domingo, outubro 29

Especulações racionais da pura razão filosófica

A pequena obsessão que a filosofia cria em todos os seres é automaticamente traída pelos leões da savana intelectual, diria mesmo que uma se trata de uma selva, e das grandes. Se calhar esta selva não tem a diversidade de uma amazónia, mas de um deserto, onde o silencio abrupta dos vales sequiosos das profundas dunas rastejantes de vermes e lagartos, mas que mesmo assim tem diversidade.
O que é preciso para se ser filósofo? O exemplo mais interessante foi dado por alguém que dizia, que os verdadeiros filósofos eram as crianças, porque possuem as características fundamentais para tal profissão, e que profissão é essa? Na escola ensina-se, na disciplina de filosofia, que o objecto da filosofia é o –real e o –ser, e que o objectivo é o conhecimento e a procura, por fim, fica o método, que neste caso é pensar, especular, reflectir. Então o que acontece quando possuímos tais directrizes para filosofar? Nada. E porquê? Porque o ensino obriga-nos a entrar no relativismo, e quando se entra no relativismo, entra-se no niilismo, e entrando-se em tal circunstancia ficamos puramente livres, de quê e porquê? Livres da filosofia, porque o vácuo dos filósofos que estudamos não nos dão margem para actuar. Ou seja, quem estuda filosofia vai ser um submisso de um autor “genial” qualquer, por exemplo Nietzsche, quem devora tal coisa vai tornar-se apoiante desta fracção filosófica, há quem chame discípulo a este tipo de atitude intelectual, mas e quem não gosta de ser submisso? Será que já não pode ser filosofo? Mas pode filosofar, certo? E ao filosofar vai ter sempre adjacente ao pensamento o tal autor, assim deixa-se de ser um indivíduo puramente racional, para ser um individuo racionalmente dependente do outro, fica a salvação dos independentes, que são aqueles que conhecemos algures e muito raramente.
O mundo precisa de muita formação mas não de obrigação, porque o objecto, seja ele filosófico ou não, é que nos possui, e nunca nós, que pensamos possui-lo.
Sim, claro que sim, temos que delirar com Aristóteles, é obrigatório, mas também temos que delirar com os nossos pequenos devaneios.
Porque é que a raça chamada filósofos teme em aparecer? Não digo com isto que se tornem vaidosos de um mundo já por ele muito colorido, mas o que falta para filosofarmos como René Descartes? A resposta não podia ser mais simples. O problema é simples, basta por exemplo olharmos para a disciplina de historia, em que pouco ou nada se identifica connosco, pois, historia universal que é importante do ponto de vista de “cultura geral”, ou então para acertar nalgum concurso televisivo, mas em que nada nos pode ajudar na identificação cultural e antropológica da nossa sociedade portuguesa ou da nossa identidade histórica. O mesmo se passa com a filosofia, que apesar do –ser, ser o objecto de estudo, mas o -ser Nórdico é diferente do -ser latino e agora pensando melhor, será que não influencia em demasia a falta de compreensão do mundo português relativamente ao mundo de uma filosofia universalista que se adapte a cada cultura? É claro que existe a Filosofia em Portugal, como disciplina, mas então porque é que ninguém ouve falar nela?

sábado, outubro 28

sábado, outubro 21

Hoje todos ouvimos Wagner

É claro que não se pode ficar indiferente, que se cante muito com ilusões matemáticas, menos com lógicas formalistas. Os conteúdos pouco matemáticos e as contradições superficiais dos sentidos, conseguem provocar em qualquer pessoa a metamorfose das letras.
Todos celebramos o casamento ao som de uma bela marcha nupcial, sim claro, é aquele cliché forçado que tem vindo a atravessar gerações. Há quem prefira outras e mais sensuais melodias. Que diria o Senhor Wagner, ao ver uma pequena parte da sua belíssima sinfonia “ Treulich Gefuhrt ”, a ser tocada por um saloio qualquer, mas ainda pior, é que esta sinfonia é auto proclamada num casamento. É por isso que toda a gente fica nervosa, e mais catastrófico, é que curiosamente, os “casamentos” cuja “faixa” (incompleta) é auto proclamada não chegam ao fim, tal como a musica.
Em suma: quando se pega em Wagner, é para pegar até ao fim, ou seja é para levar a cabo todo o sentimento grandioso, e nunca mas, mesmo nunca, uns simplórios minutos.
A maldição está descoberta, porque hoje todos ouvimos R. Wagner e percebemos que há coisas que têm de ser levadas ao principio. Hoje, todos estamos preparados para avançar na correria de amor.

