domingo, outubro 29

Especulações racionais da pura razão filosófica

A pequena obsessão que a filosofia cria em todos os seres é automaticamente traída pelos leões da savana intelectual, diria mesmo que uma se trata de uma selva, e das grandes. Se calhar esta selva não tem a diversidade de uma amazónia, mas de um deserto, onde o silencio abrupta dos vales sequiosos das profundas dunas rastejantes de vermes e lagartos, mas que mesmo assim tem diversidade.
O que é preciso para se ser filósofo? O exemplo mais interessante foi dado por alguém que dizia, que os verdadeiros filósofos eram as crianças, porque possuem as características fundamentais para tal profissão, e que profissão é essa? Na escola ensina-se, na disciplina de filosofia, que o objecto da filosofia é o –real e o –ser, e que o objectivo é o conhecimento e a procura, por fim, fica o método, que neste caso é pensar, especular, reflectir. Então o que acontece quando possuímos tais directrizes para filosofar? Nada. E porquê? Porque o ensino obriga-nos a entrar no relativismo, e quando se entra no relativismo, entra-se no niilismo, e entrando-se em tal circunstancia ficamos puramente livres, de quê e porquê? Livres da filosofia, porque o vácuo dos filósofos que estudamos não nos dão margem para actuar. Ou seja, quem estuda filosofia vai ser um submisso de um autor “genial” qualquer, por exemplo Nietzsche, quem devora tal coisa vai tornar-se apoiante desta fracção filosófica, há quem chame discípulo a este tipo de atitude intelectual, mas e quem não gosta de ser submisso? Será que já não pode ser filosofo? Mas pode filosofar, certo? E ao filosofar vai ter sempre adjacente ao pensamento o tal autor, assim deixa-se de ser um indivíduo puramente racional, para ser um individuo racionalmente dependente do outro, fica a salvação dos independentes, que são aqueles que conhecemos algures e muito raramente.
O mundo precisa de muita formação mas não de obrigação, porque o objecto, seja ele filosófico ou não, é que nos possui, e nunca nós, que pensamos possui-lo.
Sim, claro que sim, temos que delirar com Aristóteles, é obrigatório, mas também temos que delirar com os nossos pequenos devaneios.
Porque é que a raça chamada filósofos teme em aparecer? Não digo com isto que se tornem vaidosos de um mundo já por ele muito colorido, mas o que falta para filosofarmos como René Descartes? A resposta não podia ser mais simples. O problema é simples, basta por exemplo olharmos para a disciplina de historia, em que pouco ou nada se identifica connosco, pois, historia universal que é importante do ponto de vista de “cultura geral”, ou então para acertar nalgum concurso televisivo, mas em que nada nos pode ajudar na identificação cultural e antropológica da nossa sociedade portuguesa ou da nossa identidade histórica. O mesmo se passa com a filosofia, que apesar do –ser, ser o objecto de estudo, mas o -ser Nórdico é diferente do -ser latino e agora pensando melhor, será que não influencia em demasia a falta de compreensão do mundo português relativamente ao mundo de uma filosofia universalista que se adapte a cada cultura? É claro que existe a Filosofia em Portugal, como disciplina, mas então porque é que ninguém ouve falar nela?

sábado, outubro 28

sábado, outubro 21

Hoje todos ouvimos Wagner

É claro que não se pode ficar indiferente, que se cante muito com ilusões matemáticas, menos com lógicas formalistas. Os conteúdos pouco matemáticos e as contradições superficiais dos sentidos, conseguem provocar em qualquer pessoa a metamorfose das letras.
Todos celebramos o casamento ao som de uma bela marcha nupcial, sim claro, é aquele cliché forçado que tem vindo a atravessar gerações. Há quem prefira outras e mais sensuais melodias. Que diria o Senhor Wagner, ao ver uma pequena parte da sua belíssima sinfonia “ Treulich Gefuhrt ”, a ser tocada por um saloio qualquer, mas ainda pior, é que esta sinfonia é auto proclamada num casamento. É por isso que toda a gente fica nervosa, e mais catastrófico, é que curiosamente, os “casamentos” cuja “faixa” (incompleta) é auto proclamada não chegam ao fim, tal como a musica.
Em suma: quando se pega em Wagner, é para pegar até ao fim, ou seja é para levar a cabo todo o sentimento grandioso, e nunca mas, mesmo nunca, uns simplórios minutos.
A maldição está descoberta, porque hoje todos ouvimos R. Wagner e percebemos que há coisas que têm de ser levadas ao principio. Hoje, todos estamos preparados para avançar na correria de amor.

