sexta-feira, agosto 22

A Liberdade de Existir (1/2)

Em 2005 os principais meios de comunicação europeus expunham uma verdadeira tragédia portuguesa. Mais mediático que a queda da ponte de Entre – os – Rios (2001), eram os incêndios que faziam o medo e o terror de milhares de pessoas.
Um verão escaldante percorria sem piedade matas, pinhais, florestas, casas e tudo que fosse inflamável. Nada fazia prever que aquele verão de 2005 fosse o início de uma revolta institucional e pública. Os homens portugueses pouco habituados a grandes alaridos naturais repararam o quão pequenos são perante a grandiosidade da Mãe Natureza. Portugal no ano de 2005 ficou com uma área ardida no valor de 91.627 ha. [1]
Passados três anos novas casas se implementaram, espaços verdejantes, e onde parecia impossível, seres vivos emergiam prontos a reclamar um habitat.
O que aconteceu verdadeiramente é a associação de um fenómeno grandioso e que deve ser levado muito a sério. Na Filosofia da Mente existem as chamadas teses emergentistas (que emergem), como por exemplo a Superveniência, o Epifenomenismo e claro está, o Emergentismo.
O Epifenomenismo afirma-se como uma solução primeira para o Fisicalismo onde as substâncias mentais conseguem emergir em propriedades físicas, isto porque os fenómenos mentais são diferentes dos físicos, existe uma causa – efeito (causalidade) entre o físico e o mental. O fenómeno mental não pode alterar nem causar um outro efeito físico. Estes fenómenos acompanham o corpo (físico), mas que não o influenciam, portanto é algo secundário. Por exemplo: Quando assistimos ao Rally de Portugal, ouvimos os carros ao longe a aproximarem-se, o fenómeno (corpo) é o funcionamento dos carros e o “roncar” é um fenómeno secundário que decorre da actividade do próprio veículo. O barulho não afecta o veículo, mas sim o contrario. O ruído é o Epifenomenismo do processo mecânico do automóvel (Fisicalismo).
[1] Estatísticas do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.

sexta-feira, agosto 15

Fast Relief: Man-made Machines



Client: Himani Fast Relief Agency: Ambience Publicis Creative Director/Copywriter: Ashish Khazanchi Creative Director/Art Director: Prasanna Sankhe Art Director: Prashant Godbole, Akash Das Agency Producer: Hozefa Alibhai Director: Ram Madhvani Production Company: Equinox Films Line Producer: Manoj Shroff Director of Photography: Kartik Vijay Production Designer: Sahrudananda Sahoo, Anna Ipe VFX: Khvafar Vakharia Editor: Anshuman Gokel Music: Vishal & Shekhar

quinta-feira, agosto 14

Recensão ao “Elogio ao Amor” de Miguel Esteves Cardoso

Para MEC o verdadeiro amor já não existe, acabou. As pessoas que se afirmam independentes estranham a própria dependência da independência. Esta antagónica relação é o refúgio dos “tempos modernos”, porque as pessoas usam o “amor” para alcançar um fim, que para MEC é a conveniência – “Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.”.
Estas palavras são relevantes porque levantam várias questões pragmáticas. Mas porque razão é que o amor tem que ser sofredor? É claro que não temos que ser todos como a Penélope, mas a verdade diz - que o amor é a própria felicidade. Se assim é, porque havemos de sofrer? Se temos um(a) colega ao nosso lado que até simpatiza com a nossa personalidade e até tem um sorriso cativante, isso terá que ser -um inicio de qualquer coisa, amor? Paixão? Conveniência?
MEC usa o – amor em tudo. Amor para ali, amor para acolá enfim… por mais estranho que pareça faz parte da substância humana querer entranhar o – Outro (nem sempre no sentido literal).
É perceptível a mensagem transmitida pelo autor, a dimensão do texto é cativante emocionalmente, o dramatismo é actual… consegue-se identificar o recado que MEC nos propõe. “O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.”. Entre ser estóico e epicurista os românticos preferem descobrir a pessoa certa experimentando, daí o romantismo experimental.
“O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.” -Precisamente. Daí que os casais contemporâneos sejam assim, pessoas que procurem mais e melhor. Socializar, socializar, socializar… eis o novo mote dos contemporâneos. Agora não se dão flores, partilham-se músicas e vídeos no youtube. O hi5 e o skype são os verdadeiros pontos de encontro. É lá que tudo acontece. É claro que (a)os colegas do emprego, ou até do voluntariado, são importantes e completamente necessárias para fomentar um amor, isto para quem não tem internet, claro!
“A vida dura a vida inteira, o amor não.” Claro que o amor dura a vida toda, por isso é que se chama amor. O amor é incorruptível, a vida também… a pessoa não. Que se lixe o amor, há lá gajas ou não?

