Três dias na Soalheira chegaram para corroborar a teoria de Platão: somos confrontados, muitas vezes, entre o mundo inteligível e o mundo sensível, qual deles escolher?
A escolha, segundo Platão, é simples, o mundo inteligível, claro! Deixemos o prazer do sensível, isto é, do corpo, e centremo-nos na busca da verdade, das ideias imutáveis, do mundo inteligível, blá blá blá…certo é que Platão não estava muito enganado em relação ao que move o homem. Somos carne corruptível que se deixa influenciar pelos prazeres enganadores dos sentidos, isto é, do sensível.
Vivemos como nos ensinam, vivemos numa convenção de valores e atitudes.
Vivemos como nos ensinam, vivemos numa convenção de valores e atitudes.
De vez em quando surgem “Platões” que nos re-lembram que temos de sair da caverna, do mundo do sensível e seguir a luz. Foi precisamente esse exercício que efectuei na Soalheira.
O João Vaz é um guia da natureza, um caminhante, um homem lúcido acerca daquilo que o move. Possui uma quinta na Serra da Gardunha e promove fim de semanas de espiritualidade filosófica.
O exercício filosófico consistia em descobrir ou relembrar um conceito que nos ajudasse a descobrir a nossa afirmação perante o mundo. Esta procura não pode ser feita sozinha, é um caminho insinuoso e o risco de acabarmos perdidos é enorme. Ninguém melhor que o João para servir de Glaucon (ide pesquisar ao google) nesta subida ao mundo das ideias, sim, porque a ideia é subir, apesar do Glaucon estar a descer…(ou estarei eu a descer sem dar conta disso?)
Porém, durante o caminho encontramos José Domingues (UBI), um velho amigo filósofo que nos elucidou o conceito de superação (Die Überwindung) no caminho da procura. Mas que procuramos quando não sabemos o que procurar? Esta visão existencial romântica (muitas vezes confundida com tragédia individual e egocêntrica) vincula-nos para uma lógica social, onde somos inseridos e influenciados para um fim convencional. Ora, é aqui que muitas vezes reside a frustração individual, porque, em parte, ao vivermos no espaço social teremos que agir como tal, e é neste imperativo colectivo (Habermas), o da expectativa, da validade social, que não existe margem para o individual, ou seja, a regulação social impede a realização individual. Para ultrapassar esta barreira, terá que haver uma superação contraditória do ser. E em que consiste a superação contraditória do ser? Perguntem ao João, certamente responderá melhor que eu.
+inf: chaini1978@hotmail.co.uk
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