terça-feira, dezembro 26

Perpetuem-se.

Voando sobre os ninhos de uma ave pequena, o homem sussurra palavras amistosas de silêncio confuso. Quem mais poderá viajar se não souber o caminho? Anteontem todos morriam de sede e de calor, mas o intenso orvalho que das nuvens permanecia fugitivo de harmonia, nada mais se manifestaram sem que o Homem os alcançasse.
Ternas mãos rudes de veios sapientes mexiam no ninho de avestruzes. Como eram grandes, as mãos.
As águias afugentadas pelo ódio do não querer viver consoante a misericórdia da dádiva, viraram-se mortalmente sob o profundo e triste magistral silencio do branco supérfluo da inquietação penetrante da vida.
- Que miséria!
- Que paixão!
Soltai os patos e as andorinhas que tanto voam para mostrarem uma vez mais que existem para que se saiba da ainda liberdade da morte. Mas para se escolher, tem que se saber da vida.
O sol não poisa, avança em linha recta, nós, mortais, é que circulamos numa vida consciente, mas circular.
Perpetuem-se.

terça-feira, dezembro 19

Proposta de Rem Koolhaas para uma nova bandeira da União Europeia (2004)

sexta-feira, dezembro 8

“Être et avoir”

Nicolas Philibert assina uma obra de verdadeiro destaque pedagógico. O filme – documentário “Être et avoir” (Ser e Ter) revela uma substância de cariz puramente virtuoso. Os sentidos prendem-se com as paisagens de Auvergne – França, e com uma paciência quase perfeita de um professor em pré reforma. A questão mais surpreendente deste documentário não é tanto a questão do tempo e dedicação do professor e aluno, mas sim o fascínio por uma “raça” em vias de extinção.
Os prémios arrecadados são a prova de que a sociedade por mais perdida que ande, reconhece o bom trabalho, ou seja, a vocação. Falar de vocação, de entrega e partilha continua a ser tabu na sociedade em geral.
Por exemplo nas universidades, aproveitam-se as melhores médias para meter pessoas que não estão verdadeiramente ligadas à pedagogia, ou seja, se a pessoa é dotada de uma capacidade de raciocínio elevada então que vá para investigação, se um professor reconhece um certo talento no aluno então deverá ser ele o pioneiro em indicar (como Mestre) um caminho vocacionado para essa mesma pessoa. De facto “existe falta de sanguinidade” tanto nas universidades como em qualquer outro patamar laboral do nosso país, mas no mundo também.
Este documentário tem uma carga emocional muito elevada, mas comprova que existem vocações, que existe amor na arte, porque, quando se é bom, é-se mesmo bom, mas para isso, falta descobrir onde é que se é bom. Enquanto não descobrimos, ou temos medo de arriscar onde seremos bons, alguém tem que sofrer. Enquanto houver ordenado, daqui não saio.

domingo, dezembro 3

Opus VIII

Quem consegue concordar com os poetas da vida? Sim senhor; somos todos a vida que não controlamos.
Existem personagens para tudo, todos poderíamos ser tudo. As personagens que encaramos num olhar de amargura e instantes de prazer absurdos e calmos, são o que são, mas nunca o são na perfeição. Porque razão, tentamos olhar o outro sem que o alcancemos. Temos que o delimitar. Temos que entrar no silêncio, e porquê? Para não mentir, para não sermos mais uma personagem. Hoje tentamos matar a vida, mas a vida física constrói-se a cada momento dessa mesma atitude impiedosa que se chama vulgar.
Andamos confusos porque tudo muda, a cada caminho que cruzamos todos os sinónimos alteram-se, mas a essência permanece, e essa essência não compactua com o relógio que corre e a água que toca. Hoje seremos mais um Don Juan que não busca o amor total, mas aquele mortal que busca o prazer da entrega e da partilha. Se em pequenos instantes conseguirmos olhar o universo da revolução com o espírito da verdadeira liberdade, então conseguimos, descobrir a verdadeira liberdade. Chamemos-lhe neo – liberdade, porque só aqueles que conseguirem olhar nos instantes vulgares dos aspectos mais vulgares da vida e conseguirem imaginar o seu espírito nesse mesmo momento vulgar então é porque existe a possibilidade de uma existência vulgar, mas cabe aos neo – libertos, o dom de o não escolher completamente. Sejamos, sejamos… bons nos aspectos que vimos e gostámos, mas sejamos, sejamos libertinos nos aspectos que vimos, ignoramos, mas não reflectimos na possibilidade de esse mesmo momento ser nosso, e o outro ser o que eu poderia ser, e o que eu sou, ser uma saudação da ironia, da nossa neo – liberdade.
Sintam e sintam-se bem, mas não se sentem, porque acabariam no lamento da preguiça mortal da antiga liberdade.

sexta-feira, dezembro 1

Humor. Uma obra sob a forma de fragmentos

Ao entrar na aula disse: “ Quem terá sido a pessoa que ocupou o meu habitual lugar?”, -Maldita seja ela! Apareceu assim do nada, como devaneio de um sentimento já aguçado de insipiência perpetua, maldita.
Abalou as estruturas do pensar, mas também do agir, quem diria? Quanta mais raiva pode surgir do meu coração puro, que afinal de puro nada tem, mas tenta todos os dias ou ao deitar, depende do bagaço que o Sr. Horácio oferece, tudo depende de tudo, de algo, dos sentidos mas também das formas, e que formas, eu que o diga. As formas são o elixir do meu sentir e da minha ilusão. Pois é, tanta perfeição que paralelamente foge de mim. Fui viradinho a ela, e exclamei em voz profunda e maquiavélica: “ Quem és tu?”. Sou a força das águas, a anarquista que cintila onde quer que seja – diz ela como que protegesse um castelo de princesas e dragões - e quem és tu, que me perturbas neste momento? Eu, sou um mago! Que mata com medo, que sobrevive a todas as guerras, sou o ser que Deus criou num tempo onde o humor reinava nos homens…

sábado, novembro 18

Condição humana

A palavra condição deriva do latim conditione: substantivo feminino que pode significar: “classe a que pertence uma pessoa na sociedade; distinção, categoria elevada; carácter, índole, génio; maneira de ser; qualidade que se requer ou se deseja; cláusula, encargo; circunstância, situação.
Visto isto podemos argumentar que quando se diz: Condição Humana, então, estamos a supor que existe uma outra condição, talvez a divina.
Se ser condição é estar limitado, é porque, logicamente, somos limitados, sem novidades por enquanto. O que se pretende então é derrubar o – determinismo, cuja corrente filosófica diz que é uma: “doutrina segundo a qual todos e cada um dos acontecimentos do universo estão submetidos às leis naturais, de tal forma que cada fenómeno está completamente condicionado pelos que o precedem e acompanham, condicionando com o mesmo rigor os que lhe sucedem; doutrina que implica que todas as determinações humanas estão sujeitas à acção providencial, negando o livre arbítrio.” Fica a liberdade, que tantas vezes é o enunciado de gente e gente, mais uma vez ficámos sozinhos. Então recapitulando, somos limitados ao que possuímos, logo existe uma divindade que afirma sermos livres, isto do ponto de vista espiritual e não só, o determinismo evapora, a liberdade evapora-se. Ficamos então com o – Ser Condição.
Ser – condição é: caminhar, unicamente caminhar. Quem caminha de olhos virados para as nuvens, quando as há, é acreditar que existe uma transformação. A morte é o declínio único do determinismo e da liberdade. Os conceitos do livre e determinista só podem ser adequados à morte. Porque falar em morte é falar de algo certo. Agora referindo-me ao aborto. Este caso é de morte, logo as pessoas enunciam tanto a palavra liberdade e a eutanásia é também esse caso, em que se é livre para morrer de “olhos abertos”. A condição humana só é condição na morte. Morrer, porque se está determinado a isso, e liberdade na morte porque somos limitados ao Ser – Condição.

sexta-feira, novembro 17

“A morte existe para dar mais significado à vida.” (Six feet under – HBO).