Podem ler o Elogio ao amor no blog da Ana, AQUI

Fogo

terça-feira, agosto 12

Àgua - Denver Water






Client: Denver Water
Agency: Sukle Advertising & Design
Creative Director: Mike Sukle
Art Director: Andy Dutlinger, Jeff Euteneuer
Copywriter: Jim Glynn -Photographer: Brian Mark

segunda-feira, agosto 11

sábado, agosto 9

10 Exercícios Zen, para se sobreviver ao Ocidente (3/10)

Ao sair de casa ter sempre em mente uma coisa: - Existe mais mundo. Ter a ideia de humildade só favorece o crescimento e amadurecimento intelectual de nós mesmos. Se somos realizadores, pintores, arquitectos, escritores, jornalistas, designs etc etc, temos que pensar que existem pessoas mais avançadas na técnica (teckné), daí o respeito ao Mestre (professor), se o Mestre não é o maior e o melhor, todo o conceito de escola fica degradado, porque são essas pessoas que nos motivam a crescer na arte e na individualidade. Para perceber se Portugal é ou não um país potencialmente pouco desenvolvido basta olhar para os produtos que vendemos. A publicidade é sem dúvida um reflexo da nossa menoridade, isto porque somos aquilo que consumimos. Não quero com isto incentivar ao consumismo, mas existem coisas que nos marcam e que nos podem tornar pessoas melhores. Nunca vimos na televisão este anúncio porquê?
Nesta altura já deve estar no emprego, ou seja, é um funcionário de uma empresa qualquer, para ser feliz no trabalho um funcionário é a pessoa que funciona, e quando não funciona é porque é um perfeito idiota. Mesmo assim, não desanime, nunca se esqueça, só trabalha porque não tem mais nada para fazer (Oscar Wilde).

