sábado, outubro 7

Diálogo sobre o Saber. Gvilhovsky e Parménides.


- Caro Parménides, é com muita alegria que me reúno neste belíssimo espaço junto a esta belíssima arvore!
- Sabes -G; sempre que vejo uma bela árvore, penso sempre, “n‘as jovens filhas do Sol a levar-me, abandonando a região da Noite, para a luz, libertando com as mãos a cabeça dos véus que as escondiam.”.
- De facto, esta árvore é bela, as suas folhas transmitem uma vida que não suspeita um minuto sequer pelo Outono, e mais, a sua idade é frontal e suas raízes devem ser longas e fortes, parece que abraçam o mundo.
- Parece, dizes bem, amigo -G, é como “o direito e a justiça”, onde sabes que existem, e vês de facto, muitos obreiros de justiça e direito, como a policia, os juízes e os advogados, mas parece que ninguém sabe dela.
- Então isso quer dizer, que tem de ser cada um de nós a lutar por isso? Dado que não existe pessoa alguma que consiga mexer, ou envolver as circunstâncias rectilíneas da justiça e do direito? Como se a justiça e o direito fosse algo pessoal e dotado para todos os seres vivos e não para alguns?
- não é bem assim, mas adiante, caro –G, não sejas tão impaciente. O homem é corruptível, mas a alma não. “é necessário que o ser, o dizer e o pensar sejam; pois podem ser, enquanto o nada não é: nisto te indico que reflictas. Desta primeira via de investigação de , e logo também daquela em que os mortais, que nada sabem, vagueiam, com duas cabeças: pois a incapacidade lhes guia no peito a mente errante; e são levados surdos ao mesmo tempo que cegos, aturdidos, multidão indecisa, que acredita que o ser e o não - ser são os mesmo e o não - mesmo, para quem é regressivo o caminho de todas as coisas.
- Desculpa amigo Parménides, mas é muito extenso o teu pensamento, não consigo lá chegar, desculpa.
- Cala-te, ser ignóbil! Amigo –G, não temas o –Pensar, se julgas –Saber, então tens que julgar o –Pensar, porque eles permanecem unos.
- -G! - G! - Chamem a ambulância!

quinta-feira, outubro 5

Hoje, bebi àgua! Hoje, li António Lobo Antunes!

"(...)
- A tua mãe morreu?
eu pudesse contar-te, falar-te não do verão, do Inverno, da decepção dos estorninhos, dos cinzentos sobre cinzentos, do verde escuro das copas, da grade de cervejas onde se abrigavam os patos, do meu pai a visitar-me no colégio aos domingos, sempre com um casaco diferente das calças e a gente não na recepção como os outros, numa das salas de aula num embaraço mudo, barbeava-se mal, sobravam pêlos no queixo, maçava-me, desiludia-me, apetecia-me que me deixasse em paz
- Que veio aqui fazer?"
(...)

-A minha continuação

-Só queria o dinheiro suficiente para me aguentar mais uma semana, odeio que os meus colegas sintam o meu ar de criança de 23 anos ainda frágil
Não sou assim tão frágil, sou o magnata da loucura sensivel,
Mas.
São os óculos massa pretos que eu mais embirro, queria uns iguais, não os dele, uns meus,
Gostei de te ver, a ti e à mãe.
Ela sempre mãe, sempre preocupada, e eu sempre despreocupado, que vingança virá lá de cima? Talvez nenhuma, só a das minhas fracas mãos.

