quinta-feira, agosto 14

Recensão ao “Elogio ao Amor” de Miguel Esteves Cardoso

Para MEC o verdadeiro amor já não existe, acabou. As pessoas que se afirmam independentes estranham a própria dependência da independência. Esta antagónica relação é o refúgio dos “tempos modernos”, porque as pessoas usam o “amor” para alcançar um fim, que para MEC é a conveniência – “Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.”.
Estas palavras são relevantes porque levantam várias questões pragmáticas. Mas porque razão é que o amor tem que ser sofredor? É claro que não temos que ser todos como a Penélope, mas a verdade diz - que o amor é a própria felicidade. Se assim é, porque havemos de sofrer? Se temos um(a) colega ao nosso lado que até simpatiza com a nossa personalidade e até tem um sorriso cativante, isso terá que ser -um inicio de qualquer coisa, amor? Paixão? Conveniência?
MEC usa o – amor em tudo. Amor para ali, amor para acolá enfim… por mais estranho que pareça faz parte da substância humana querer entranhar o – Outro (nem sempre no sentido literal).
É perceptível a mensagem transmitida pelo autor, a dimensão do texto é cativante emocionalmente, o dramatismo é actual… consegue-se identificar o recado que MEC nos propõe. “O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.”. Entre ser estóico e epicurista os românticos preferem descobrir a pessoa certa experimentando, daí o romantismo experimental.
“O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.” -Precisamente. Daí que os casais contemporâneos sejam assim, pessoas que procurem mais e melhor. Socializar, socializar, socializar… eis o novo mote dos contemporâneos. Agora não se dão flores, partilham-se músicas e vídeos no youtube. O hi5 e o skype são os verdadeiros pontos de encontro. É lá que tudo acontece. É claro que (a)os colegas do emprego, ou até do voluntariado, são importantes e completamente necessárias para fomentar um amor, isto para quem não tem internet, claro!
“A vida dura a vida inteira, o amor não.” Claro que o amor dura a vida toda, por isso é que se chama amor. O amor é incorruptível, a vida também… a pessoa não. Que se lixe o amor, há lá gajas ou não?

Podem ler o Elogio ao amor no blog da Ana, AQUI

2 comentários:

Anónimo disse...

A pergunta é porque se ama alguém afinal? Mais que uma vida, a própria vida, a pessoa ou as pessoas que o vivem.

Para que te serve o amor?

Anónimo disse...

Que se lixe o amor, há lá gajas ou não?

Subescrevo... :)