sexta-feira, setembro 29

Algum tempo depois, um texto questionado, M I.

Como se vê um idoso, idoso? O que significa terceira idade, para uma pessoa que não quer pertencer a essa categoria? Qual é o objectivo de vida, quando esta, está numa fase mais delicada? Pode um “jovem” definir ou avaliar as necessidades do idoso? Quais são as pretensões do idoso? Diz-se que todas as idades têm valor mas, qual a mais valiosa?
Como se agrada a um idoso? Qual o papel deste na sociedade? Será que a morte os assusta e, se assusta eles conseguem definir isso? Mas caso eles consigam definir isso, será que os mais “novos” vão entender? O que sonha um idoso? Será que imagina mais a vida ou a morte? O que pode amar um idoso? O que é o amor para os idosos? O que é a solidão? O que sentem quando se vêm ao espelho? O que sentem quando lhes custa levantar todas as manhãs? O que sentem quando um dia é mais um dia? Será que conseguem viver cada dia como o ultimo? Ou será que repugnam essa ideia?
Um idoso vê-se pela idade, pelo aspecto físico ou pelo espírito?
Sinceramente não sei nem consigo perceber nenhumas dessas questões, mas anseio por o dia em que também eu vou ser rotulado de idoso, vou ter talvez tantas ou mais dificuldades como as que os idosos de hoje possuem, resta-me esperar e levar uma vida minimamente curiosa. Hoje sou um jovem, jovem para os idosos, mas velho para os mais novos, em suma, sou um idoso também, mas um idoso que consegue andar consegue amar, consegue pensar na vida, consegue perceber o que é a terceira idade, consegue avaliar o mundo, consegue olhar para o dia como uma bênção e olhar-me todos os dias ao espelho, sabendo que sou único, genuíno e amado. Então acredito que os “outros” idosos também o consigam fazer e pensar, resta-me respeita-los e acompanha-los na caminhada que também é minha.
Afinal, a minha terceira idade já começou e vai prolongar-se até ao dia em que acordar e estarei algures num universo luminoso ou obscuro. Sou mais um idoso entre os idosos.
Mas já não me cabe a mim julgar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sinto comunhão contigo nessas questões. Também eu me pergunto o que será olhar para trás e perceber que não tivemos a vida que queriamos e que nos resta pouco tempo para mudar, ou então, o contrário, sentir-me plena e feliz com a vida que tive e simplesmente aguardar a morte pacificamente. No entanto, creio, os idosos pensam sempre na vida, nunca se dão por vencidos, nem que tenham 120 anos!

Simone P. Cardoso disse...

Eu amei esse seu texto. Li Há algum tempo. Ontem vi um comercial achei muito lindo e vi que seu texto cabia muito bem. Publiquei no meu blog o seu texto com os devidos créditos e também o endereço do seu blog. Caso não goste eu retiro ok?

Parabéns, adoro o que você escreve.
Abraços