segunda-feira, outubro 2

opus XX

Desapareci, assim como por magia. Os meus sentidos entraram em antagonia profunda.
Uma depressão que se misturou com outra e outra e outra. Fugi, mas voltei, como se de um cão com fome se tratasse. O meu vulcão permaneceu junto ao mar dos opostos, sem nada para dizer.
O sopro do coração queria bombear ar, mas bombeou um liquido viscoso e ácido.
Ontem estava perplexo comigo e com mais alguém, hoje estou genuinamente fraco de tão poucas soluções.
A minha geração está a precisar de motivação. O egoísmo prático do meu animal ser, aloja-se sem permissão, vou lá, ao médico. Vou se me conseguir decidir qual o médico, são tantos, acho que não vou a nenhum. Vou escrever, sem medo, sem paixão, só escrever.
Não, já não vou, estas tretas existencialistas estão a dar cabo de mim, se elas não me ajudam então porque forçar uma coisa que não me diz nada? Ah, raios e coriscos!
Vou-me dedicar ao romantismo. Agiota, mas com muito sacrifício.

sexta-feira, setembro 29

Tributo escrito e não sentido


Sempre tive a consciência que era um nómada. Alguém que vagueia, uma coisa que se dilui num espaço, que desaparece sem avisar, sempre fui um nada.
Passava eu por uma antiga fábrica de lanifícios, onde os trabalhadores são infiéis e em que a promiscuidade é a única taxa para eles se manterem unidos.
Esse nómada tem um nome, mas pouco me interessou, apesar do nome ter sido importante mas o referir neste escrito. Sei que ele foi importante para o meu crescimento, não o vejo como um amigo nem um mestre, simplesmente como alguém que tem um papel importante no mundo. Seria egoísta se lhe disse-se para ficar a trabalhar na fábrica, isto porque ele tem um rumo mais nobre e sensível.
Ele vive o que aprende e aprende com os verdadeiros, aqueles onde o saber não está diluído ou seja o saber – nada.
Um dia ele disse-me: - “ Se vives para seres lembrado, então é porque já estás morto”.
Esta frase matou-me, digo frase, mas é um conselho, que pode ter sido passado de mestres em mestres. Agora chegou a minha vez, não de a exclamar (a frase) como mestre, mas como um nómada que se julgava ser, mas que o não é.
Hoje não ando bem, tudo parece morto. Pareço uma simples personagem de -Brueghel, em que os quadros são um amontoado de seres interessados em possuírem um corpo e onde a alma é esquecida.
Aceito a minha insignificância, aceito-a e pronto. Aceito que podia ser melhor, aceito que posso dar mais de mim à sociedade, mas ela nunca me propôs nada, aceito um olhar materno de uma pessoa. Só não aceito a velhice.

Algum tempo depois, um texto questionado, M I.

Como se vê um idoso, idoso? O que significa terceira idade, para uma pessoa que não quer pertencer a essa categoria? Qual é o objectivo de vida, quando esta, está numa fase mais delicada? Pode um “jovem” definir ou avaliar as necessidades do idoso? Quais são as pretensões do idoso? Diz-se que todas as idades têm valor mas, qual a mais valiosa?
Como se agrada a um idoso? Qual o papel deste na sociedade? Será que a morte os assusta e, se assusta eles conseguem definir isso? Mas caso eles consigam definir isso, será que os mais “novos” vão entender? O que sonha um idoso? Será que imagina mais a vida ou a morte? O que pode amar um idoso? O que é o amor para os idosos? O que é a solidão? O que sentem quando se vêm ao espelho? O que sentem quando lhes custa levantar todas as manhãs? O que sentem quando um dia é mais um dia? Será que conseguem viver cada dia como o ultimo? Ou será que repugnam essa ideia?
Um idoso vê-se pela idade, pelo aspecto físico ou pelo espírito?
Sinceramente não sei nem consigo perceber nenhumas dessas questões, mas anseio por o dia em que também eu vou ser rotulado de idoso, vou ter talvez tantas ou mais dificuldades como as que os idosos de hoje possuem, resta-me esperar e levar uma vida minimamente curiosa. Hoje sou um jovem, jovem para os idosos, mas velho para os mais novos, em suma, sou um idoso também, mas um idoso que consegue andar consegue amar, consegue pensar na vida, consegue perceber o que é a terceira idade, consegue avaliar o mundo, consegue olhar para o dia como uma bênção e olhar-me todos os dias ao espelho, sabendo que sou único, genuíno e amado. Então acredito que os “outros” idosos também o consigam fazer e pensar, resta-me respeita-los e acompanha-los na caminhada que também é minha.
Afinal, a minha terceira idade já começou e vai prolongar-se até ao dia em que acordar e estarei algures num universo luminoso ou obscuro. Sou mais um idoso entre os idosos.
Mas já não me cabe a mim julgar.