A morte que vem por acaso, o amor que vem ao acaso. É assim que eu defino a área de serviço CEPSA no IP3 – Santa Comba Dão.
Certa altura – como moro relativamente perto – fui até a essa área de serviço, comprar tabaco, deparei com uma excursão de idosos que vinha de Penafiel em direcção a Lisboa. Saíram todos e entraram no restaurante – onde eu estava – almoçaram umas sandes de atum e beberam um sumo de laranja natural – refeição perfeita para um grupo grande de pessoas que têm um estômago fraco.
Estava já de partida, quando uma elegante senhora acompanhada de seu esposo, desmaia. Instalado o pânico entre os forasteiros, imediatamente a ambulância é chamada – INEM. Levam-na com uma maca para a ambulância. Um dos bombeiros, ou médico, é difícil de precisar, dá um último alento ao marido, que sóbrio, segura um telemóvel, e deixa escorrer uma nobre lágrima de desespero. Muito haveria para explicar, se aquela lágrima era de medo de perder a esposa, ou se era por ela estar a sofrer, e então, essa lágrima seria uma partilha do mesmo estado existencial e condicional compartilhado com a esposa.
A imagem das imagens é quando a ambulância balança freneticamente de um lado para o outro, seria como se lá dentro, num espaço tão reduzido uma guerra de corpos estivesse a ter lugar. Estando o pânico instalado, as lágrimas de raiva, os abraços, o consolo, tomava os hectares da área. Passados dez minutos de reanimação, sem efeito, a elegante senhora morre. Morreu. O que resta são mais dez minutos de gritos desesperantes que são lançados em direcção a um Deus que queria um adeus eterno. Fica o lugar sob o rio Dão, que imagem ainda mais bela. Houve uma morte, houve um rio, houve uma lágrima insustentável. As pessoas entraram todas no autocarro. O esposo foi junto ao corpo de sua esposa, contemplando uma viagem mais longa que a prevista.
Fica sempre o humor (negro) ou sádico de uma pessoa que comprou um bilhete de uma viagem, e teve direito a duas viagens, há pessoas com sorte.

sexta-feira, novembro 10

Dia Internacional da Filosofia - Universidade da Beira Interior

Inscrições (limitadas) até ao dia 15 de Novembro de 2006 em: sexto-empirico@hotmail.com
Viva a Filosofia

sábado, novembro 4

"O conciso é a luxúria do pensamento".

Bernardo Soares disse, ou Pessoa afirmava? "O conciso é a luxúria do pensamento"; perante tal afirmação, podemos especular “escriticamente” sobre a actualidade ou utilidade, sim, será que algo útil não sugere uma actualidade? Claro que sim, modéstia da minha parte em afirmar o claro e verdadeiro que as minhas palavras ecoam. No fim todos morremos, os nossos pensamentos desdobram-se nas infinidades poéticas, mas fica sempre (para os que se dedicaram à escrita) o papel, o livro, o manuscrito… a verdade? Sim, a nossa verdade. Quando olhamos para livros tão extensos como um rolo de papel higiénico ficamos a pensar e a debater sobre as circunstâncias de um único titulo. Por exemplo, se um livro como o Leviatã de Thomas Hobbes, cuja magnitude “celulósica” afasta qualquer pretensão que é rapidamente derrotada pelo tempo, o tal tempo, fala de um possível estado perfeito, ficamos com a impressão de que o seu contributo explicativo pode ser útil para nós, o povo, então valerá a pena lê-lo. Mas por outro lado, existem obras imperfeitas que sugerem um único titulo e em que o seu conteúdo deveras descritivo afasta uma potencialidade imaginaria de se concretizar, é claro que títulos objectivos de uma obra, nem sempre sugerem o tema ou assunto da obra, recordo-me agora por exemplo – A critica da razão pura de I. Kant, que de grande livro até tem, mas que o seu conteúdo, ou ideia central devia ser rapidamente concisa e não tão massacradora. Aposto se Kant desse aulas, actualmente, iria de Sabática a vida inteira, e ainda bem. É claro que todos os filósofos querem que as suas ideias sejam levadas a sério, e por todo o povo, obviamente, mas se não conseguirmos indicar unicamente o caminho ou dar a ferramenta essencial para se fazer o tal caminho, então de nada vale explicar todos os pormenores, porque uma viagem feita sozinho ou em grupo (povo) vai ser diferente para cada um, ou seja, a nossa vida ou caminho é nada mais nada menos do que – individualidades colectivas. Cabe aos professores da actualidade dizer-nos o seguinte: “ Sócrates aqui pensava assim e actuava assim, e tu, como queres fazer, sabendo que tens que chegar ali?”. Somos assim tão exigentes com o tamanho? Será que uma tela de 200 por 150 vale mais que uma 50 por 25? Claro que vale, dizem vocês, e os comerciantes, mas depois de pintada artisticamente, poder-se-á inverter a situação, certo? Ora aqui está um dos problemas dos filósofos, porque como me dizia uma professora: “ Filosofia não é Literatura”. Mas professora… a mim não me está a dar novidade nenhuma. E a vocês? Assim termino dizendo que existem obras que não são merecedoras de títulos. Há títulos que não valem assim muito, é como a publicidade enganosa.

domingo, outubro 29

Especulações racionais da pura razão filosófica

A pequena obsessão que a filosofia cria em todos os seres é automaticamente traída pelos leões da savana intelectual, diria mesmo que uma se trata de uma selva, e das grandes. Se calhar esta selva não tem a diversidade de uma amazónia, mas de um deserto, onde o silencio abrupta dos vales sequiosos das profundas dunas rastejantes de vermes e lagartos, mas que mesmo assim tem diversidade.
O que é preciso para se ser filósofo? O exemplo mais interessante foi dado por alguém que dizia, que os verdadeiros filósofos eram as crianças, porque possuem as características fundamentais para tal profissão, e que profissão é essa? Na escola ensina-se, na disciplina de filosofia, que o objecto da filosofia é o –real e o –ser, e que o objectivo é o conhecimento e a procura, por fim, fica o método, que neste caso é pensar, especular, reflectir. Então o que acontece quando possuímos tais directrizes para filosofar? Nada. E porquê? Porque o ensino obriga-nos a entrar no relativismo, e quando se entra no relativismo, entra-se no niilismo, e entrando-se em tal circunstancia ficamos puramente livres, de quê e porquê? Livres da filosofia, porque o vácuo dos filósofos que estudamos não nos dão margem para actuar. Ou seja, quem estuda filosofia vai ser um submisso de um autor “genial” qualquer, por exemplo Nietzsche, quem devora tal coisa vai tornar-se apoiante desta fracção filosófica, há quem chame discípulo a este tipo de atitude intelectual, mas e quem não gosta de ser submisso? Será que já não pode ser filosofo? Mas pode filosofar, certo? E ao filosofar vai ter sempre adjacente ao pensamento o tal autor, assim deixa-se de ser um indivíduo puramente racional, para ser um individuo racionalmente dependente do outro, fica a salvação dos independentes, que são aqueles que conhecemos algures e muito raramente.
O mundo precisa de muita formação mas não de obrigação, porque o objecto, seja ele filosófico ou não, é que nos possui, e nunca nós, que pensamos possui-lo.
Sim, claro que sim, temos que delirar com Aristóteles, é obrigatório, mas também temos que delirar com os nossos pequenos devaneios.
Porque é que a raça chamada filósofos teme em aparecer? Não digo com isto que se tornem vaidosos de um mundo já por ele muito colorido, mas o que falta para filosofarmos como René Descartes? A resposta não podia ser mais simples. O problema é simples, basta por exemplo olharmos para a disciplina de historia, em que pouco ou nada se identifica connosco, pois, historia universal que é importante do ponto de vista de “cultura geral”, ou então para acertar nalgum concurso televisivo, mas em que nada nos pode ajudar na identificação cultural e antropológica da nossa sociedade portuguesa ou da nossa identidade histórica. O mesmo se passa com a filosofia, que apesar do –ser, ser o objecto de estudo, mas o -ser Nórdico é diferente do -ser latino e agora pensando melhor, será que não influencia em demasia a falta de compreensão do mundo português relativamente ao mundo de uma filosofia universalista que se adapte a cada cultura? É claro que existe a Filosofia em Portugal, como disciplina, mas então porque é que ninguém ouve falar nela?

sábado, outubro 28

sábado, outubro 21

Hoje todos ouvimos Wagner

É claro que não se pode ficar indiferente, que se cante muito com ilusões matemáticas, menos com lógicas formalistas. Os conteúdos pouco matemáticos e as contradições superficiais dos sentidos, conseguem provocar em qualquer pessoa a metamorfose das letras.
Todos celebramos o casamento ao som de uma bela marcha nupcial, sim claro, é aquele cliché forçado que tem vindo a atravessar gerações. Há quem prefira outras e mais sensuais melodias. Que diria o Senhor Wagner, ao ver uma pequena parte da sua belíssima sinfonia “ Treulich Gefuhrt ”, a ser tocada por um saloio qualquer, mas ainda pior, é que esta sinfonia é auto proclamada num casamento. É por isso que toda a gente fica nervosa, e mais catastrófico, é que curiosamente, os “casamentos” cuja “faixa” (incompleta) é auto proclamada não chegam ao fim, tal como a musica.
Em suma: quando se pega em Wagner, é para pegar até ao fim, ou seja é para levar a cabo todo o sentimento grandioso, e nunca mas, mesmo nunca, uns simplórios minutos.
A maldição está descoberta, porque hoje todos ouvimos R. Wagner e percebemos que há coisas que têm de ser levadas ao principio. Hoje, todos estamos preparados para avançar na correria de amor.

sábado, outubro 14

Zapruder, uma corda e muita américa! O melhor

Plano sequencia mais visto na história é este. Em poucas palavras é um filme realizado num único plano, ou seja, sem cortes/montagem. Este transporta o auditório para um universo ainda mais realista e teatral. O filme de Alfred Hitchcock, - A Corda, é uma tentativa deste plano sequencia. O realizador transporta num único cenário toda uma história de intrigas e invejas paranóicas onde um assassinato decorre numa sala de um apartamento, e onde este vai ser lugar de uma festa de despedida, o corpo vai permanecer num baú em toda a cerimonia e é também aqui que a mestria do argumento e das personagem, principalmente a de James Stewart

