sexta-feira, janeiro 26

Revisitar o acaso generoso

Todos sabemos que existem vários tipos de acaso, mas o que mais me agrada é sem qualquer verosimilhança o acaso generoso.
Hoje pastei, vegetei e ruminei a minha bela rotina. Montei uma velha e ferrugenta prateleira que estava escondida desde a minha nobre saída do seminário. Decidi, dar uma valente volta pela enfermidade da minha humilde casa, tudo isto, porque andava em busca de alguns pequenos fragmentários que eloquentemente alvoravam por corredores fora, quem sabe, também eles nómadas. Percorri léguas afim de preencher a vasta prateleira ferrugenta, encontrei ninhos de víboras, cartas assassinas de um passado vigoroso, livros do antigo regime, e que grande regime… espirrei de alergia, pó e pó, já ao findar do dia, e daquela tarefa da vontade espontânea que ocorrera ao principio da tarde, deporta-me o sentido da curiosidade por uma caixinha de cds em papel, olhei para ela, peguei nela, lia e ri-me: “Guia de Indústrias e Profissionais de Portugal”, voltei a rir-me, e abria na esperança de ter um motivo sólido e pouco sensacionalista de empurrar aquilo para o lixo. Atrapalhadamente, acabara de encontrar o meu perdido cd dos Tindersticks, o álbum era o Donkeys 92 – 97, que lindo, que belo, que sublime. Voltei-me para o acaso, e respondi-lhe:”Obrigado”.

Sem comentários: