segunda-feira, agosto 28

Opus VII

Qual o mais motivante? Descobrir a resposta através doutrem, ou através de nós mesmo?
Obviamente seria mais interessante que “essa” verdade seja descoberta por nós, mas muito naturalmente usamos os outros para chegarmos às nossas verdades, é claro que todas estas verdades se forem científicas e falamos de uma perspectiva académica ou científica é importante ir reflectir onde os outros já reflectiram, mas que tipo de verdades procuramos nós? O que é uma verdade, por exemplo? A verdade das verdades é indubitavelmente nossa. E que preciosidade é essa? Eu não passo de um nome e tudo que nos rodeia é um nome, um objecto inanimado que pretende ofuscar as demais pretensões de cada um. Se analisarmos as perspectivas mundanas, saberemos identificar o nosso objecto, nós. A anatomia exemplifica o que de melhor a biologia e a física querem de nós, mas para isso, temos que estudar as origens não só antropológicas mas também biológicas, é deveras importante revermos o ensino das Belas Artes, onde os alunos por exemplo de -Escultura têm que estudar a anatomia do Olho, da mão e em geral do corpo todo, isto para se poder avançar para a perspectiva de toda a arte. A arte como manifestação humana é derivada do humano e assim sendo o humano apaixona-se pelo próprio humano, em suma: a arte só pode ser apreciada por alguém que contenha uma análise viva do próprio homem. Estamos então em condições de dizer que a arte é um apelo narcisista, no sentido belo, do narcisismo puro, mas também egoísta, porque, quando se adquire uma peça de arte, ela pertence-nos logo aprisionamo-la com aquele sentido de ciúme, não possessivo, mas no sentido de protecção. É como de um filho se tratasse, em que a criação, gestação, nascimento (fora da barrigona da mão), desenvolvimento etc, nos faz aproximar daquela condição natural humana, é como as nossas peças de arte.
Quem não tem as pretensões de ser pai/mãe, ou de aceitar o desafio natural do homem é porque não está preparado para aceitar o mundo como ele é, e assim ficar no tal marasmo não evolucionista do pensamento estéril e da inteligência também ela estéril. Não queremos ser estéreis, queremos dar o melhor de nós, queremos fugazmente olhar para a carne e ser vegetariano ao mesmo tempo. Mas penso que não faz mal, assim a arte vai continuar a valorizar e os artistas os indigentes já não passarão fome. “Em terra de cegos, quem tem olho é rei”.

1 comentário:

Anónimo disse...

O teu post gravita de forma desordenada em torno de três temas: a verdade, o eu e a arte. Pareces-me alguém que anda ex-cêntrico. Tira o brilhosinho dos olhos, porque esta excentricidade quer dizer "fora do centro", à deriva, ao sabor do vento.Concentra todas as tuas potências e dirige-as para um ponto. Não tenhas receio!