Que faz o papel de um antigo professor de filosofia, começa a desconfiar que algo está mal.
Hitchcock assina neste filme a sua primeira película a cores e também a mestria da “ilusão” em tentar fazer com que o realismo emocional e psicológico do espectador enfrente a veracidade de toda a narrativa cinematográfica.
-A Corda é uma filme obrigatório, tal como – Micah P. Hinson neste seu ultimo álbum, - And the Opera Circuit.
Viva os E.U.A!

sexta-feira, outubro 13

Um quadrado pode viver isolado, e mesmo assim não deixa de ser quadrado. Mas seis quadrados a viverem em comunidade, já é um cubo. Decrescer para a realidade não é entrave para os verdadeiros sábios, o que está devidamente apinhado para descobrir o cerne da questão, e afirmo – cerne, porque – o fundo já está cheio, é que vai conseguir erguer um troféu de espermatozóides prontos a fecundar as mentes mais sensíveis àquela necessidade de possuir algo mais do que o abecedário. Por outro lado existem as mentes também elas sensíveis, mas que a sensibilidade vai para um outro estado, e afirmo – estado, porque – o patamar estava repleto, e é esse mesmo estado banal que consegue minar as mais nobres conquistas dos sábios. Na sociedade contemporânea estes anti vírus, que são os que captam espermatozóides mas, possuem os óvulos estragados, direccionam sempre o conhecimento para o quadrado, que ao crescer vai corromper a estrutura igualitária que forma o cubo e assim o cubo deixa de ser cubo para passar a ser, um – não cubo, como diria o Parménides.
É claro que os outros cinco quadrados ficam tristes porque deixaram de ser um cubo, eles gostavam mesmo de ser cubos, mas conseguiram aceitar a diferença, restou isso. Ainda bem que não existia politica nem religião, é claro que já se está a adivinhar o sarilho final do – não cubo e do quadrado, Um era uma religião, porque derivava da natureza criadora, e um outro seria uma seita, porque é uma adaptação ou uma patologia do original. Todos ficamos felizes por o – não cubo, não aniquilar de vez com o quadrado. Existe espaço para todos, quem sabe.

sábado, outubro 7

Diálogo sobre o Saber. Gvilhovsky e Parménides.


- Caro Parménides, é com muita alegria que me reúno neste belíssimo espaço junto a esta belíssima arvore!
- Sabes -G; sempre que vejo uma bela árvore, penso sempre, “n‘as jovens filhas do Sol a levar-me, abandonando a região da Noite, para a luz, libertando com as mãos a cabeça dos véus que as escondiam.”.
- De facto, esta árvore é bela, as suas folhas transmitem uma vida que não suspeita um minuto sequer pelo Outono, e mais, a sua idade é frontal e suas raízes devem ser longas e fortes, parece que abraçam o mundo.
- Parece, dizes bem, amigo -G, é como “o direito e a justiça”, onde sabes que existem, e vês de facto, muitos obreiros de justiça e direito, como a policia, os juízes e os advogados, mas parece que ninguém sabe dela.
- Então isso quer dizer, que tem de ser cada um de nós a lutar por isso? Dado que não existe pessoa alguma que consiga mexer, ou envolver as circunstâncias rectilíneas da justiça e do direito? Como se a justiça e o direito fosse algo pessoal e dotado para todos os seres vivos e não para alguns?
- não é bem assim, mas adiante, caro –G, não sejas tão impaciente. O homem é corruptível, mas a alma não. “é necessário que o ser, o dizer e o pensar sejam; pois podem ser, enquanto o nada não é: nisto te indico que reflictas. Desta primeira via de investigação de , e logo também daquela em que os mortais, que nada sabem, vagueiam, com duas cabeças: pois a incapacidade lhes guia no peito a mente errante; e são levados surdos ao mesmo tempo que cegos, aturdidos, multidão indecisa, que acredita que o ser e o não - ser são os mesmo e o não - mesmo, para quem é regressivo o caminho de todas as coisas.
- Desculpa amigo Parménides, mas é muito extenso o teu pensamento, não consigo lá chegar, desculpa.
- Cala-te, ser ignóbil! Amigo –G, não temas o –Pensar, se julgas –Saber, então tens que julgar o –Pensar, porque eles permanecem unos.
- -G! - G! - Chamem a ambulância!

quinta-feira, outubro 5

Hoje, bebi àgua! Hoje, li António Lobo Antunes!

"(...)
- A tua mãe morreu?
eu pudesse contar-te, falar-te não do verão, do Inverno, da decepção dos estorninhos, dos cinzentos sobre cinzentos, do verde escuro das copas, da grade de cervejas onde se abrigavam os patos, do meu pai a visitar-me no colégio aos domingos, sempre com um casaco diferente das calças e a gente não na recepção como os outros, numa das salas de aula num embaraço mudo, barbeava-se mal, sobravam pêlos no queixo, maçava-me, desiludia-me, apetecia-me que me deixasse em paz
- Que veio aqui fazer?"
(...)

-A minha continuação

-Só queria o dinheiro suficiente para me aguentar mais uma semana, odeio que os meus colegas sintam o meu ar de criança de 23 anos ainda frágil
Não sou assim tão frágil, sou o magnata da loucura sensivel,
Mas.
São os óculos massa pretos que eu mais embirro, queria uns iguais, não os dele, uns meus,
Gostei de te ver, a ti e à mãe.
Ela sempre mãe, sempre preocupada, e eu sempre despreocupado, que vingança virá lá de cima? Talvez nenhuma, só a das minhas fracas mãos.

segunda-feira, outubro 2

opus XX

Desapareci, assim como por magia. Os meus sentidos entraram em antagonia profunda.
Uma depressão que se misturou com outra e outra e outra. Fugi, mas voltei, como se de um cão com fome se tratasse. O meu vulcão permaneceu junto ao mar dos opostos, sem nada para dizer.
O sopro do coração queria bombear ar, mas bombeou um liquido viscoso e ácido.
Ontem estava perplexo comigo e com mais alguém, hoje estou genuinamente fraco de tão poucas soluções.
A minha geração está a precisar de motivação. O egoísmo prático do meu animal ser, aloja-se sem permissão, vou lá, ao médico. Vou se me conseguir decidir qual o médico, são tantos, acho que não vou a nenhum. Vou escrever, sem medo, sem paixão, só escrever.
Não, já não vou, estas tretas existencialistas estão a dar cabo de mim, se elas não me ajudam então porque forçar uma coisa que não me diz nada? Ah, raios e coriscos!
Vou-me dedicar ao romantismo. Agiota, mas com muito sacrifício.

sexta-feira, setembro 29

Tributo escrito e não sentido


Sempre tive a consciência que era um nómada. Alguém que vagueia, uma coisa que se dilui num espaço, que desaparece sem avisar, sempre fui um nada.
Passava eu por uma antiga fábrica de lanifícios, onde os trabalhadores são infiéis e em que a promiscuidade é a única taxa para eles se manterem unidos.
Esse nómada tem um nome, mas pouco me interessou, apesar do nome ter sido importante mas o referir neste escrito. Sei que ele foi importante para o meu crescimento, não o vejo como um amigo nem um mestre, simplesmente como alguém que tem um papel importante no mundo. Seria egoísta se lhe disse-se para ficar a trabalhar na fábrica, isto porque ele tem um rumo mais nobre e sensível.
Ele vive o que aprende e aprende com os verdadeiros, aqueles onde o saber não está diluído ou seja o saber – nada.
Um dia ele disse-me: - “ Se vives para seres lembrado, então é porque já estás morto”.
Esta frase matou-me, digo frase, mas é um conselho, que pode ter sido passado de mestres em mestres. Agora chegou a minha vez, não de a exclamar (a frase) como mestre, mas como um nómada que se julgava ser, mas que o não é.
Hoje não ando bem, tudo parece morto. Pareço uma simples personagem de -Brueghel, em que os quadros são um amontoado de seres interessados em possuírem um corpo e onde a alma é esquecida.
Aceito a minha insignificância, aceito-a e pronto. Aceito que podia ser melhor, aceito que posso dar mais de mim à sociedade, mas ela nunca me propôs nada, aceito um olhar materno de uma pessoa. Só não aceito a velhice.

Algum tempo depois, um texto questionado, M I.