sábado, outubro 14

Zapruder, uma corda e muita américa! O melhor

Plano sequencia mais visto na história é este. Em poucas palavras é um filme realizado num único plano, ou seja, sem cortes/montagem. Este transporta o auditório para um universo ainda mais realista e teatral. O filme de Alfred Hitchcock, - A Corda, é uma tentativa deste plano sequencia. O realizador transporta num único cenário toda uma história de intrigas e invejas paranóicas onde um assassinato decorre numa sala de um apartamento, e onde este vai ser lugar de uma festa de despedida, o corpo vai permanecer num baú em toda a cerimonia e é também aqui que a mestria do argumento e das personagem, principalmente a de James Stewart

Que faz o papel de um antigo professor de filosofia, começa a desconfiar que algo está mal.
Hitchcock assina neste filme a sua primeira película a cores e também a mestria da “ilusão” em tentar fazer com que o realismo emocional e psicológico do espectador enfrente a veracidade de toda a narrativa cinematográfica.
-A Corda é uma filme obrigatório, tal como – Micah P. Hinson neste seu ultimo álbum, - And the Opera Circuit.
Viva os E.U.A!

sexta-feira, outubro 13

Um quadrado pode viver isolado, e mesmo assim não deixa de ser quadrado. Mas seis quadrados a viverem em comunidade, já é um cubo. Decrescer para a realidade não é entrave para os verdadeiros sábios, o que está devidamente apinhado para descobrir o cerne da questão, e afirmo – cerne, porque – o fundo já está cheio, é que vai conseguir erguer um troféu de espermatozóides prontos a fecundar as mentes mais sensíveis àquela necessidade de possuir algo mais do que o abecedário. Por outro lado existem as mentes também elas sensíveis, mas que a sensibilidade vai para um outro estado, e afirmo – estado, porque – o patamar estava repleto, e é esse mesmo estado banal que consegue minar as mais nobres conquistas dos sábios. Na sociedade contemporânea estes anti vírus, que são os que captam espermatozóides mas, possuem os óvulos estragados, direccionam sempre o conhecimento para o quadrado, que ao crescer vai corromper a estrutura igualitária que forma o cubo e assim o cubo deixa de ser cubo para passar a ser, um – não cubo, como diria o Parménides.
É claro que os outros cinco quadrados ficam tristes porque deixaram de ser um cubo, eles gostavam mesmo de ser cubos, mas conseguiram aceitar a diferença, restou isso. Ainda bem que não existia politica nem religião, é claro que já se está a adivinhar o sarilho final do – não cubo e do quadrado, Um era uma religião, porque derivava da natureza criadora, e um outro seria uma seita, porque é uma adaptação ou uma patologia do original. Todos ficamos felizes por o – não cubo, não aniquilar de vez com o quadrado. Existe espaço para todos, quem sabe.

sábado, outubro 7

Diálogo sobre o Saber. Gvilhovsky e Parménides.


- Caro Parménides, é com muita alegria que me reúno neste belíssimo espaço junto a esta belíssima arvore!
- Sabes -G; sempre que vejo uma bela árvore, penso sempre, “n‘as jovens filhas do Sol a levar-me, abandonando a região da Noite, para a luz, libertando com as mãos a cabeça dos véus que as escondiam.”.
- De facto, esta árvore é bela, as suas folhas transmitem uma vida que não suspeita um minuto sequer pelo Outono, e mais, a sua idade é frontal e suas raízes devem ser longas e fortes, parece que abraçam o mundo.
- Parece, dizes bem, amigo -G, é como “o direito e a justiça”, onde sabes que existem, e vês de facto, muitos obreiros de justiça e direito, como a policia, os juízes e os advogados, mas parece que ninguém sabe dela.
- Então isso quer dizer, que tem de ser cada um de nós a lutar por isso? Dado que não existe pessoa alguma que consiga mexer, ou envolver as circunstâncias rectilíneas da justiça e do direito? Como se a justiça e o direito fosse algo pessoal e dotado para todos os seres vivos e não para alguns?
- não é bem assim, mas adiante, caro –G, não sejas tão impaciente. O homem é corruptível, mas a alma não. “é necessário que o ser, o dizer e o pensar sejam; pois podem ser, enquanto o nada não é: nisto te indico que reflictas. Desta primeira via de investigação de , e logo também daquela em que os mortais, que nada sabem, vagueiam, com duas cabeças: pois a incapacidade lhes guia no peito a mente errante; e são levados surdos ao mesmo tempo que cegos, aturdidos, multidão indecisa, que acredita que o ser e o não - ser são os mesmo e o não - mesmo, para quem é regressivo o caminho de todas as coisas.
- Desculpa amigo Parménides, mas é muito extenso o teu pensamento, não consigo lá chegar, desculpa.
- Cala-te, ser ignóbil! Amigo –G, não temas o –Pensar, se julgas –Saber, então tens que julgar o –Pensar, porque eles permanecem unos.
- -G! - G! - Chamem a ambulância!

quinta-feira, outubro 5

Hoje, bebi àgua! Hoje, li António Lobo Antunes!

"(...)
- A tua mãe morreu?
eu pudesse contar-te, falar-te não do verão, do Inverno, da decepção dos estorninhos, dos cinzentos sobre cinzentos, do verde escuro das copas, da grade de cervejas onde se abrigavam os patos, do meu pai a visitar-me no colégio aos domingos, sempre com um casaco diferente das calças e a gente não na recepção como os outros, numa das salas de aula num embaraço mudo, barbeava-se mal, sobravam pêlos no queixo, maçava-me, desiludia-me, apetecia-me que me deixasse em paz
- Que veio aqui fazer?"
(...)

-A minha continuação

-Só queria o dinheiro suficiente para me aguentar mais uma semana, odeio que os meus colegas sintam o meu ar de criança de 23 anos ainda frágil
Não sou assim tão frágil, sou o magnata da loucura sensivel,
Mas.
São os óculos massa pretos que eu mais embirro, queria uns iguais, não os dele, uns meus,
Gostei de te ver, a ti e à mãe.
Ela sempre mãe, sempre preocupada, e eu sempre despreocupado, que vingança virá lá de cima? Talvez nenhuma, só a das minhas fracas mãos.

segunda-feira, outubro 2

opus XX

Desapareci, assim como por magia. Os meus sentidos entraram em antagonia profunda.
Uma depressão que se misturou com outra e outra e outra. Fugi, mas voltei, como se de um cão com fome se tratasse. O meu vulcão permaneceu junto ao mar dos opostos, sem nada para dizer.
O sopro do coração queria bombear ar, mas bombeou um liquido viscoso e ácido.
Ontem estava perplexo comigo e com mais alguém, hoje estou genuinamente fraco de tão poucas soluções.
A minha geração está a precisar de motivação. O egoísmo prático do meu animal ser, aloja-se sem permissão, vou lá, ao médico. Vou se me conseguir decidir qual o médico, são tantos, acho que não vou a nenhum. Vou escrever, sem medo, sem paixão, só escrever.
Não, já não vou, estas tretas existencialistas estão a dar cabo de mim, se elas não me ajudam então porque forçar uma coisa que não me diz nada? Ah, raios e coriscos!
Vou-me dedicar ao romantismo. Agiota, mas com muito sacrifício.