sexta-feira, setembro 22

Um outro conto para adultos

Se o conhecimento ou inspiração vem de algum lado, então é porque existem mentes ou pessoas que estão mais aptas para interiorizar as ondas que por aí se envolvem.
Numa pequena tertúlia que fiz algures na minha melancólica casa, em que se juntavam três amigos íntimos, um deles, o Dany, explicava que estávamos rodeados de ondas, sejam elas quais forem, por exemplo a rádio, em que a musica estava lá, mas que não a ouvíamos sem o auxilio de um rádio. Mas agora vem a melhor parte, e se de facto conseguíssemos ouvir mas sem que a ouvíssemos? Pois é, agora entra a teoria do conhecimento, em que o conhecimento anda aí, estamos rodeados dele, não temos é nenhum aparelho que o simule, a não ser o nosso cérebro.
Baseado nisto, vou fazer uma experiência, vou fechar os olhos, desligar todo o som que exista em qualquer amplificador electrónico, e vou para uma montanha, sim, porque tal como -Camus, eu quero estar no mais alto, para quê estar numa praia se posso estar numa montanha? Para quê estar preso numa cave, se posso estar numa masmorra?
Vou tentar no cimo de uma montanha captar o que conseguir captar. Se voltar vivo e saudável então é porque sobrevivi ao conhecimento.
Mas para que quero eu o conhecimento?
Sempre que fecho o meu olhar, anseio por um maremoto divino, não me entendo com o homem banal, é forte o sentimento superior que tenho em mim e para mim, que não aguenta uma futilidade. Preciso desse conhecimento para ser um guardião do meu mundo e do meu povo, talvez queira ser um justiceiro.
O mundo precisa de mim, não sei é onde, mas estou quase lá, preciso de mais conhecimento para poder distinguir o lixo que está muito camuflado, preciso de mais estética, preciso de discípulos, preciso do meu exército, mas para isso tenho que o formar e educar primeiro, sem medo. Em breve ele estará pronto, e o mundo que se cuide, porque ele vai ser repressor da ingenuidade maléfica e oportunista.
Falta o nome, precisamos de um nome, antes de partir para a descoberta vou descobrir um nome, o nome é importante, é sempre importante, que reine o nome.

terça-feira, setembro 19

Roubo autorizado

A minha irmã empresta-me a máquina digital dela, eu bem que lhe impinjo a minha analógica, que tem muito mais valor que a dela. Só o facto de ter o dobro da idade dela, já lhe dá uma arrogância saudável e natural, que a digital dela não tem.
A minha analógica faz o mesmo que a dela, mas ao contrário da maturidade do chip de uma, eu possuo as mãos.
Em “breve” os meus pais vão cessar, e ninguém consegue sentir realmente o que é, ninguém, só eu e as minhas irmãs.
Um filho que fique sem pais, é órfão, mas a inexistência de um nome para um pai que fica sem filho, é abstracto, por isso talvez a necessidade de não se pensar muito nisso. Ficar sem avos também não tem nome, mas o mais curioso, é que são sempre os pais que suportam essa dor.
Depois de uma morte, vem a partilha, interessante uma morte trazer partilha, que poderia ter outro sinónimo, como por exemplo, fragmentação. Não me cabe a mim decidir, porque o futuro é uma mentira dos deuses para nos mantermos vivos. A partilha só tem sentido enquanto vida, se partilhar algo de alguém que está morto, então essa fragmentação tem que ter outro nome, possessão, roubo.
Será que a minha irmã vai-me continuar a emprestar a máquina depois de ficarmos órfãos?