Como se vê um idoso, idoso? O que significa terceira idade, para uma pessoa que não quer pertencer a essa categoria? Qual é o objectivo de vida, quando esta, está numa fase mais delicada? Pode um “jovem” definir ou avaliar as necessidades do idoso? Quais são as pretensões do idoso? Diz-se que todas as idades têm valor mas, qual a mais valiosa?
Como se agrada a um idoso? Qual o papel deste na sociedade? Será que a morte os assusta e, se assusta eles conseguem definir isso? Mas caso eles consigam definir isso, será que os mais “novos” vão entender? O que sonha um idoso? Será que imagina mais a vida ou a morte? O que pode amar um idoso? O que é o amor para os idosos? O que é a solidão? O que sentem quando se vêm ao espelho? O que sentem quando lhes custa levantar todas as manhãs? O que sentem quando um dia é mais um dia? Será que conseguem viver cada dia como o ultimo? Ou será que repugnam essa ideia?
Um idoso vê-se pela idade, pelo aspecto físico ou pelo espírito?
Sinceramente não sei nem consigo perceber nenhumas dessas questões, mas anseio por o dia em que também eu vou ser rotulado de idoso, vou ter talvez tantas ou mais dificuldades como as que os idosos de hoje possuem, resta-me esperar e levar uma vida minimamente curiosa. Hoje sou um jovem, jovem para os idosos, mas velho para os mais novos, em suma, sou um idoso também, mas um idoso que consegue andar consegue amar, consegue pensar na vida, consegue perceber o que é a terceira idade, consegue avaliar o mundo, consegue olhar para o dia como uma bênção e olhar-me todos os dias ao espelho, sabendo que sou único, genuíno e amado. Então acredito que os “outros” idosos também o consigam fazer e pensar, resta-me respeita-los e acompanha-los na caminhada que também é minha.
Afinal, a minha terceira idade já começou e vai prolongar-se até ao dia em que acordar e estarei algures num universo luminoso ou obscuro. Sou mais um idoso entre os idosos.
Mas já não me cabe a mim julgar.

sexta-feira, setembro 22

Um outro conto para adultos

Se o conhecimento ou inspiração vem de algum lado, então é porque existem mentes ou pessoas que estão mais aptas para interiorizar as ondas que por aí se envolvem.
Numa pequena tertúlia que fiz algures na minha melancólica casa, em que se juntavam três amigos íntimos, um deles, o Dany, explicava que estávamos rodeados de ondas, sejam elas quais forem, por exemplo a rádio, em que a musica estava lá, mas que não a ouvíamos sem o auxilio de um rádio. Mas agora vem a melhor parte, e se de facto conseguíssemos ouvir mas sem que a ouvíssemos? Pois é, agora entra a teoria do conhecimento, em que o conhecimento anda aí, estamos rodeados dele, não temos é nenhum aparelho que o simule, a não ser o nosso cérebro.
Baseado nisto, vou fazer uma experiência, vou fechar os olhos, desligar todo o som que exista em qualquer amplificador electrónico, e vou para uma montanha, sim, porque tal como -Camus, eu quero estar no mais alto, para quê estar numa praia se posso estar numa montanha? Para quê estar preso numa cave, se posso estar numa masmorra?
Vou tentar no cimo de uma montanha captar o que conseguir captar. Se voltar vivo e saudável então é porque sobrevivi ao conhecimento.
Mas para que quero eu o conhecimento?
Sempre que fecho o meu olhar, anseio por um maremoto divino, não me entendo com o homem banal, é forte o sentimento superior que tenho em mim e para mim, que não aguenta uma futilidade. Preciso desse conhecimento para ser um guardião do meu mundo e do meu povo, talvez queira ser um justiceiro.
O mundo precisa de mim, não sei é onde, mas estou quase lá, preciso de mais conhecimento para poder distinguir o lixo que está muito camuflado, preciso de mais estética, preciso de discípulos, preciso do meu exército, mas para isso tenho que o formar e educar primeiro, sem medo. Em breve ele estará pronto, e o mundo que se cuide, porque ele vai ser repressor da ingenuidade maléfica e oportunista.
Falta o nome, precisamos de um nome, antes de partir para a descoberta vou descobrir um nome, o nome é importante, é sempre importante, que reine o nome.

terça-feira, setembro 19

Roubo autorizado

A minha irmã empresta-me a máquina digital dela, eu bem que lhe impinjo a minha analógica, que tem muito mais valor que a dela. Só o facto de ter o dobro da idade dela, já lhe dá uma arrogância saudável e natural, que a digital dela não tem.
A minha analógica faz o mesmo que a dela, mas ao contrário da maturidade do chip de uma, eu possuo as mãos.
Em “breve” os meus pais vão cessar, e ninguém consegue sentir realmente o que é, ninguém, só eu e as minhas irmãs.
Um filho que fique sem pais, é órfão, mas a inexistência de um nome para um pai que fica sem filho, é abstracto, por isso talvez a necessidade de não se pensar muito nisso. Ficar sem avos também não tem nome, mas o mais curioso, é que são sempre os pais que suportam essa dor.
Depois de uma morte, vem a partilha, interessante uma morte trazer partilha, que poderia ter outro sinónimo, como por exemplo, fragmentação. Não me cabe a mim decidir, porque o futuro é uma mentira dos deuses para nos mantermos vivos. A partilha só tem sentido enquanto vida, se partilhar algo de alguém que está morto, então essa fragmentação tem que ter outro nome, possessão, roubo.
Será que a minha irmã vai-me continuar a emprestar a máquina depois de ficarmos órfãos?

sábado, setembro 16

"Abomino todos os modos de vida" Rimbaud

E assim sem qualquer verosimilitude intelectual, afirmo que a filosofia, não é um sistema, não é uma catalogação de livraria e até mesmo um enrolar de pensamentos sistemáticos e deveras implicativos.
A filosofia é a nossa explicação mais nobre para a essência de nos levantarmos todos os dias, até que a morte venha e diga:” vá rapaz, estou com pressa. Infelizmente não sou omnipresente nem omnisciente, porque caso fosse, já não restava ninguém, um de cada vez, a minha sorte, é que sou rápida.”
A todos aqueles que estudam filosofia, fica o consolo de terem mestres que vos facultam uma ou outra biografia mais ordenada, porque se assim não fosse, seriam iguais ou piores do que muitos seres que também eles buscam uma essência existencial.

"Pierre Hadot, grande erudito, mostrou que a filosofia da Antiguidade estava destinada a mudar a existência, e não a construir sistemas de filosofia. Ele influenciou Foucault e também uma nova geração, como a de Michel Onfray, com essa ideia de que a filosofia existe para ser vivida, não somente para ser pensada ou se limitar ao acaso. "
- Vou ter 6 horas semanais de filosofia.
- Que bom… já pareces uma mulher.
- A sério?
- Depende.
- De quê?
- De ti.
- Mas achas que não sou capaz?
- Tantas perguntas?
- É o poder da filosofia!
- Não, simplesmente é o poder da questão!
- E a filosofia não é um sem fim de questões?
- Depende do que procuras!
- Eu procuro tudo!
- Bem… então tem cuidado, podes perder-te!
- Nesse caso, a filosofia dá-me o caminho!
- E se não der?
- E se der?

sexta-feira, setembro 15

Ode Nietzschiana à vida.

É unânime que todos gostam de viver, pelo menos, uns dentro de uma perspectiva diferente de vida, acham que viver é bom. Todos adoram ter amigos, falar, escrever, estudar, trabalhar, ter um carro, jogar um jogo de computador, fazer voluntariado, chatear o vizinho, maltratar a esposa, enfim… todos nós temos uma perspectiva muito prática de viver a vida, que neste caso é nossa, é pessoal e individual, mas que se rege por uma união social, comunitária e talvez de necessidade antropológica.
É aqui, neste ultimo item que entra, a responsabilidade, civismo e um simbólico número de acções sociais. A política é aqui a chave que se responsabiliza por manter o indivíduo social na ordem, ordem essa que é feita de regras, leis e legislações.
A sociedade em Portugal vai a referendo já para Janeiro, e penso que nos faz bem voltar a decidir se queremos votar a favor de uma legislação que possa interromper não provisoriamente, mas permanentemente a gravidez, a vida.
Muito abertamente teremos que analisar esta constante a que chamam de evolução humana, não se entende é como a evolução passa pelo retrocedimento do nascimento, não me parece seriamente que nos queiramos ver perante uma atitude politica, religiosa ou até mesmo democrática, mas sim, alienígena.
Votar na vida é votar no sol que muitos não conseguem ver. De certa forma o aborto vai ser muito importante, positivamente, porque vai evitar que muita gente, muitos hipócritas, desleais, insípidos, malcriados andem por essas ruas fora, seria perfeito que conseguíssemos aniquilar a imperfeição humana e aos poucos conseguíssemos criar a raça perfeita, o humano perfeito, a vida perfeita.
Desde sempre condenamos o mal e a procura que todos temos em fazer o mal, mas atenção, nem todos tentam romper o mal mas sim, limitam-se a devastar os portadores do maquiavélico vírus, que não é humano, mas uma patologia exterior à natureza tanto humana como vegetativa. Todo este alcance pessimista é um pequeno exemplo de pequenos outros exemplos quotidianos, por exemplo, quando a água de um chafariz ou fonte se torna imprópria para consumo, as entidades responsáveis imediatamente colocam uma inscrição/placa a dizer: “água imprópria para consumo”, o que leva a que a fonte perca todo o significado. O que se quer demonstrar é que, nós homens em vez de irmos procurar e tentar descobrir o porquê da água envenenada para a purificarmos e destruir o que faz dela danificada, simplesmente arranjamos a solução mais simples. Assim mais fontes perdem significado, mais água fica estragada e mais ignóbeis somos.
O problema de tantas mulheres não está na interrupção ou não da gravidez, mas sim, na educação, no apoio social, na família, nos pedagogos, no aconselhamento familiar e na própria sociedade, ou mais radicalmente, na responsabilidade de cada uma como ser de procriação, se somos pessoas responsaveis para ter relações sexuais, teremos de ser para assumir o que daí possa vir. Quem pensar que abdicar da vida vai trazer menos problemas à mulher, então boa sorte.
Mesmo assim que a lei seja aprovada, talvez menos escabrosos andem pelas ruas.