sábado, outubro 14

Zapruder, uma corda e muita américa! O melhor

Plano sequencia mais visto na história é este. Em poucas palavras é um filme realizado num único plano, ou seja, sem cortes/montagem. Este transporta o auditório para um universo ainda mais realista e teatral. O filme de Alfred Hitchcock, - A Corda, é uma tentativa deste plano sequencia. O realizador transporta num único cenário toda uma história de intrigas e invejas paranóicas onde um assassinato decorre numa sala de um apartamento, e onde este vai ser lugar de uma festa de despedida, o corpo vai permanecer num baú em toda a cerimonia e é também aqui que a mestria do argumento e das personagem, principalmente a de James Stewart

Que faz o papel de um antigo professor de filosofia, começa a desconfiar que algo está mal.
Hitchcock assina neste filme a sua primeira película a cores e também a mestria da “ilusão” em tentar fazer com que o realismo emocional e psicológico do espectador enfrente a veracidade de toda a narrativa cinematográfica.
-A Corda é uma filme obrigatório, tal como – Micah P. Hinson neste seu ultimo álbum, - And the Opera Circuit.
Viva os E.U.A!

sexta-feira, outubro 13

Um quadrado pode viver isolado, e mesmo assim não deixa de ser quadrado. Mas seis quadrados a viverem em comunidade, já é um cubo. Decrescer para a realidade não é entrave para os verdadeiros sábios, o que está devidamente apinhado para descobrir o cerne da questão, e afirmo – cerne, porque – o fundo já está cheio, é que vai conseguir erguer um troféu de espermatozóides prontos a fecundar as mentes mais sensíveis àquela necessidade de possuir algo mais do que o abecedário. Por outro lado existem as mentes também elas sensíveis, mas que a sensibilidade vai para um outro estado, e afirmo – estado, porque – o patamar estava repleto, e é esse mesmo estado banal que consegue minar as mais nobres conquistas dos sábios. Na sociedade contemporânea estes anti vírus, que são os que captam espermatozóides mas, possuem os óvulos estragados, direccionam sempre o conhecimento para o quadrado, que ao crescer vai corromper a estrutura igualitária que forma o cubo e assim o cubo deixa de ser cubo para passar a ser, um – não cubo, como diria o Parménides.
É claro que os outros cinco quadrados ficam tristes porque deixaram de ser um cubo, eles gostavam mesmo de ser cubos, mas conseguiram aceitar a diferença, restou isso. Ainda bem que não existia politica nem religião, é claro que já se está a adivinhar o sarilho final do – não cubo e do quadrado, Um era uma religião, porque derivava da natureza criadora, e um outro seria uma seita, porque é uma adaptação ou uma patologia do original. Todos ficamos felizes por o – não cubo, não aniquilar de vez com o quadrado. Existe espaço para todos, quem sabe.

sábado, outubro 7

Diálogo sobre o Saber. Gvilhovsky e Parménides.


