quarta-feira, janeiro 24

Caro Mestre Nietzsche (1-10)


Não sei como lhe começar esta carta. Na verdade, ando apreensivo em relação ao meu futuro, falo obviamente do meu futuro profissional, isto porque é na academia que tudo se decide, pelo menos é o que dizem os “sábios”. A minha “filosofia”, aquela que me levou à academia de nada coincide com o que aprendo, uma parte de mim anda atrapalhada com a própria vocação, aquela que Deus me deu mas que teima em não ma apresentar, mas pior que isso, é a lamentável proeza das palavras. As malditas e arrogantes sensações que tenho na consciência não conseguem trespassar o papel fino, e a caneta frágil, essa, teima em não delinear aquilo que eu mesmo conheço. Pior do que o abismo, é sabermos que possuímos algo mas que só lá chegamos intuitivamente, é o fracasso, é o morrer na praia. Se me permite, é caso para dizer que o entendo perfeitamente, quando afirmava: “estou só…só...”, indubitavelmente a humanidade está presa ao massacre da economia selvagem, e visto por esse prisma, eu sou o dono de uma parcela da academia, dado que pago para a frequentar, e que os professores são os meus obedientes, pior é que estou a ser enganado.
Lamento esta minha arrogância, mas é misterioso este mundo.
Estou sem qualquer dependência da filosofia, fui abandonado por mentes indesejadas e perigosas que usam e abusam de uma autoridade nobre. Estou com medo, mas resta-me o suspiro da noite, da solidão.

Seu fiel amigo G.

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