terça-feira, setembro 12

Opus I

Os momentos mais inspiradores são os depressivos. Uma pessoa feliz com ela mesmo não pode nunca, nunca ser o revelador da humanidade. É essencial que não se confunda de maneira intrínseca o que se busca com a insatisfação de nós mesmos. Um exemplo mais óbvio que relata esta matéria pode ser a musica, em que os sentidos frustrados formam um desabafo natural, através da arte, por exemplo Pessoa, o eterno desassossegado, o eterno génio, santo agostinho um entre muitos, que buscam o prazer espiritual, pessoal e contraditório da natureza já por ela irónica. É aqui que muitos pensadores pesados de tanto saber, já não conseguem por em prática esse tal saber, afirmando que o conhecimento leva-nos à infelicidade, coitados.
O conhecimento em si, só existe com a partilha honesta e equilibrada, mas a tal procura tem que ser pessoal, tem que ser correspondida, é como o amor. O coração humano não se consegue iluminar com qualquer saber, é precioso aquele saber que nos propõe a um novo patamar, a uma nova temporada, à tendência preciosa do tentar e obviamente do ser. Por isso é que “quanto mais sabemos mais queremos saber.” Ou então “quanto mais sei, mais ignorante me sinto”. O exoterismo trivial de muito saber que se julga ser, sem que nunca o seja, corrompe a alma, e a maneira ingénua do coração actuar. Há que querer… há que morrer, mas de uma causa que não seja a infelicidade, mas sim a busca da felicidade, porque quem busca por si, já é feliz.

domingo, setembro 10

Festas Centenárias - Santa Eufêmea - Óvoa - Sta Comba Dão. Eu e a minha Cybershot, semi compacta





























“Repensar um projecto que já existe não é fácil. Os hábitos, idiossincrasias, o pessoal e os apoiantes habituais, apresentam pouca sensibilidade para mudar, para incorporar áreas tangenciais e diversificadas.
Estudos recentes apontam para a falta de “sanguinidade” como uma das principais deficiências nas instituições portuguesas, as universidades em Portugal têm 90% dos docentes formados pela própria instituição. (O MIT tem 5%).”

- Adaptei este excerto de um artigo de opinião, da revista mensal, AV - Arquitectura e Vida, nº 74, Setembro, 2006, só para referir o seguinte: Adaptar por adaptar é a forma mais fácil de se manipular uma opinião ou até mesmo vários conceitos adjacentes à nossa preciosa vida. Por outro lado deduzir não é referir, por mais estranho que pareça, cada vez mais usamos os “Jeová concepts” para fazer uso de uma inerente vocação intelectual, ou seja um exercício brutal e desnecessário na conquista do parecer público.
Num caso ainda mais concreto, analisar o educando da actualidade, é o mesmo que referir um “Jeová concept”, usam-se os conceitos necessários para o momento sem que a contextualização esteja patente dentro do conceito, os chamados -J.C. são a técnica manipulativa que a seita jeová faz para aderir novos fiéis, o engraçado é que eles levam tão a sério o que dizem que baralha a visão pouco oportunista da liberdade não existente de um ou mais profetas. Se todos os educandos fossem como os jeovas então talvez estivesse-mos melhor, ou não…
Estão a bater à porta, já venho… mas antes de ir, apenas refiro o que um rapaz me disse antes de morrer na unidade oncológica do Hospital de Aveiro: “ nunca te esqueças que os cristais são caros e valiosos, porque são irreparáveis… olha para um copo de cristal, e fica a saber que basta uma lasca para perder todo o valor e significado…, neste momento vês um, sem valor e significado. Que porra, vou morrer, logo agora que conheci a mulher da minha vida, que tenho o emprego perfeito e que os meus pais se reconciliaram… odeio ironias.”

quinta-feira, agosto 31

O que estraga a nossa vida tem resposta.
O maior problema tem um nome, e esse nome é o -sinonimo.
Por exemplo: homenagem, tem tantos sinónimos, a começar, reverência, que por sua vez também pode ser substituído por: culto que por sua vez também tem um sinonimo chamado devoção, mas este pode já ser entendido como: crença, que para muita gente é: convicção, e tal não podia acontecer sem -crença, que analogicamente é derivada da convicção marada da certeza que todos nós temos mas ninguém infalivelmente tem como certa.
Mas a final de contas o que vem a ser isto? Tudo isto se pudesse ser explicado através da linguagem seria isto: - passatempo, ludo, brincadeira, diversão, entretenimento, recreio, distracção, prazer, ilusão, ou então uma patética explicação do porquê da nossa infelicidade linguística, ou do dom de ter uma Língua materna tão bela, diversificada, enfim… cada um de nós tem a linguagem que quer entender.
É mau, ruim, defeituoso, irregular, inconstante, nocivo, quando usamos a linguagem para um meio que o fim não é o mais universal. O bem que não quer contemplar os bens maléficos do pecado e fraco sentido de orientação espiritual, puro.
Vou simplesmente estudar alguma coisa, ainda não sei bem o quê, a minha fé é demasiado perversa para acreditar numa vocação ou num talento próprio. Quando andava na creche não percebia porque estava lá, quando andava na primária não percebia porque andava lá, quando passei pelo secundário descobri que todos queriam alguma coisa, deprimi-me porque não sabia que vontade tinha eu. Os meus conhecidos ambulantes e provisórios queriam ser como os pais, mas eu não. Havia outros que queriam ser um sonho, era deprimente ouvi-los e explicar o quão radiante era o seu futuro, mas eu não. Auto refugiei-me no meu pseudo abismo de soluções, mas mesmo assim nada. Parece que ainda não saí da idade do armário. Em conversa com uma chilena, ela revelou-me que existem espíritos que tentam desafiar as leis, mas que acabam por se perder para sempre, a vida nunca é vida, porque é muito linear, e que os chamados inadaptados são os que barram o conformismo e a falsa loucura. Citou-me até Gil Vicente com a questão: -“ adivinha lá quem é que foi para o céu?”. O nome dela era Lena, estudava numa Universidade Católica da capital chilena, gestão de recursos humanos, o seu apelido era -Gutti, na verdade até temos fotografias em que estamos juntos, mas o mais estranho, é que o e-mail e a morada que me deu, não existem, perguntei a uns amigos que estudavam no mesmo sitio que ela e o resultado foi negativo. A Lena não existia, ninguém a conhecia, até as fotografias que temos juntos ficaram sem a minha querida Lena, andei à procura de um rosto durante 3 meses, até que percebi que não é de um rosto que procuro… riu-me sempre quando falo da Lena, dá-me paz, não queria muito arriscar, mas acho que a Lena é um anjo que anda por aí, talvez o meu anjo da guarda, não sei, sei que as ultimas palavras dela foram de esperança e de carinho, de força e de aventura, gostei. Estou cada vez mais perto de uma verdade, sinto-me especial, e por isso vou partilhar o meu segredo…que já não é segredo.
A viagem que estou a fazer, afinal não é sozinho.

quarta-feira, agosto 30

Em redor dos sítios moribundos do nosso olhar, os continentes continuam a separar-se, a magia da natureza luta desesperadamente em reparar os erros humanos, só há um vencedor.
- Pensa comigo! Diz a natureza para o homem.
- Quem cá estava primeiro? Quem cá estava, dizem vós, seres ignóbeis, porque nós os anciãos das florestas e dos vales, propusemos no último concilio, que vós tendes de ser aniquilados, sem piedade ou rancor, simplesmente aniquilados, patéticos.