- Caro Parménides, é com muita alegria que me reúno neste belíssimo espaço junto a esta belíssima arvore!
- Sabes -G; sempre que vejo uma bela árvore, penso sempre, “n‘as jovens filhas do Sol a levar-me, abandonando a região da Noite, para a luz, libertando com as mãos a cabeça dos véus que as escondiam.”.
- De facto, esta árvore é bela, as suas folhas transmitem uma vida que não suspeita um minuto sequer pelo Outono, e mais, a sua idade é frontal e suas raízes devem ser longas e fortes, parece que abraçam o mundo.
- Parece, dizes bem, amigo -G, é como “o direito e a justiça”, onde sabes que existem, e vês de facto, muitos obreiros de justiça e direito, como a policia, os juízes e os advogados, mas parece que ninguém sabe dela.
- Então isso quer dizer, que tem de ser cada um de nós a lutar por isso? Dado que não existe pessoa alguma que consiga mexer, ou envolver as circunstâncias rectilíneas da justiça e do direito? Como se a justiça e o direito fosse algo pessoal e dotado para todos os seres vivos e não para alguns?
- não é bem assim, mas adiante, caro –G, não sejas tão impaciente. O homem é corruptível, mas a alma não. “é necessário que o ser, o dizer e o pensar sejam; pois podem ser, enquanto o nada não é: nisto te indico que reflictas. Desta primeira via de investigação de , e logo também daquela em que os mortais, que nada sabem, vagueiam, com duas cabeças: pois a incapacidade lhes guia no peito a mente errante; e são levados surdos ao mesmo tempo que cegos, aturdidos, multidão indecisa, que acredita que o ser e o não - ser são os mesmo e o não - mesmo, para quem é regressivo o caminho de todas as coisas.
- Desculpa amigo Parménides, mas é muito extenso o teu pensamento, não consigo lá chegar, desculpa.
- Cala-te, ser ignóbil! Amigo –G, não temas o –Pensar, se julgas –Saber, então tens que julgar o –Pensar, porque eles permanecem unos.
- -G! - G! - Chamem a ambulância!

quinta-feira, outubro 5

Hoje, bebi àgua! Hoje, li António Lobo Antunes!

"(...)
- A tua mãe morreu?
eu pudesse contar-te, falar-te não do verão, do Inverno, da decepção dos estorninhos, dos cinzentos sobre cinzentos, do verde escuro das copas, da grade de cervejas onde se abrigavam os patos, do meu pai a visitar-me no colégio aos domingos, sempre com um casaco diferente das calças e a gente não na recepção como os outros, numa das salas de aula num embaraço mudo, barbeava-se mal, sobravam pêlos no queixo, maçava-me, desiludia-me, apetecia-me que me deixasse em paz
- Que veio aqui fazer?"
(...)

-A minha continuação

-Só queria o dinheiro suficiente para me aguentar mais uma semana, odeio que os meus colegas sintam o meu ar de criança de 23 anos ainda frágil
Não sou assim tão frágil, sou o magnata da loucura sensivel,
Mas.
São os óculos massa pretos que eu mais embirro, queria uns iguais, não os dele, uns meus,
Gostei de te ver, a ti e à mãe.
Ela sempre mãe, sempre preocupada, e eu sempre despreocupado, que vingança virá lá de cima? Talvez nenhuma, só a das minhas fracas mãos.

segunda-feira, outubro 2

opus XX

Desapareci, assim como por magia. Os meus sentidos entraram em antagonia profunda.
Uma depressão que se misturou com outra e outra e outra. Fugi, mas voltei, como se de um cão com fome se tratasse. O meu vulcão permaneceu junto ao mar dos opostos, sem nada para dizer.
O sopro do coração queria bombear ar, mas bombeou um liquido viscoso e ácido.
Ontem estava perplexo comigo e com mais alguém, hoje estou genuinamente fraco de tão poucas soluções.
A minha geração está a precisar de motivação. O egoísmo prático do meu animal ser, aloja-se sem permissão, vou lá, ao médico. Vou se me conseguir decidir qual o médico, são tantos, acho que não vou a nenhum. Vou escrever, sem medo, sem paixão, só escrever.
Não, já não vou, estas tretas existencialistas estão a dar cabo de mim, se elas não me ajudam então porque forçar uma coisa que não me diz nada? Ah, raios e coriscos!
Vou-me dedicar ao romantismo. Agiota, mas com muito sacrifício.