sexta-feira, setembro 29

Tributo escrito e não sentido


Sempre tive a consciência que era um nómada. Alguém que vagueia, uma coisa que se dilui num espaço, que desaparece sem avisar, sempre fui um nada.
Passava eu por uma antiga fábrica de lanifícios, onde os trabalhadores são infiéis e em que a promiscuidade é a única taxa para eles se manterem unidos.
Esse nómada tem um nome, mas pouco me interessou, apesar do nome ter sido importante mas o referir neste escrito. Sei que ele foi importante para o meu crescimento, não o vejo como um amigo nem um mestre, simplesmente como alguém que tem um papel importante no mundo. Seria egoísta se lhe disse-se para ficar a trabalhar na fábrica, isto porque ele tem um rumo mais nobre e sensível.
Ele vive o que aprende e aprende com os verdadeiros, aqueles onde o saber não está diluído ou seja o saber – nada.
Um dia ele disse-me: - “ Se vives para seres lembrado, então é porque já estás morto”.
Esta frase matou-me, digo frase, mas é um conselho, que pode ter sido passado de mestres em mestres. Agora chegou a minha vez, não de a exclamar (a frase) como mestre, mas como um nómada que se julgava ser, mas que o não é.
Hoje não ando bem, tudo parece morto. Pareço uma simples personagem de -Brueghel, em que os quadros são um amontoado de seres interessados em possuírem um corpo e onde a alma é esquecida.
Aceito a minha insignificância, aceito-a e pronto. Aceito que podia ser melhor, aceito que posso dar mais de mim à sociedade, mas ela nunca me propôs nada, aceito um olhar materno de uma pessoa. Só não aceito a velhice.

Algum tempo depois, um texto questionado, M I.

Como se vê um idoso, idoso? O que significa terceira idade, para uma pessoa que não quer pertencer a essa categoria? Qual é o objectivo de vida, quando esta, está numa fase mais delicada? Pode um “jovem” definir ou avaliar as necessidades do idoso? Quais são as pretensões do idoso? Diz-se que todas as idades têm valor mas, qual a mais valiosa?
Como se agrada a um idoso? Qual o papel deste na sociedade? Será que a morte os assusta e, se assusta eles conseguem definir isso? Mas caso eles consigam definir isso, será que os mais “novos” vão entender? O que sonha um idoso? Será que imagina mais a vida ou a morte? O que pode amar um idoso? O que é o amor para os idosos? O que é a solidão? O que sentem quando se vêm ao espelho? O que sentem quando lhes custa levantar todas as manhãs? O que sentem quando um dia é mais um dia? Será que conseguem viver cada dia como o ultimo? Ou será que repugnam essa ideia?
Um idoso vê-se pela idade, pelo aspecto físico ou pelo espírito?
Sinceramente não sei nem consigo perceber nenhumas dessas questões, mas anseio por o dia em que também eu vou ser rotulado de idoso, vou ter talvez tantas ou mais dificuldades como as que os idosos de hoje possuem, resta-me esperar e levar uma vida minimamente curiosa. Hoje sou um jovem, jovem para os idosos, mas velho para os mais novos, em suma, sou um idoso também, mas um idoso que consegue andar consegue amar, consegue pensar na vida, consegue perceber o que é a terceira idade, consegue avaliar o mundo, consegue olhar para o dia como uma bênção e olhar-me todos os dias ao espelho, sabendo que sou único, genuíno e amado. Então acredito que os “outros” idosos também o consigam fazer e pensar, resta-me respeita-los e acompanha-los na caminhada que também é minha.
Afinal, a minha terceira idade já começou e vai prolongar-se até ao dia em que acordar e estarei algures num universo luminoso ou obscuro. Sou mais um idoso entre os idosos.
Mas já não me cabe a mim julgar.