terça-feira, agosto 29

“Ode à simplicidade amargurante que contempla de fora o mundo perplexo da exclusão sentimental que não teme em largar a emoção relativizando o poder da amargura infinita do escrever.”
Foi assim que A. da Silva amargurado com a triste vida da sua mulher amada descrevia o real sentimento que pairava no já oco coração. A maior virtude deste jovem senhor de 82 anos era mesmo a da vontade criativa de observar os outros seres.
O mundo amnistiou aquilo que ele mais adorava, a “trotinete” de duas mudanças automáticas. Não foi a trotinete directamente, mas sim a visão. Ficou cego de tanto chorar, os pobres médicos dizem que são cataratas, mas que não compreendem a sua origem, dado que chorar não está nas origens de uma catarata. Uma simples operação seria o suficiente, mas Artur desejaria ficar cego, talvez porque assim o sofrimento e necessidade poderiam ser compensados de uma outra maneira intimista e emocional. Nem com os conselhos do paralítico Sr Henrique, que na verdade só era paralítico porque os músculos das pernas de tão velhos e cansados que estavam, não conseguiam suportar os grandes ossos e grande corpo e assim sendo a cadeira de rodas era a mais preciosa solução para que assim os dois amigos pudessem soletrar o cérebro na mesa de café do café mais perto que tinham na terra.
As tardes destes amigos eram passadas a rir escanzeladamente com as historias que um e outro passaram nos longos tempos dedicados à nação.
O A. Silva foi professor e o Sr. Henrique agente da P.I.D.E, ambos mantinham uma cumplicidade macabra, enquanto que um ensinava o melhor da propaganda científica, académica e nacionalista, um era o gestor daqueles que não cumpriam o seu dever de cidadãos. As histórias eram imensas e delirantes. Cada um tinha a mania de abusar criativamente e ingenuamente dos saberes e funções. O que seria perfeito, era que estas personagens não fizessem parte da ilusão.
Falta pouco para todos nós morrermos, falta muito pouco, e ainda tenho tanta coisa para fazer.
Tem que ser hoje. É mesmo hoje que lhe vou dizer aquilo. Senão terei que esperar que a emoção coronária pare de vez e assim estarei a alterar o que poderia ser o melhor da minha vida, nunca sei quando o melhor é sempre o melhor, sei por exemplo, a nível monetário, quando olho para um contracto e sei se vale a pena ou não, mas em relação à vida, à pura vida que é a minha, isso já não sei. Será problemas de espiritualidade? De medos? Não sei, não quero deixar de ver o que a natureza me deixou, tenho medo, mas quero, vou começar um exercício, a partir de agora, vou ser o mais compulsivo possível, tenho que entrar na harmonia do ser homem e ser animal, tenho que estudar as possibilidades e os riscos, não, não… não pode ser teoria, a teoria estraga a essência magnética do real, tenho que ser mais prático.
Preciso de um mestre.

Indy media

segunda-feira, agosto 28

Opus VII

Qual o mais motivante? Descobrir a resposta através doutrem, ou através de nós mesmo?
Obviamente seria mais interessante que “essa” verdade seja descoberta por nós, mas muito naturalmente usamos os outros para chegarmos às nossas verdades, é claro que todas estas verdades se forem científicas e falamos de uma perspectiva académica ou científica é importante ir reflectir onde os outros já reflectiram, mas que tipo de verdades procuramos nós? O que é uma verdade, por exemplo? A verdade das verdades é indubitavelmente nossa. E que preciosidade é essa? Eu não passo de um nome e tudo que nos rodeia é um nome, um objecto inanimado que pretende ofuscar as demais pretensões de cada um. Se analisarmos as perspectivas mundanas, saberemos identificar o nosso objecto, nós. A anatomia exemplifica o que de melhor a biologia e a física querem de nós, mas para isso, temos que estudar as origens não só antropológicas mas também biológicas, é deveras importante revermos o ensino das Belas Artes, onde os alunos por exemplo de -Escultura têm que estudar a anatomia do Olho, da mão e em geral do corpo todo, isto para se poder avançar para a perspectiva de toda a arte. A arte como manifestação humana é derivada do humano e assim sendo o humano apaixona-se pelo próprio humano, em suma: a arte só pode ser apreciada por alguém que contenha uma análise viva do próprio homem. Estamos então em condições de dizer que a arte é um apelo narcisista, no sentido belo, do narcisismo puro, mas também egoísta, porque, quando se adquire uma peça de arte, ela pertence-nos logo aprisionamo-la com aquele sentido de ciúme, não possessivo, mas no sentido de protecção. É como de um filho se tratasse, em que a criação, gestação, nascimento (fora da barrigona da mão), desenvolvimento etc, nos faz aproximar daquela condição natural humana, é como as nossas peças de arte.
Quem não tem as pretensões de ser pai/mãe, ou de aceitar o desafio natural do homem é porque não está preparado para aceitar o mundo como ele é, e assim ficar no tal marasmo não evolucionista do pensamento estéril e da inteligência também ela estéril. Não queremos ser estéreis, queremos dar o melhor de nós, queremos fugazmente olhar para a carne e ser vegetariano ao mesmo tempo. Mas penso que não faz mal, assim a arte vai continuar a valorizar e os artistas os indigentes já não passarão fome. “Em terra de cegos, quem tem olho é rei”.

sábado, agosto 26

F O
R M A
L I S
M
O

sexta-feira, agosto 25

Trémulas são as minhas insanes mãos, que não conseguem povoar a magnitude desesperante do apelo da pobre humanidade. O querer tanto a ilusão simbólica de uma utopia já pensada, mas que no entanto teme em regressar ao praticado pecado. Se nos mostrarem uma única vez que seja, aquele sentido oportuno da magia do primeiro beijo, ou então da primeira experiência não traumatizante, mas empreendedora da relação com o imaginário, seria bestial, não tão óbvio, mas bestial, parecido com brutal, e com a significação grosseira do momento, não preocupada com a fome do desejo carnal, a esperteza viva do ser como chave de um futuro grandioso.


Um talvez, ou uma analogia pecaminosa, quem sabe, tu? Não... nem ninguem.
A aproximação prepara a morte de nós e mais um óbito de um alguém, a visão resplandecente do momento, do talvez, da pequena grande tentativa do ser, que quer, que procura, que não consegue virtualidade na transmissão dos saberes que pensa possuir, que não pensa sequer saber mas que ilustra o mapa da viajem que não se quer prolongada por falta de ser.
O novo clip e o "making", interessante.

quinta-feira, agosto 24

Preito ao amor eterno, fazer o carinho à vocação.

- Deprime-me a ideia do emprego!
- Deixa lá, vais notar que o desemprego é bem mais deprimente.
- Sim, eu referia-me à falta de emprego.
- Estás a tirar o quê?
- Não tiro nada, estudo na universidade, filosofia.
- Interessante, e para quê?
- Se o ensino não estivesse tão mau… para professor.
- Ah, então se estivesse melhor ou mesmo bom, eras professor?
- Sim.
- Mas, só por estar melhor?
- Sim.
- Mas achas que tens vocação, ou os putos, que sejam cobaias?
- Nem, sei. É mais porque é um emprego facilitado, em termos de sustentabilidade.
- Mas, consegues imaginar, que o mundo todo, se pensar como tu, o ensino e as ciências não evoluem, e está-se a entrar numa notabilidade sem precedentes genuínos e decadentes?
- Já cá não estou para ver isso!
- É pena. Ainda bem que existe carácter e dedicação pelo gosto da vocação, senão, seríamos todos uns pequenos tristinhos bípedes, e é claro, ainda bem, que não te vou ter como professor, nem os meus filhos.

quarta-feira, agosto 23

terça-feira, agosto 22

“Eu vou continuar aqui até às duas da tarde, esta semana e também a próxima. Saberei quem é o mais imprudente e o mais incrédulo, tentarei devolver uma raiz húmida de alternativas, saberei quem deve ser puritano e quem deve moldar um espírito Calvinista, os telefones não serão necessários, pois, existe a telepatia, a musica será dura como os conceitos e a gramática, dado que não existirão regras, anarquia literária, será o poeta a definir tudo e o filosofo terá o cargo de mentiroso saudável, dando a entender que o bem existe e que o melhor caminho do Homem é segui-lo.
A fome tem que continuar e a guerra será só com grampos e um elástico, uma franja da humanidade terá que rezar, orar e cantar ao movimento peristáltico das luzes da noite, porque de dia, a luz mata.”

Excerto de uma obra que estou a escrever, inspirada no – “Tratado do vazio perfeito”, de Lie Tse.

domingo, agosto 20

Palavras e significações

São medonhas.
Hodiernas, digamos nós.
Mas muito liberais.
O grande ouvinte, que é aquele que ouve tudo e introverta tudo, é o grande responsável.
Sílaba atrás de sílaba a grande palavra se mostra profética, entusiasmando quem sugere o pecado, e nunca se desfazendo da indispensabilidade do grande interesse patológico, insensível, ou talvez sensível a mais, mas destrutivo das maiorias, é o mesmo que uma birra académica colectiva. Sim, é isso a todos aqueles que são anti-conservadores e que corrompem de forma inconsciente o universo cósmico das prelaturas infindáveis que somos todos nós e também o horizonte que não vemos, por olhar sempre de queixo baixo.
Tudo o que não acompanha uma maioria é digno de se derrubar, teremos talvez, de criar laboratórios de genética aplicada para poder reduzir o fracasso dos vícios e aumentar a luta interior dos desejos puramente humanos.
Por causa de uns, pagamos todos, sem que seja justo viver na supremacia da alma e do espírito. Na religião, uma birrinha cria mil e uns medicamentos com função de placebo mal engendrado.
Eu não concordo vou para um lado, não concorda outro e vai para três lados seguidos, sempre ficamos com mais escolhas, mas como na religião católica nunca houve a ideia de concorrência, na política a coisa é diferente, a concorrência existe de facto, porque o ser humano tem aquele vício malicioso que deve ser corrigido nos laboratórios, os grandes laboratórios.
Ainda bem que existe o LSD e a marijuana.