sábado, setembro 16

"Abomino todos os modos de vida" Rimbaud

E assim sem qualquer verosimilitude intelectual, afirmo que a filosofia, não é um sistema, não é uma catalogação de livraria e até mesmo um enrolar de pensamentos sistemáticos e deveras implicativos.
A filosofia é a nossa explicação mais nobre para a essência de nos levantarmos todos os dias, até que a morte venha e diga:” vá rapaz, estou com pressa. Infelizmente não sou omnipresente nem omnisciente, porque caso fosse, já não restava ninguém, um de cada vez, a minha sorte, é que sou rápida.”
A todos aqueles que estudam filosofia, fica o consolo de terem mestres que vos facultam uma ou outra biografia mais ordenada, porque se assim não fosse, seriam iguais ou piores do que muitos seres que também eles buscam uma essência existencial.

"Pierre Hadot, grande erudito, mostrou que a filosofia da Antiguidade estava destinada a mudar a existência, e não a construir sistemas de filosofia. Ele influenciou Foucault e também uma nova geração, como a de Michel Onfray, com essa ideia de que a filosofia existe para ser vivida, não somente para ser pensada ou se limitar ao acaso. "
- Vou ter 6 horas semanais de filosofia.
- Que bom… já pareces uma mulher.
- A sério?
- Depende.
- De quê?
- De ti.
- Mas achas que não sou capaz?
- Tantas perguntas?
- É o poder da filosofia!
- Não, simplesmente é o poder da questão!
- E a filosofia não é um sem fim de questões?
- Depende do que procuras!
- Eu procuro tudo!
- Bem… então tem cuidado, podes perder-te!
- Nesse caso, a filosofia dá-me o caminho!
- E se não der?
- E se der?

sexta-feira, setembro 15

Ode Nietzschiana à vida.

É unânime que todos gostam de viver, pelo menos, uns dentro de uma perspectiva diferente de vida, acham que viver é bom. Todos adoram ter amigos, falar, escrever, estudar, trabalhar, ter um carro, jogar um jogo de computador, fazer voluntariado, chatear o vizinho, maltratar a esposa, enfim… todos nós temos uma perspectiva muito prática de viver a vida, que neste caso é nossa, é pessoal e individual, mas que se rege por uma união social, comunitária e talvez de necessidade antropológica.
É aqui, neste ultimo item que entra, a responsabilidade, civismo e um simbólico número de acções sociais. A política é aqui a chave que se responsabiliza por manter o indivíduo social na ordem, ordem essa que é feita de regras, leis e legislações.
A sociedade em Portugal vai a referendo já para Janeiro, e penso que nos faz bem voltar a decidir se queremos votar a favor de uma legislação que possa interromper não provisoriamente, mas permanentemente a gravidez, a vida.
Muito abertamente teremos que analisar esta constante a que chamam de evolução humana, não se entende é como a evolução passa pelo retrocedimento do nascimento, não me parece seriamente que nos queiramos ver perante uma atitude politica, religiosa ou até mesmo democrática, mas sim, alienígena.
Votar na vida é votar no sol que muitos não conseguem ver. De certa forma o aborto vai ser muito importante, positivamente, porque vai evitar que muita gente, muitos hipócritas, desleais, insípidos, malcriados andem por essas ruas fora, seria perfeito que conseguíssemos aniquilar a imperfeição humana e aos poucos conseguíssemos criar a raça perfeita, o humano perfeito, a vida perfeita.
Desde sempre condenamos o mal e a procura que todos temos em fazer o mal, mas atenção, nem todos tentam romper o mal mas sim, limitam-se a devastar os portadores do maquiavélico vírus, que não é humano, mas uma patologia exterior à natureza tanto humana como vegetativa. Todo este alcance pessimista é um pequeno exemplo de pequenos outros exemplos quotidianos, por exemplo, quando a água de um chafariz ou fonte se torna imprópria para consumo, as entidades responsáveis imediatamente colocam uma inscrição/placa a dizer: “água imprópria para consumo”, o que leva a que a fonte perca todo o significado. O que se quer demonstrar é que, nós homens em vez de irmos procurar e tentar descobrir o porquê da água envenenada para a purificarmos e destruir o que faz dela danificada, simplesmente arranjamos a solução mais simples. Assim mais fontes perdem significado, mais água fica estragada e mais ignóbeis somos.
O problema de tantas mulheres não está na interrupção ou não da gravidez, mas sim, na educação, no apoio social, na família, nos pedagogos, no aconselhamento familiar e na própria sociedade, ou mais radicalmente, na responsabilidade de cada uma como ser de procriação, se somos pessoas responsaveis para ter relações sexuais, teremos de ser para assumir o que daí possa vir. Quem pensar que abdicar da vida vai trazer menos problemas à mulher, então boa sorte.
Mesmo assim que a lei seja aprovada, talvez menos escabrosos andem pelas ruas.