sexta-feira, setembro 22

Um outro conto para adultos

Se o conhecimento ou inspiração vem de algum lado, então é porque existem mentes ou pessoas que estão mais aptas para interiorizar as ondas que por aí se envolvem.
Numa pequena tertúlia que fiz algures na minha melancólica casa, em que se juntavam três amigos íntimos, um deles, o Dany, explicava que estávamos rodeados de ondas, sejam elas quais forem, por exemplo a rádio, em que a musica estava lá, mas que não a ouvíamos sem o auxilio de um rádio. Mas agora vem a melhor parte, e se de facto conseguíssemos ouvir mas sem que a ouvíssemos? Pois é, agora entra a teoria do conhecimento, em que o conhecimento anda aí, estamos rodeados dele, não temos é nenhum aparelho que o simule, a não ser o nosso cérebro.
Baseado nisto, vou fazer uma experiência, vou fechar os olhos, desligar todo o som que exista em qualquer amplificador electrónico, e vou para uma montanha, sim, porque tal como -Camus, eu quero estar no mais alto, para quê estar numa praia se posso estar numa montanha? Para quê estar preso numa cave, se posso estar numa masmorra?
Vou tentar no cimo de uma montanha captar o que conseguir captar. Se voltar vivo e saudável então é porque sobrevivi ao conhecimento.
Mas para que quero eu o conhecimento?
Sempre que fecho o meu olhar, anseio por um maremoto divino, não me entendo com o homem banal, é forte o sentimento superior que tenho em mim e para mim, que não aguenta uma futilidade. Preciso desse conhecimento para ser um guardião do meu mundo e do meu povo, talvez queira ser um justiceiro.
O mundo precisa de mim, não sei é onde, mas estou quase lá, preciso de mais conhecimento para poder distinguir o lixo que está muito camuflado, preciso de mais estética, preciso de discípulos, preciso do meu exército, mas para isso tenho que o formar e educar primeiro, sem medo. Em breve ele estará pronto, e o mundo que se cuide, porque ele vai ser repressor da ingenuidade maléfica e oportunista.
Falta o nome, precisamos de um nome, antes de partir para a descoberta vou descobrir um nome, o nome é importante, é sempre importante, que reine o nome.

terça-feira, setembro 19

Roubo autorizado

A minha irmã empresta-me a máquina digital dela, eu bem que lhe impinjo a minha analógica, que tem muito mais valor que a dela. Só o facto de ter o dobro da idade dela, já lhe dá uma arrogância saudável e natural, que a digital dela não tem.
A minha analógica faz o mesmo que a dela, mas ao contrário da maturidade do chip de uma, eu possuo as mãos.
Em “breve” os meus pais vão cessar, e ninguém consegue sentir realmente o que é, ninguém, só eu e as minhas irmãs.
Um filho que fique sem pais, é órfão, mas a inexistência de um nome para um pai que fica sem filho, é abstracto, por isso talvez a necessidade de não se pensar muito nisso. Ficar sem avos também não tem nome, mas o mais curioso, é que são sempre os pais que suportam essa dor.
Depois de uma morte, vem a partilha, interessante uma morte trazer partilha, que poderia ter outro sinónimo, como por exemplo, fragmentação. Não me cabe a mim decidir, porque o futuro é uma mentira dos deuses para nos mantermos vivos. A partilha só tem sentido enquanto vida, se partilhar algo de alguém que está morto, então essa fragmentação tem que ter outro nome, possessão, roubo.
Será que a minha irmã vai-me continuar a emprestar a máquina depois de ficarmos órfãos?

sábado, setembro 16

"Abomino todos os modos de vida" Rimbaud

E assim sem qualquer verosimilitude intelectual, afirmo que a filosofia, não é um sistema, não é uma catalogação de livraria e até mesmo um enrolar de pensamentos sistemáticos e deveras implicativos.
A filosofia é a nossa explicação mais nobre para a essência de nos levantarmos todos os dias, até que a morte venha e diga:” vá rapaz, estou com pressa. Infelizmente não sou omnipresente nem omnisciente, porque caso fosse, já não restava ninguém, um de cada vez, a minha sorte, é que sou rápida.”
A todos aqueles que estudam filosofia, fica o consolo de terem mestres que vos facultam uma ou outra biografia mais ordenada, porque se assim não fosse, seriam iguais ou piores do que muitos seres que também eles buscam uma essência existencial.