sábado, agosto 19

As palavras que nunca te direi é um título sugestivo para pessoas sem coração, ou com uma carcaça cheia de vírus não maliciosos mas muito ofensivos.
De um lado os críticos falam da art pop como a arte plástica (literalmente plástico), básica, simples e pouco duradoira, mas gosto de pensar que os artistas pop podem não ser geniais como Warhol, ou outra qualquer vertente da art referida, mas são genuínos na actualidade do sentir, do dizer e essencialmente da visão pura que é a relação humana.
Assim sendo concordo quando dizem que a vida é pop, não é complicada, teremos que apelar mais à visão individualista de nós mesmos para com o cosmos e deixar de seguir metaforicamente falando os falsos ídolos temporários que não suportam a vida na sua imperfeição bela e imperfeita e que lutam por uma igualdade ilógica. Todos nós “adoramos” Pessoa, ou Eco ou o tão esquecido Sabato, mas todos sabemos que as noites passadas a ler sob uma luz miudinha e onde o tapete de arraiolos apodrece com o suor de mãos de anciãos desesperadas com a produção que vem da china com o nome de arraiolos e cuja ironia é chamar tapetes de Arraiolos a tapetes chineses, é brutal!
A art pop é vida efémera mas é vida que se vive no hoje no já no agora. Mas a pop art como lhe chamam é o espelho da humanidade, má.
Entretanto a art pop é a sobrevivência do melhor que se faz na pop art, antes vem a arte que é o homem, depois a pop que é a vida.

quinta-feira, agosto 17

Quanto custa a caridade?

Quero começar este devaneio com o sinonimo de caridade :”amor ao próximo, benevolência, esmola, compaixão…”, mas numa altura tão consumista e cujas saudades já me estão a apertar e falo obviamente das campanhas das grandes superfícies comerciais que dentro em breve estarão a rebentar em todos os meios de comunicação da forma mais patética e delirante com o tema -“Regresso às aulas”, é importante referir um tema que me tem alertado a consciência. Quanto custa a caridade? Se retirarmos toda a conotação significativa que a palavra ou a acção tem, ficamos com o quê? Tudo. Caridade existe todos os dias sem que nos apercebamos, mas numa época (acho que sempre foi assim) em que tudo se paga e em que as pessoas parecem que necessitam de pagar como forma de caridade ou sei lá porquê, fico inquieto com a esmola, porque se as pessoas praticam a caridade e depois começo a reflectir de forma compulsiva sobre o verbo praticar e entro num marasmo antagónico de sensações que me enlouquecem, até mesmo enquanto escrevo este post fico raivoso, não percebo, devem ser das hormonas do pré regresso às aulas.
Toda esta problemática começou à uns tempos, no funeral de uma tia minha, em que eu lia de forma descontraída -A queda de A. Camus, junto a um riacho refrescante que vinha dos verdes lados do Caramulo, mas enquanto lia -a queda, o autor referia que adorava praticar caridade, mas não era uma caridade qualquer, era quase como uma vontade infernal de ajudar o próximo, ele era um caça caridades, é claro que isto deixava-me a rir loucamente e com vontade de me afogar para não ter que envergonhar mais os últimos visitantes da minha tia. Queria tanto ser como ele, falo do anjo que entretanto levava solenemente a minha rica tia, que era irmã da já falecida Glória, minha avó. Mas acho que Camus não queria que o seguíssemos na caridade, aquilo era mais uma critica inteligente à sociedade da época que se mantém actual. Quando se faz ou pratica caridade, não devemos nem podemos olhar para trás, não. A caridade não se compra, dá-se de forma canibalesca, como?
Experimentem.

segunda-feira, agosto 14

Em defesa das pistas da blue

Eu gosto, e dedico esta musica ao Duarte, porque merece! Não existe dinheiro que pague o trabalho dele

sexta-feira, agosto 11

Evolução, actualização ou um simples desleixo pelo mundo.

Existem alturas na vida em que nos temos de privar da rotina informativa ou até mesmo de uma rotina essencial à nossa condição de trabalhadores ou de simples viventes numa sociedade unida sob a forma de informação ou de comunicação, por exemplo, ficar privado do telemóvel, das noticias que ocupam o mundo, dos tradicionais amigos, da Internet, enfim, a rotina que é rotina, o comodismo, ou até mesmo do sol habitual do nosso espaço habitual do estupidamente habitual que é o que nós achamos ser o melhor sem que sintamos que o habitual pode ter um signo não tão habitual como pensamos ser uma habitual rotina, um habitual tomar banho na praia que se tornou habitual, ou dos mesmos domingos passados na habitual igreja da terra… é tudo muito habitual, até este blog já se torna habitual.
Dizer que tudo está mal é muito habitual em nós, os portugueses que são uma raça deveras incomodativa, para mim obviamente, começo a não tolerar esta pequena comunidade de desordeiros e tumultuosos que são alguns portugueses.
Entendo por exemplo o regime do Estado - Novo, onde a tal “censura”, “opressão” ditavam as regras, é claro que as estatísticas (INE) referem um país diferente do que a actualidade, mas acho que se fossemos um poucos mais exigentes para com as tais minorias, era mais justo para com os justos. Numa frase que li num livro de ética, referia um caso importante para o entendimento do que se passa no nosso país: ”Só vale a pena ser justo, quando ser justo compensa mais que ser injusto” aqui está o problema do nosso país.
Não me interessa nada saber dos destinos de Portugal, nadinha mesmo, porque vou ser um corrupto, é natural e habitual, não me interessa muito fazer parte de uma comunidade europeia, porque se eu não entendo a minha comunidade ou se não sei lidar com ela, também não me vou entender com a Europa “Unida” (Estados Unidos da Europa).
Estive fora durante 2 semanas, fui trabalhar (apanhar lixo) na eco team, dentro do BOOM festival 06, foi simplesmente delirante, fantástico e inspirador. O BOOM é made in Portugal, organizado por portugueses e tem o sucesso que tem não devido aos portugueses (“festivaleiros”) mas aos estrangeiros, nómadas, ou como a organização gosta de chamar -Piratas do futuro, porque esses respeitam o próximo e principalmente a natureza. Aproveitei o festival para conhecer novas experiências, povos, tudo, mas também para ler um livro muito interessante que é -os segredos do livro da natureza, de Omraam, uma das frases que me alegrou a visão foi :” A natureza diverte os homens vulgares, ensina os discípulos, e só diante dos sábios é que ela desvenda os seus segredos”.
Não li um jornal, não vi uma televisão, não ouvi um rádio, desliguei-me totalmente do meu habitual mundo, e gostei, porque aprendi tanto, que o meu ser está mais rico, é claro que mal cheguei a casa tive que enfrentar a habitual rotina, que foi comprar o jornal para saber o que perdi, e descobri que não perdi nada, absolutamente nada. Israel continua em luta (em nome da natureza, terra que pelos vistos é rica) uma morte ali, outra morte acolá, um livro editado, um disco lançado, um novo presidente, mais um atentado, enfim, uma semana normal, para um povo também normal. Em relação à natureza conheci um “movimento” interessante que consegue aliar a pornografia a acções ecológicas, como por exemplo, salvar a desertificação da Amazónia, um norueguês criou a FUCK FOR FOREST, um site onde os utilizadores pagam para ver pornografia e assim o dinheiro é desviado para a causa brasileira, descobri também que o calendário INCA é muito mais perfeito que o nosso, descobri tanta coisa que vos convido a visitarem o BOOM 08.
Enquanto que apanhava o lixo dos outros, tive várias epifanias, analogias e comparações, por exemplo, houve casos em que estrangeiros ajudavam na recolha dos resíduos e em que os portugueses mandavam o lixo para o caminho para nós limparmos. Em conversa com uma belga, ela referiu que a separação das embalagens era obrigatória e com direito a graves multas caso não fosse cumprida a lei.
Nós por cá, pedimos muito atenciosamente às pessoas para fazerem isso e deixamos passar este tipo de problemas, e levamos muito a sério outras coisas sem importância, como as mortes dali e de acolá, talvez se a Floribella reciclasse, o povo era também reciclado… precisamos de uma actualização rápida de tudo, desde o ensino à politica, mas isso só é possível quando cada um de nós for suficientemente inteligente para conseguir actualizar o software, porque na verdade, não entendo o que se ensina nas escolas, mas existem coisas que não são ensinadas, está dentro de cada um de nós, e como português que sou, só me resta aceitar o meu triste fado, ou então seguir em frente e caminhar para norte, onde aí existe um hardware equivalente ao meu e outros seres com um software equivalente. O BOOM é um contra movimento com o qual me identifiquei, esqueçam os boatos que este festival é só transe, droga e violência psicológica, eu sobrevivi, todos nós sobreviveríamos. Reciclem.

