terça-feira, setembro 19

Roubo autorizado

A minha irmã empresta-me a máquina digital dela, eu bem que lhe impinjo a minha analógica, que tem muito mais valor que a dela. Só o facto de ter o dobro da idade dela, já lhe dá uma arrogância saudável e natural, que a digital dela não tem.
A minha analógica faz o mesmo que a dela, mas ao contrário da maturidade do chip de uma, eu possuo as mãos.
Em “breve” os meus pais vão cessar, e ninguém consegue sentir realmente o que é, ninguém, só eu e as minhas irmãs.
Um filho que fique sem pais, é órfão, mas a inexistência de um nome para um pai que fica sem filho, é abstracto, por isso talvez a necessidade de não se pensar muito nisso. Ficar sem avos também não tem nome, mas o mais curioso, é que são sempre os pais que suportam essa dor.
Depois de uma morte, vem a partilha, interessante uma morte trazer partilha, que poderia ter outro sinónimo, como por exemplo, fragmentação. Não me cabe a mim decidir, porque o futuro é uma mentira dos deuses para nos mantermos vivos. A partilha só tem sentido enquanto vida, se partilhar algo de alguém que está morto, então essa fragmentação tem que ter outro nome, possessão, roubo.
Será que a minha irmã vai-me continuar a emprestar a máquina depois de ficarmos órfãos?

1 comentário:

Titá disse...

Questão pertinente!Acredita que foi algo em que já pensei, até proque o exemplo que tive após a morte d emeus Avós não é recomendável.
MAs desejo é que tão cedo nem tenhas que pensar nisso.
Bjs