"Pierre Hadot, grande erudito, mostrou que a filosofia da Antiguidade estava destinada a mudar a existência, e não a construir sistemas de filosofia. Ele influenciou Foucault e também uma nova geração, como a de Michel Onfray, com essa ideia de que a filosofia existe para ser vivida, não somente para ser pensada ou se limitar ao acaso. "
- Vou ter 6 horas semanais de filosofia.
- Que bom… já pareces uma mulher.
- A sério?
- Depende.
- De quê?
- De ti.
- Mas achas que não sou capaz?
- Tantas perguntas?
- É o poder da filosofia!
- Não, simplesmente é o poder da questão!
- E a filosofia não é um sem fim de questões?
- Depende do que procuras!
- Eu procuro tudo!
- Bem… então tem cuidado, podes perder-te!
- Nesse caso, a filosofia dá-me o caminho!
- E se não der?
- E se der?

sexta-feira, setembro 15

Ode Nietzschiana à vida.

É unânime que todos gostam de viver, pelo menos, uns dentro de uma perspectiva diferente de vida, acham que viver é bom. Todos adoram ter amigos, falar, escrever, estudar, trabalhar, ter um carro, jogar um jogo de computador, fazer voluntariado, chatear o vizinho, maltratar a esposa, enfim… todos nós temos uma perspectiva muito prática de viver a vida, que neste caso é nossa, é pessoal e individual, mas que se rege por uma união social, comunitária e talvez de necessidade antropológica.
É aqui, neste ultimo item que entra, a responsabilidade, civismo e um simbólico número de acções sociais. A política é aqui a chave que se responsabiliza por manter o indivíduo social na ordem, ordem essa que é feita de regras, leis e legislações.
A sociedade em Portugal vai a referendo já para Janeiro, e penso que nos faz bem voltar a decidir se queremos votar a favor de uma legislação que possa interromper não provisoriamente, mas permanentemente a gravidez, a vida.
Muito abertamente teremos que analisar esta constante a que chamam de evolução humana, não se entende é como a evolução passa pelo retrocedimento do nascimento, não me parece seriamente que nos queiramos ver perante uma atitude politica, religiosa ou até mesmo democrática, mas sim, alienígena.
Votar na vida é votar no sol que muitos não conseguem ver. De certa forma o aborto vai ser muito importante, positivamente, porque vai evitar que muita gente, muitos hipócritas, desleais, insípidos, malcriados andem por essas ruas fora, seria perfeito que conseguíssemos aniquilar a imperfeição humana e aos poucos conseguíssemos criar a raça perfeita, o humano perfeito, a vida perfeita.
Desde sempre condenamos o mal e a procura que todos temos em fazer o mal, mas atenção, nem todos tentam romper o mal mas sim, limitam-se a devastar os portadores do maquiavélico vírus, que não é humano, mas uma patologia exterior à natureza tanto humana como vegetativa. Todo este alcance pessimista é um pequeno exemplo de pequenos outros exemplos quotidianos, por exemplo, quando a água de um chafariz ou fonte se torna imprópria para consumo, as entidades responsáveis imediatamente colocam uma inscrição/placa a dizer: “água imprópria para consumo”, o que leva a que a fonte perca todo o significado. O que se quer demonstrar é que, nós homens em vez de irmos procurar e tentar descobrir o porquê da água envenenada para a purificarmos e destruir o que faz dela danificada, simplesmente arranjamos a solução mais simples. Assim mais fontes perdem significado, mais água fica estragada e mais ignóbeis somos.
O problema de tantas mulheres não está na interrupção ou não da gravidez, mas sim, na educação, no apoio social, na família, nos pedagogos, no aconselhamento familiar e na própria sociedade, ou mais radicalmente, na responsabilidade de cada uma como ser de procriação, se somos pessoas responsaveis para ter relações sexuais, teremos de ser para assumir o que daí possa vir. Quem pensar que abdicar da vida vai trazer menos problemas à mulher, então boa sorte.
Mesmo assim que a lei seja aprovada, talvez menos escabrosos andem pelas ruas.