quarta-feira, agosto 6

A Identidade Transcende a Física

Logo quando nascemos é-nos dado um nome. Chegando à adolescência é-nos atribuído um número. Já ao entrar na vida adulta é-nos dado mais números (Carta de condução, NIF etc.) Só depois de morrer é que voltamos outra vez a ser um nome, isto no nosso epitáfio. Esta “Identidade” é a característica mais preciosa do mundo em que vivemos. Sem esta “Identidade” fazíamos parte integral do mundo físico. A Consciência e a Mente do Homem encontram-se a um nível superior do Fisicalismo “básico”.
O Monismo diz-nos que Mente e Corpo estão unidos na mesma substância. O Dualismo afirma que a Mente e Corpo estão separados. Segue-se o Vitalismo que apresenta uma solução interessante, onde declara que a diferença está nas propriedades animadas e inanimadas. Esta posição afirma também que nas propriedades animadas existe uma força de “nível superior” que move-se num “impulso vital” longe de um sistema físico onde os movimentos e acções do corpo são ocorrências físicas ou mecânicas, é como se vivêssemos todos num sistema mecânico. [1]
O problema da identidade não é próprio da filosofia contemporânea, é, antes, um tema que acompanha toda a história da filosofia. O que faz com que um sujeito seja um sujeito? Que indivíduo é este que eu sou? Em que circunstâncias é que uma pessoa, existindo num determinado tempo, é idêntica a outra pessoa (a mesma pessoa) existindo num outro determinado tempo? O que entendemos por pessoa? Como é que a pessoa persiste ao longo do tempo? O que faz de mim uma pessoa, o meu corpo, o meu cérebro ou os meus estados mentais? Estes são exemplos de questões relacionadas com a identidade pessoal.
Identidade não é algo de físico, mas será que apresenta-se como algo metafísico com contornos que influenciam o espaço, o físico? Conseguimos entender que este eterno laço “afectivo” é dualista, mas ao contrário da mutabilidade das propriedades físicas, a identidade permanece fiel a si mesma. Renegociar esta aparente forma de permanecer no mundo vai tornar seguras as teorias emergentistas.
Foi Severino Boécio, no século V, a usar o conceito persona para se referir à identidade do ser humano, define pessoa como uma substância individual de natureza racional: «Persona est naturae rationalis indivudua substancia». Santo Agostinho identifica a pessoa com o eu. E questiona: «Quem sou eu, meu Deus? Que natureza sou eu?[2]
Já na época moderna, Descartes cinde o homem em duas substâncias, a corporal, extensa e a mental, e atribui a esta última a “essência” da pessoa. Na contemporaneidade, a experiência hipotética de “brain-state transference” tenta averiguar o que aconteceria se, se conseguisse descarregar todo o conteúdo mental, incluindo o carácter, valores e memórias e depois imaginemos que por meios de alta tecnologia conseguíssemos trocar os conteúdos mentais de um indivíduo para outro. Desta forma, os conteúdos mentais de um indivíduo passariam para um outro corpo. A questão que se coloca é a seguinte: será que o critério para definir o que é a identidade é os conteúdos mentais ou o corpo? Será que a pessoa num novo corpo é a mesma que a pessoa que tinha antes um corpo diferente? Ou o corpo é inextricável da noção de identidade?
[1] H. Bergson, A Evolução Criadora, Edições 70, Lisboa, 2001
[2] Santo Agostinho, Confissões, Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 2000

domingo, agosto 3

10 Exercícios Zen, para se sobreviver ao Ocidente (2/10)

Depois de se vestir, veja se ainda tem tempo para o pequeno-almoço, se tiver, aproveite e saboreie algo de natural e biológico, uma maça ou uma banana são excelentes caloríficos, se for viciado em café, então beba – beba bastante. Se por acaso toma algum anti-depressivo não se preocupe, continue a tomar, as farmacêuticas agradecem, e os médicos que os prescrevem acabaram de ganhar uma viagem às Bermudas, não se chateie com os lobbies, não vale a pena, porque são eles o motor de toda a indústria anti-depressiva, acredite, quanto mais pensa nisso mais dinheiro eles ganham. Se por acaso não toma nenhum medicamento é porque ainda não acordou para a vida, porque quando acordar, vai ver que faz sentido toda esta história.
Ao sair de casa, habitue-se a deixar a cama feita, nunca se sabe como vai acabar o dia. Se tiver roupa para lavar, não vá a uma lavandaria, é preferível pedir a uma vizinha. Como? Como sabemos, a taxa de natalidade no mundo Ocidental está muito baixa, e isso, trás consequência muito más. Os idosos aumentam, e com isto, o isolamento. Um dos passos mais importantes para se viver em comunidade é conhecer a própria comunidade, por isso, procure nas suas redondezas alguém que viva com algumas dificuldades ou que se sinta inútil, assim peça-lhe educadamente para lhe cuidar da roupa suja. Este processo é importante, porque está a integrar inconscientemente uma pessoa na sua comunidade, e consegue dar dinheiro a quem não tem e ainda poupa algum, acredite.

