Experimentem colocar três ou mais pessoas com curiosidade existencial num só espaço, e o resultado é um coração cheio.
Normalmente, dizem, que não podemos viver sem o outro, faz parte da condição de sobrevivência. Assumimos que não podemos falar de um Eu sem alteridade, isto porque somos uma construção a partir do Outro, mesmo as nossas motivações pessoais ou profissionais são o desenrolar de um processo profundo que teve origem em alguém que não em nós mesmos. (familiar ou social).
Como lidamos, constantemente, com sensibilidades vitais múltiplas, isto é, corpo, intelecto, espiritualidade e raízes sociais, tentamos gerir as informações do Outro com as nossas próprias sensibilidades, por vezes temos medo de nos desentender, mas, quem tem medo de se desentender, nunca poderá entender-se. Na intersubjetividade não há lugar ao julgamento, só ao entendimento.
Ora, conseguimos perceber que somos dependentes dos outros, quando confrontados com a Escolha.
Não ter a capacidade de decisão por si só, (não-decidir é já uma decisão) compromete-nos connosco de forma existencial, ao invés da escolha por si, que nos remete para a responsabilidade da ação.
Decidir e escolher são oportunidades que nos valorizam enquanto Ser e as relações múltiplas, a que estamos sujeitos, ajudam-nos a confrontar o Eu enquanto comunicação do Outro.
No entanto, sentimo-nos, muitas das vezes, condenados a uma liberdade aparente, isto é, a uma fonte de insatisfação, a um vazio que nos leva a uma frustração, por vezes, medo de aceitar e de ser aceite.
Todos procuramos opções de vida que nos tornem felizes e insaciavelmente apaixonados pela curta vida que temos. A opção fundamental é perceber, nalgum momento o que queremos ter em mão, e a partir desse momento chave usamos a nossa existência para dar sentido ao nosso projeto de vida. Como chegamos à opção fundamental? Não chegamos. Vamos morrer sozinhos e desamparados, sem nunca ter descoberto a verdade que nos ampara. O sorriso da fotografia é evidência dessa mesma descoberta. Há que imaginar que somos felizes. Porque só assim o conseguiremos ser.
"A 23 de janeiro, a segunda sessão deste ano irá ter como autor convidado Afonso Cruz. O escritor será o dinamizador de um atelier de Escrita Criativa, a ter lugar na Casa Museu Fernando Namora, das 10h às 13h e das 14h30 às 17h30, seguido de uma sessão de autógrafos."
As inscrições são limitadas!
Nota Biográfica
Além de escritor, Afonso Cruz é também ilustrador, cineasta e músico da banda The Soaked Lamb. Nasceu em 1971, na Figueira da Foz, e viria a frequentar mais tarde a Escola António Arroio, em Lisboa, e a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, assim como o Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira e mais de cinquenta países de todo o mundo. Já conquistou vários prémios, distinguindo-se os mais recentes Prémio Autores para Melhor Ficção Narrativa eo Prémio Nacional de Ilustração 2014, com o livro "Capital".
A de-cisão é o caminho para uma construção da consciência autêntica e permanente de si-mesma. Quando confrontados por ela estamos prontos a convidar a morte a jogar xadrez, até lá, brincamos às damas.
Na WWW quando não conseguimos ser expressivos o suficiente, colocamos, postamos, divulgamos material de outros. Normalmente é assim. Não serei diferente. Aquele verde fato, e aquele penteado à mete-nojo merecem ser divulgados.
"Pondere-se o caso das narrativas sobre encontros com seres sagrados. As religiões parecem apontar para realidades fora dos seres humanos. Os textos de todas as religiões descrevem poderes não humanos. Porém, é impossível encontrar um único texto, um único parágrafo que represente qualquer coisa que não seja humana. Uma análise fina dos textos sagrados mostra constantemente estruturas humanas. Repare-se no vasto conjunto de textos sagrados que parecem mais afastados da experiência humana: as histórias da criação do mundo. Nas milhentas narrativas de criação do mundo de todas as religiões da Terra não há nada que não seja humano. Nós trabalhamos; os deuses fazem qualquer coisa para ocupar o tempo; nós procuramos perfeição; os deuses criadores criam perfeição; nós preocupamo-nos com os nossos filhos e com os nossos haveres; os deuses preocupam-se com a sua criação e com o que os seres criados andam a fazer. De facto, é difícil ou até mesmo impossível encontrar um único texto religioso que fale de Religião. Todos os textos religiosos ocupam-se das novelas da vida quotidiana de todos nós em versão bigger than life."
Esta é a fonte do cinema Europeu. Quer se queira, quer não, este filme ainda hoje inspira gerações de realizadores e aspirantes ao mundo do cinema.
"Vertov alia a sua presença no filme e a
presença do aparato cinematográfico à ideia
de registar as pessoas sem que elas se apercebam."
Para um olhar mais atento: O Documentarismo do Cinema - Manuela Penafria (http://www.bocc.ubi.pt/pag/penafria_manuela_documentarismo_cinema.pdf)
A publicidade é uma figura enigmática do espaço social, digo isto porque, está em todo o lado mas não é para toda a gente. Esta ferramenta tem espaço e tempo próprio, e é isto que a torna irritante, quantas ferramentas conseguem ser socialmente transversais?
Estimular os sentimentos da populaça deve ser excitante para todos os arrogantes-demoníacos que trabalham em publicidade. Estes duendes de satã, através da técnica criativa da tecnologia, procuram na fraqueza humana o consolo da compreensão ou entendimento humano que eles mesmo não possuem, isto porque, usam a subtileza saloia para transmitir um sentimento individual numa demonstração global.
As pessoas deviam sentir-se violadas por existirem campanhas publicitárias que divulguem de forma descabida a frustração do amor, da relação, da intersubjectividade num video de um minuto, como se o Eu e o Tu, aliás, o Nós, coubessem numa televisão. Deixem isso para a literatura.
Estes pacóvios promovem a escravidão do consumo: comprem, comprem... primeiro está o consumo, depois as relações humanas. Quando se lembram, isto é, quando lhes dá jeito, mascaram-se de profetas da união. É um paradoxo dos tempos modernos. Malditos!