terça-feira, setembro 12

Opus I

Os momentos mais inspiradores são os depressivos. Uma pessoa feliz com ela mesmo não pode nunca, nunca ser o revelador da humanidade. É essencial que não se confunda de maneira intrínseca o que se busca com a insatisfação de nós mesmos. Um exemplo mais óbvio que relata esta matéria pode ser a musica, em que os sentidos frustrados formam um desabafo natural, através da arte, por exemplo Pessoa, o eterno desassossegado, o eterno génio, santo agostinho um entre muitos, que buscam o prazer espiritual, pessoal e contraditório da natureza já por ela irónica. É aqui que muitos pensadores pesados de tanto saber, já não conseguem por em prática esse tal saber, afirmando que o conhecimento leva-nos à infelicidade, coitados.
O conhecimento em si, só existe com a partilha honesta e equilibrada, mas a tal procura tem que ser pessoal, tem que ser correspondida, é como o amor. O coração humano não se consegue iluminar com qualquer saber, é precioso aquele saber que nos propõe a um novo patamar, a uma nova temporada, à tendência preciosa do tentar e obviamente do ser. Por isso é que “quanto mais sabemos mais queremos saber.” Ou então “quanto mais sei, mais ignorante me sinto”. O exoterismo trivial de muito saber que se julga ser, sem que nunca o seja, corrompe a alma, e a maneira ingénua do coração actuar. Há que querer… há que morrer, mas de uma causa que não seja a infelicidade, mas sim a busca da felicidade, porque quem busca por si, já é feliz.

domingo, setembro 10

Festas Centenárias - Santa Eufêmea - Óvoa - Sta Comba Dão. Eu e a minha Cybershot, semi compacta





























“Repensar um projecto que já existe não é fácil. Os hábitos, idiossincrasias, o pessoal e os apoiantes habituais, apresentam pouca sensibilidade para mudar, para incorporar áreas tangenciais e diversificadas.
Estudos recentes apontam para a falta de “sanguinidade” como uma das principais deficiências nas instituições portuguesas, as universidades em Portugal têm 90% dos docentes formados pela própria instituição. (O MIT tem 5%).”