sábado, agosto 2

10 Exercícios Zen, para se sobreviver ao Ocidente (1/10)

Nunca acordar encostado a uma parede. A cama tem que estar sempre posicionada de maneira a ter as partes laterais livres. Se é uma pessoa que tem problemas em acordar, experimente na noite anterior beber uma caneca de chá verde morno, vai ver que de logo pela manha o que mais quer é uma casa de banho, assim, fica resolvido o problema do acordar. Mal esteja de pé, vá direito(a) à janela ou varanda, e se as pessoas que passam olharem muito admiradas para si, não se preocupe, é porque está nua. Entretanto ligue o pc, e coloque esta música, vai ver que fica mais bem disposto(a), enquanto a ouve sabe que tem 3 minutos e dezoito segundos para se vestir…

sexta-feira, agosto 1

Minta muito brevemente

Caríssimos
Está próximo...
Ao ouvirmos MINTA pela primeira vez tornamos-nos saudosistas de uma sonoridade clássica das song singers... Por isso aqui vai... Minta ao vosso dispor.

http://www.virb.com/minta

Surgiu o Cuil

O Cuil é novo motor de busca da cena net. Depois de ter analisado e comparado certas características entre o Cuil (cuja pronuncia se assemelha a cool) e a Google , achei por bem deixar aqui um pequeno texto de divulgação ao Cuil. Para além do grafismo ser totalmente diferente da google (p.ex: index preto e a escolha entre duas colunas ou três na apresentação dos resultados), a organização informativa é quase perfeita, educativa mas muito bem seleccionada. Não foi um espanto, porque ao contrário de outros motores de busca, que graficamente são maioritariamente iguais, o Cuil ganha porque é inovador na programação e design. Não podemos esquecer que os fundadores da Cuil são antigos engenheiros da Google e isso talvez faça toda a diferença.

Porquê ler Marx hoje?

A tradução é de Joana Frazão e de Francisco Frazão. Editado pela Edições Cotovia em 2003 e autorizado pela Oxford University Press.
O Autor, Jonathan Wolff apresenta (2002) um interessante livro baseado nas suas lições, enquanto professor de – Ensino do Marxismo no Departamento de Filosofia no University College de Londres.
É na actualidade económica e social que se revela se o espírito Marxista está ou não morto, e casos como a TAP, em que os trabalhadores exigem melhores salários com o argumento de que os lucros “exagerados” da empresa deveriam ser repartidos com todo o corpo orgânico da empresa (empregados minoritários incluídos).
O livro é interessante para quem conhece Marx através de cafés ou comícios Comunistas, porque liberta-nos de mitos ignóbeis, basta ver por exemplo as declarações mensais do Secretário-geral do PCP na Assembleia da Republica. Como é sabido Marx dizia que não era Marxista, o que levanta sérias dúvidas sobre todo o sistema que o comunismo envolve. Poucos revelam o humanismo ou até a visão positivista que o pensamento cuidadoso de Marx tentava expor, se bem que, Marx nunca conseguiu propor um modo de organização da sociedade. A “luta”, essa sim, era uma alerta contra o perigo do capitalismo selvagem, onde a liberalização do consumo levantaria graves e sérios problemas ao mundo inteiro.
A Superveniência que irradiava dos ensinamentos propositados de Marx são ainda hoje fonte de inspiração para os mais novos e não para as classes políticas. Vejamos este paragrafo:
“Nos nossos dias tudo parece prenhe do seu contrário. A maquinaria, dotada com o poder maravilhoso de diminuir e frutificar o trabalho humano, mata-o à fome e fá-lo trabalhar em excesso. As novas fontes de riqueza, por algum estranho sortilégio, transforma-se em fontes de escassez. As vitórias da arte parecem compradas pela perda de carácter. Ao mesmo ritmo que a humanidade domina a natureza, o homem parece tornar-se escravo de outros homens ou da sua própria infâmia. Até a luz pura da ciência parece incapaz de brilhar excepto contra o fundo escuro da ignorância”. (M. 368)
Porquê ler Marx Hoje? é um verdadeiro manual e uma iniciação à vida pensamento de C. Marx, porém é um livro de filosofia onde aborda certas questões que para os menos familiarizados na área pode passar despercebido, mas mesmo assim é um convite a uma “espiritualidade” intrínseca.