terça-feira, setembro 12

Opus I

Os momentos mais inspiradores são os depressivos. Uma pessoa feliz com ela mesmo não pode nunca, nunca ser o revelador da humanidade. É essencial que não se confunda de maneira intrínseca o que se busca com a insatisfação de nós mesmos. Um exemplo mais óbvio que relata esta matéria pode ser a musica, em que os sentidos frustrados formam um desabafo natural, através da arte, por exemplo Pessoa, o eterno desassossegado, o eterno génio, santo agostinho um entre muitos, que buscam o prazer espiritual, pessoal e contraditório da natureza já por ela irónica. É aqui que muitos pensadores pesados de tanto saber, já não conseguem por em prática esse tal saber, afirmando que o conhecimento leva-nos à infelicidade, coitados.
O conhecimento em si, só existe com a partilha honesta e equilibrada, mas a tal procura tem que ser pessoal, tem que ser correspondida, é como o amor. O coração humano não se consegue iluminar com qualquer saber, é precioso aquele saber que nos propõe a um novo patamar, a uma nova temporada, à tendência preciosa do tentar e obviamente do ser. Por isso é que “quanto mais sabemos mais queremos saber.” Ou então “quanto mais sei, mais ignorante me sinto”. O exoterismo trivial de muito saber que se julga ser, sem que nunca o seja, corrompe a alma, e a maneira ingénua do coração actuar. Há que querer… há que morrer, mas de uma causa que não seja a infelicidade, mas sim a busca da felicidade, porque quem busca por si, já é feliz.

domingo, setembro 10

Festas Centenárias - Santa Eufêmea - Óvoa - Sta Comba Dão. Eu e a minha Cybershot, semi compacta





























“Repensar um projecto que já existe não é fácil. Os hábitos, idiossincrasias, o pessoal e os apoiantes habituais, apresentam pouca sensibilidade para mudar, para incorporar áreas tangenciais e diversificadas.
Estudos recentes apontam para a falta de “sanguinidade” como uma das principais deficiências nas instituições portuguesas, as universidades em Portugal têm 90% dos docentes formados pela própria instituição. (O MIT tem 5%).”

- Adaptei este excerto de um artigo de opinião, da revista mensal, AV - Arquitectura e Vida, nº 74, Setembro, 2006, só para referir o seguinte: Adaptar por adaptar é a forma mais fácil de se manipular uma opinião ou até mesmo vários conceitos adjacentes à nossa preciosa vida. Por outro lado deduzir não é referir, por mais estranho que pareça, cada vez mais usamos os “Jeová concepts” para fazer uso de uma inerente vocação intelectual, ou seja um exercício brutal e desnecessário na conquista do parecer público.
Num caso ainda mais concreto, analisar o educando da actualidade, é o mesmo que referir um “Jeová concept”, usam-se os conceitos necessários para o momento sem que a contextualização esteja patente dentro do conceito, os chamados -J.C. são a técnica manipulativa que a seita jeová faz para aderir novos fiéis, o engraçado é que eles levam tão a sério o que dizem que baralha a visão pouco oportunista da liberdade não existente de um ou mais profetas. Se todos os educandos fossem como os jeovas então talvez estivesse-mos melhor, ou não…
Estão a bater à porta, já venho… mas antes de ir, apenas refiro o que um rapaz me disse antes de morrer na unidade oncológica do Hospital de Aveiro: “ nunca te esqueças que os cristais são caros e valiosos, porque são irreparáveis… olha para um copo de cristal, e fica a saber que basta uma lasca para perder todo o valor e significado…, neste momento vês um, sem valor e significado. Que porra, vou morrer, logo agora que conheci a mulher da minha vida, que tenho o emprego perfeito e que os meus pais se reconciliaram… odeio ironias.”