- Adaptei este excerto de um artigo de opinião, da revista mensal, AV - Arquitectura e Vida, nº 74, Setembro, 2006, só para referir o seguinte: Adaptar por adaptar é a forma mais fácil de se manipular uma opinião ou até mesmo vários conceitos adjacentes à nossa preciosa vida. Por outro lado deduzir não é referir, por mais estranho que pareça, cada vez mais usamos os “Jeová concepts” para fazer uso de uma inerente vocação intelectual, ou seja um exercício brutal e desnecessário na conquista do parecer público.
Num caso ainda mais concreto, analisar o educando da actualidade, é o mesmo que referir um “Jeová concept”, usam-se os conceitos necessários para o momento sem que a contextualização esteja patente dentro do conceito, os chamados -J.C. são a técnica manipulativa que a seita jeová faz para aderir novos fiéis, o engraçado é que eles levam tão a sério o que dizem que baralha a visão pouco oportunista da liberdade não existente de um ou mais profetas. Se todos os educandos fossem como os jeovas então talvez estivesse-mos melhor, ou não…
Estão a bater à porta, já venho… mas antes de ir, apenas refiro o que um rapaz me disse antes de morrer na unidade oncológica do Hospital de Aveiro: “ nunca te esqueças que os cristais são caros e valiosos, porque são irreparáveis… olha para um copo de cristal, e fica a saber que basta uma lasca para perder todo o valor e significado…, neste momento vês um, sem valor e significado. Que porra, vou morrer, logo agora que conheci a mulher da minha vida, que tenho o emprego perfeito e que os meus pais se reconciliaram… odeio ironias.”

quinta-feira, agosto 31

O que estraga a nossa vida tem resposta.
O maior problema tem um nome, e esse nome é o -sinonimo.
Por exemplo: homenagem, tem tantos sinónimos, a começar, reverência, que por sua vez também pode ser substituído por: culto que por sua vez também tem um sinonimo chamado devoção, mas este pode já ser entendido como: crença, que para muita gente é: convicção, e tal não podia acontecer sem -crença, que analogicamente é derivada da convicção marada da certeza que todos nós temos mas ninguém infalivelmente tem como certa.
Mas a final de contas o que vem a ser isto? Tudo isto se pudesse ser explicado através da linguagem seria isto: - passatempo, ludo, brincadeira, diversão, entretenimento, recreio, distracção, prazer, ilusão, ou então uma patética explicação do porquê da nossa infelicidade linguística, ou do dom de ter uma Língua materna tão bela, diversificada, enfim… cada um de nós tem a linguagem que quer entender.
É mau, ruim, defeituoso, irregular, inconstante, nocivo, quando usamos a linguagem para um meio que o fim não é o mais universal. O bem que não quer contemplar os bens maléficos do pecado e fraco sentido de orientação espiritual, puro.
Vou simplesmente estudar alguma coisa, ainda não sei bem o quê, a minha fé é demasiado perversa para acreditar numa vocação ou num talento próprio. Quando andava na creche não percebia porque estava lá, quando andava na primária não percebia porque andava lá, quando passei pelo secundário descobri que todos queriam alguma coisa, deprimi-me porque não sabia que vontade tinha eu. Os meus conhecidos ambulantes e provisórios queriam ser como os pais, mas eu não. Havia outros que queriam ser um sonho, era deprimente ouvi-los e explicar o quão radiante era o seu futuro, mas eu não. Auto refugiei-me no meu pseudo abismo de soluções, mas mesmo assim nada. Parece que ainda não saí da idade do armário. Em conversa com uma chilena, ela revelou-me que existem espíritos que tentam desafiar as leis, mas que acabam por se perder para sempre, a vida nunca é vida, porque é muito linear, e que os chamados inadaptados são os que barram o conformismo e a falsa loucura. Citou-me até Gil Vicente com a questão: -“ adivinha lá quem é que foi para o céu?”. O nome dela era Lena, estudava numa Universidade Católica da capital chilena, gestão de recursos humanos, o seu apelido era -Gutti, na verdade até temos fotografias em que estamos juntos, mas o mais estranho, é que o e-mail e a morada que me deu, não existem, perguntei a uns amigos que estudavam no mesmo sitio que ela e o resultado foi negativo. A Lena não existia, ninguém a conhecia, até as fotografias que temos juntos ficaram sem a minha querida Lena, andei à procura de um rosto durante 3 meses, até que percebi que não é de um rosto que procuro… riu-me sempre quando falo da Lena, dá-me paz, não queria muito arriscar, mas acho que a Lena é um anjo que anda por aí, talvez o meu anjo da guarda, não sei, sei que as ultimas palavras dela foram de esperança e de carinho, de força e de aventura, gostei. Estou cada vez mais perto de uma verdade, sinto-me especial, e por isso vou partilhar o meu segredo…que já não é segredo.
A viagem que estou a fazer, afinal não é sozinho.

