quarta-feira, novembro 12

A minha crónica de hoje no "A União" - Convencer faz bem!

A populaça gosta de ser convencida, é genético. No teatro político, ganha quem convencer melhor, nos empregos mantém-se quem conseguir convencer da forma mais genuína, no desporto a ideia é convencer os adeptos. Já imaginaram se o desporto não tivesse adeptos? Será que valia a pena fazer desporto, claro que valia, mas não teríamos aquele mediatismo típico dos desportos, nunca devemos esquecer o caso de Pequim 2008.
Em todas as campanhas políticas existem matrizes que se devem seguir para alcançar a atenção do eleitorado. Um beijinho ali, um miminho nas criancinhas e um sorrisinho que conquista qualquer pessoa. Porém, este fenómeno eleitoral é típico e característico. O certo, é que continua a convencer.
Convencer é uma arte milenar. A retórica, no verdadeiro sentido, apresenta-se como – o convencer para o “bem comum”, ao contrário dos sofistas, que convencem com o imperativo do “bem próprio”.
Parece que todo este jogo (visto por uma perspectiva Vieirinha) é um horror cheio de manipulações e interesses oportunistas e uma incansável luta por uma posição anti-altruísta. Contudo, sempre fomos assim, de uma maneira mais inocente, mas sempre mantendo a nossa posição individual.
Ao nascermos, choramos para convencer os mais velhos. São estes mecanismos que nos conduzem à evolução. Progredimos porque nos deixamos convencer, e regredimos porque gostamos de ser convencidos. O mais interessante é que detestamos pessoas convencidas. Não suportamos fundamentalistas porque estes não se deixam convencer, aliás, já estão convencidos com o seu conhecimento, daí não se deixarem entranhar num outro modelo epistemológico.
Não existe nenhum paradigma nisto, o mundo não está pior ou melhor do que há 2000 anos, Jesus Cristo, por exemplo, fazia os milagres, para quê? Para convencer, a nossa lista poderia ser infindável mas o que se torna interessante é que as técnicas evoluem, e são essas que nos interessam, isto porque, quanto mais e melhores foram as técnicas mais nós evoluímos e mais felizes nos tornamos, porquê? Porque é genético e nós gostamos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Guilherme

Curioso este teu post. E não resisti a comentar.

É que relativamente a este nível de termos de lidar com toda esta situação que aqui falas do convencer, dos convencidos e em que convencimento tão milenar e como a única forma de nos tornarmos seres sociáveis e em sua comunicação tão caoticamente adversa. Trata-se efectivamente de um conformismo total e já mais que generalizado.

E porque o convencer é o querer fazer acreditar em algo que não é completamente verdadeiro em sim mesmo, e convencer nesta base é ter tolos convencidos, que acreditam em algo que poderá vir a ser-lhes prejudicial mais cedo ou mais tarde. Ou seja, esta forma de convencer e em que convencidos é feita sempre nesta espécie de política divisionária para os que convenceram tolos numa ilusão muito bem concebida e necessária a quem define como sua e de que utilidade.
E conformismo e em seus conformistas é precisamente o aceitar comodamente tudo aquilo e em suas estratégias que não são benéficas para um Todo. Conformismo é pois, o estar-se dividido a procurar aceitar o estar-se do lado do mais forte, como forma de protecção e de não se estar abandonado.

E embora se queira fazer ver que somos seres dependentes do mundo material, é certo que até estamos dependentes, mas muito mais das emoções e sentires do que materialidades, e que são os sentimentos a raiz e a potência do Pensar, como o Maior Bem, e que nos assiste não como submissão, mas sim como a maior das capacidades para ultrapassar essa mesma dependência e em suas territorialidades, em que nos querem fechar.

Somos divididos em nascer e morrer mas não para essa territorialidade que nos querem reduzir o Pensamento. Ninguém consegue fechar o Pensamento. É universal e transmite-se num tempo incerto com suas próprias certezas e há que fazer o melhor uso dele.
Assim quando dizes que:
Ao nascermos, choramos para convencer os mais velhos. São estes mecanismos que nos conduzem à evolução.
Choramos porque nascemos desprotegidos e porque de sentimento e afectividade se trata (quando se nasce para qualquer coisa e neste caso para a vida, está-se débil e fraco), e aí precisamos de ajuda e de quem cuide de nós, que nos embale, que nos dê de comer, que nos acarinhe... E sempre que alguém chora é porque precisa de ajuda.
E a evolução não passa por aí, mas passa precisa e paralelamente em seu contrário, embora não seja visível e até negligenciado.

E exactamente porque Convencer é contrário ao APRECIAR (<<< ver link).


Um grande abraço

Alice

Anónimo disse...

para quem não gosta de retórica, parece que vais la bater sempre.