"Quem ousaria “refutar
cientificamente” a ética do Sermão da Montanha, ou o princípio que
ordena “não resistais ao mal” ou a parábola que aconselha a oferecer
a outra face? E, no entanto, é claro que, do ponto de vista intramundano,
é uma ética da indignidade que assim se prega: há que escolher entre a dignidade religiosa que esta ética oferece e a dignidade viril
que advoga algo de inteiramente diverso: “Resiste ao mal – pois, de
outro modo, serás corresponsável do seu triunfo”. Segundo a posição
derradeira de cada qual, um destes princípios será ou Deus ou o diabo,
e cada indivíduo tem de decidir qual dos dois é, para ele, Deus ou o
demónio.
E assim acontece em todos os ordenamentos da vida. O grandioso
racionalismo de uma vida ética e metodicamente ordenada, que emana
de toda a profecia religiosa, destronou aquele politeísmo em prol do
“único necessário” – mas depois, confrontado com as realidades da
vida interna e externa, viu-se obrigado aos compromissos e às relativizações,
que conhecemos da história do cristianismo. Hoje, isso é o
“dia-a-dia” religioso."
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