quarta-feira, agosto 30

Em redor dos sítios moribundos do nosso olhar, os continentes continuam a separar-se, a magia da natureza luta desesperadamente em reparar os erros humanos, só há um vencedor.
- Pensa comigo! Diz a natureza para o homem.
- Quem cá estava primeiro? Quem cá estava, dizem vós, seres ignóbeis, porque nós os anciãos das florestas e dos vales, propusemos no último concilio, que vós tendes de ser aniquilados, sem piedade ou rancor, simplesmente aniquilados, patéticos.

terça-feira, agosto 29

“Ode à simplicidade amargurante que contempla de fora o mundo perplexo da exclusão sentimental que não teme em largar a emoção relativizando o poder da amargura infinita do escrever.”
Foi assim que A. da Silva amargurado com a triste vida da sua mulher amada descrevia o real sentimento que pairava no já oco coração. A maior virtude deste jovem senhor de 82 anos era mesmo a da vontade criativa de observar os outros seres.
O mundo amnistiou aquilo que ele mais adorava, a “trotinete” de duas mudanças automáticas. Não foi a trotinete directamente, mas sim a visão. Ficou cego de tanto chorar, os pobres médicos dizem que são cataratas, mas que não compreendem a sua origem, dado que chorar não está nas origens de uma catarata. Uma simples operação seria o suficiente, mas Artur desejaria ficar cego, talvez porque assim o sofrimento e necessidade poderiam ser compensados de uma outra maneira intimista e emocional. Nem com os conselhos do paralítico Sr Henrique, que na verdade só era paralítico porque os músculos das pernas de tão velhos e cansados que estavam, não conseguiam suportar os grandes ossos e grande corpo e assim sendo a cadeira de rodas era a mais preciosa solução para que assim os dois amigos pudessem soletrar o cérebro na mesa de café do café mais perto que tinham na terra.
As tardes destes amigos eram passadas a rir escanzeladamente com as historias que um e outro passaram nos longos tempos dedicados à nação.
O A. Silva foi professor e o Sr. Henrique agente da P.I.D.E, ambos mantinham uma cumplicidade macabra, enquanto que um ensinava o melhor da propaganda científica, académica e nacionalista, um era o gestor daqueles que não cumpriam o seu dever de cidadãos. As histórias eram imensas e delirantes. Cada um tinha a mania de abusar criativamente e ingenuamente dos saberes e funções. O que seria perfeito, era que estas personagens não fizessem parte da ilusão.
Falta pouco para todos nós morrermos, falta muito pouco, e ainda tenho tanta coisa para fazer.
Tem que ser hoje. É mesmo hoje que lhe vou dizer aquilo. Senão terei que esperar que a emoção coronária pare de vez e assim estarei a alterar o que poderia ser o melhor da minha vida, nunca sei quando o melhor é sempre o melhor, sei por exemplo, a nível monetário, quando olho para um contracto e sei se vale a pena ou não, mas em relação à vida, à pura vida que é a minha, isso já não sei. Será problemas de espiritualidade? De medos? Não sei, não quero deixar de ver o que a natureza me deixou, tenho medo, mas quero, vou começar um exercício, a partir de agora, vou ser o mais compulsivo possível, tenho que entrar na harmonia do ser homem e ser animal, tenho que estudar as possibilidades e os riscos, não, não… não pode ser teoria, a teoria estraga a essência magnética do real, tenho que ser mais prático.
Preciso de um mestre.

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