterivelmente uma perda de tempo. Talvez porque a democracia ao nascer do exercício filosófico, tornou-se ela numa “coisa” muito pouco democrática.

Já Dewey tinha percebido isto há muitos anos atrás. Dewey manifestava um desagrado mal-estar pelo ensino tradicional. É curioso referir a relação que Dewey fez do conceito de escravo em Platão: “como sendo a pessoa que, nas suas acções, não expressa as próprias ideias, mas sim as doutrem”.

Se tivermos em conta um ensino da filosofia em código aberto, conseguimos todos contribuir para todas as áreas em que a filosofia é abrangida. Assim, as avaliações académicas acabavam, isto é, a ideia de quantificar de 0 a 20 o conhecimento (quando na realidade estamos a avaliar informação) de um aluno era logo posta de parte. Porque todos nós somos bons nalguma área da filosofia.

quarta-feira, abril 6

Bibliografia relevante para o estudo aprofundado da educação [humanismo]

Y.J Harder, “La pulsion à philosopher” in J.C. Goddard (Org.) La pulsion, Paris, Vrin, 2006.
Peter Sloterdijk, Regras para o parque humano : uma resposta à "carta sobre o humanismo" : o discurso de Elmau ; trad. Manuel Resende, Coimbra, Angelus Novus, 2007.
Immanuel Kant, Sobre a pedagogia, trad. João Tiago Proença,Lisboa : Alexandria, 2003.
Martin Heidegger, Carta sobre o humanismo, trad. rev. Pinharanda Gomes, Lisboa : Guimarães Editores, imp. 2007.
Platão , A República, introd, trad. e notas de Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.
Hannah Arendt, Entre o passado e o futuro : oito exercícios sobre o pensamento político, trad. José Miguel Silva, Lisboa, Relógio d'Água, 2006. Cap. 5 : A crise na educação.
Sigmund Freud, O mal-estar na civilização e outros trabalhos; trad. do alemão e do inglês sob a dir.-geral de Jayme Salomão ; trad. de José Octávio de Aguiar Abreu ; rev. técnica de Walderedo Ismael de Oliveira ; coment. e notas de James Strachey, Rio de Janeiro, Imago Editora, 1969.
Ernst Cassirer, Ensaio sobre o homem, trad. de Carlos Branco, Lisboa, Guimarães, 1995.

Filosofia da Educação, aulas proferidas por Olivier Féron