quarta-feira, julho 26

Opus V

Um sábio disse-me em certa altura: ”as grandes decisões decidem-se no crepúsculo”, sorri entretanto com um ar de esquizofrénico, balancei o meu corpo para a frente do soalho de papel que deslizava sobre um manto de alcatrão azul, decidi arriscar, não a vida, porque essa ou isso, não me compete arriscar, só o coração. Arriscar! Que absurdo soam estas palavras! A diferença mata, os comodistas! A diferença não se vende, transmite-se, ou seja, não é ensinada, não vão os hermenêuticos deturpar o meu sentido de diferença.

terça-feira, julho 25

Maníaco-depressivo tem mais piada que -Bipolar

Tenho 23 anos, mas gostava de ter 32, o que eu quero é simples. Quero nadar com um escafandro em pleno atlântico, que se lixem as baleias e a GREENPEACE, gostava de ser vizinho de todos os meus professores para lhes poder fazer a vida negra, sem que eles saibam quem os provocara. Gostava de ver Carmina Burana, nu com uma garrafa de whisky rasca apoiada na cabeça de uma norueguesa desdentada e mal cheirosa, viciada em marijuana também ela rasca. Gostava de ser um coqueiro, para atirar cocos a turistas pseudo rebeldes que mijam no meu belo troco castanho, tudo isto sob a forma de ironia rasca.
Num mundo de rascas, eu quero ser o mais rasca, o melhor entre os rascas.
Com tanta malvadez, eu tenho que ser o Lúcifer, não aquele que transporta a luz, mas sim aquele que traz a moral, os valores, a vida decadente, tudo é decadente sem que ninguém se aperceba, a profissão do homem é o marketing e a publicidade, pois é, tudo está camuflado para ser vendido ou dado. Que se lixe o homem, que se lixe a mulher, que se lixe tudo, porque eu sou tudo e sou quem controla tudo, ninguém ouse tocar-me, porque o seu destino será perigoso, e eu sei que todos são perigosos mas ninguém o admite, a ignorância é também ela bela e paradoxal. Mas ninguém a consegue equiparar à minha, eu sou o rei, eu não sou o duplo sou o actor principal, eu não sou o que decora pessoas, eu sou a própria pessoa, eu crio, eu vingo-me eu sou genuíno, eu sou perfeitamente normal.
Com isto tudo, precisava de uma mulher perfeita, alguém tipo uma professora de Historia que conheci quando era pequeno, mas que actualmente fosse da minha idade, alguém que tivesse o sotaque dos Açores, mas que fosse da Gronelândia, uma maluca, uma doida, mas que isso não passa-se de puros devaneios emocionais e simplesmente normais, tinha que ser morena, não… loira, mas… eu também gosto da cor ruiva, isso não interessa, tinha que ser órfã, seria genial encontrar alguém órfã, sempre tive esse fetiche, talvez porque precisaria do dobro do amor e carinho, sim, e eu tenho muito amor e carinho para dar, filha única, pobre, mas não de espírito, erudita, para me manter o espírito aberto, tem que adorar novas tecnologias, tem que ter um espírito de executiva de dia e de pagã à noite, tem que ser criativa e emocionalmente original, para juntos nos rirmos enquanto o charro dura, ou então enquanto a garrafa de whisky rasca perdura. É isso… dói-me a cabeça, vou-me deitar, mas antes, vou regar as minhas pequenas arvores de fruto, devia chover, gostava que chovesse, mas não era preciso ser muito, bastava a noite toda.

segunda-feira, julho 24

Opus IV

O universo e os que neles habitam são uma conjuntura quase patética do saber que hoje compactuamos. Quem são os intelectuais? Serão os actuais? Os que contêm o saber do livro? Isso sim, seria interessante se estivéssemos há 70 ou mais anos atrás, mas e agora? Eu posso ter um conhecimento do que os homens da ciência descobriram na sua própria altura, mas esses sim, são os verdadeiros homens do saber, porque inovaram um pensamento e uma corrente, fazendo com que hoje ainda seja importante para a nossa vivência. E agora?
“os carpinteiros modelam a madeira; os frecheiros modelam as setas; os sábios modelam-se a si próprios.” - Buda, e os intelectuais que fazem eles? Só espero acreditar que o nosso universo esteja a criar eruditos para uns intelectuais mais tarde gozarem com um grande agrado o que o pai erudito não gozou.
Consigo muito humildemente entender o que Nietzsche passou. - a ovelha negra da filosofia, será? Nunca! A minha alma entra em delírio quando a minha área, - letras e humanidades, consegue ganhar um premio justo, um justo premio não enquadrado nos módulos de intelectuais, mas sim da inovação da criatividade do saber da experiência, porque só aí é que se encontra a genialidade que Sócrates afirmava como :” A vida sem conhecimento não merece ser vivida”, conheçam, conheçam a realidade do olhar, do vento, da sol quente e atarefado que nos entranha a pele, a pele por sua vez, não se deixando subestimar, liberta através das glândulas sudoríferas o suor que também um nómada descobriu e libertou quando tentou procurar e sentir o que a filosofia pratica fez dele.

domingo, julho 23

sábado, julho 15

Floribella, "Como contraponto ao ideal realista dos Morangos com Açúcar"

Pior que isto, é mesmo a RTP lembrar-se de produzir uma série também parecida.
Se antes, a SIC tinha a -“New Wave”, formato brasileiro da Globo, a TVI contrapôs com uma produção portuguesa, “Morangos com Açúcar”, é importante referir que a TVI está de parabéns, porque “apostou” no nacional, sim, no nacional, e isso já não acontecia há muito tempo, talvez porque era mais fácil comprar a outras produtoras estrangeiras do que produzi-las.
A TVI é um bom canal generalista, porque a sua programação assume o que ela mesmo tem que assumir, relevante? Não me parece. Quem se lembra da TVI nos seus primórdios? Católica, alternativa, jovem, mas pouco portuguesa. Era a 3 estação mais vista, afinal, só tínhamos 4 (excepto a cabo) e a RTP2 que sempre foi o patinho feio, falo obviamente do share e não da qualidade. Contudo, posso referir vários aspectos que levavam a minha geração a assistir à TVI: filmes todos os dias, sitcoms americanas de qualidade e a boas horas, programação infantil de qualidade, o Batatoon foi um grande exemplo de como se pode trabalhar o material português usando a criatividade e a pedagogia, enfim…
Esta era a TVI da 1ª Geração. Depois veio a TVI de 2ª Geração, a Geração dos Reality shows, Big Brother por exemplo, a partir daí, penso que todos nós já sabemos o que se passou, ou seja, o percurso até aos dias de hoje.
Mas o fundamental não é só isso, porque a TVI é a inspiração de todos os canais portugueses, excepto da RTP2, todos eles, e mais irritantemente a SIC, tentam desde a 2ª Geração da TVI, copiar uma identidade própria, sem nunca alcançar o prazer “shareniano” da base/mãe, TVI. Mas atenção, um canal não se faz só canal pela informação, os serviços noticiosos da TVI não são muito bons, ou puros, mas eu pergunto, qual dos canais por nós conhecidos é que é? A SIC tenta o formato inglês (Sky) mas ainda sem sucesso.
Mas para terminar esta minha teoria que afirma a TVI como a inspiração dos “outros” aqui fica o seguinte: a floribella, apesar de ser um formato argentino mais não é do que a fusão deturpada de “Anjo Selvagem” e “Morangos com Açúcar” (TVI) e por curiosidade o formato original de Anjo Selvagem é também argentino, e quem foi o primeiro a adoptar quem? Só me resta dizer à SIC para se deixarem de inspirar numa poesia que não é a deles, e que devem criar a sua propria identidade, porque assim, coitados, serão sempre a lebre.

segunda-feira, julho 10

Um drama, um sonho, uma estrada... e 7 palmos de terra

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?

Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...

Maleável aos meus movimentos subconscientes do volante,
Galga sob mim comigo o automóvel que me emprestaram.
Sorrio do símbolo, ao pensar nele, e ao virar à direita.
Em quantas coisas que me emprestaram eu sigo no mundo
Quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto me emprestaram, ai de mim! Eu próprio sou!
...
Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite,
Guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente,
Perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço,
E, num desejo terrível, subido, violento, inconcebível,
Acelero...
Mas o meu coração ficou no monte de pedras, de que me desviei ao vê-lo sem vê-lo,

À porta do casebre,
O meu coração vazio,
O meu coração insatisfeito,
O meu coração mais humano do que eu, mais exacto que a vida.

(...)
(Mais uma vez 7 palmos de terra terminaram... as segundas - feiras, perderam outra vez o sentido)

domingo, julho 9

Deus morreu… mas não encontro o corpo!

sábado, julho 8

Um ano de devaneios

Iniciei este blog como forma de atenuar a minha frustração por uma rapariga.
Estava de férias e não me apetecia estudar para os exames, que eram muitos, no entanto queria que este espaço fosse um lugar de simplificação do mundo abstracto em que vivemos, como o titulo afirma: “tendências simplicistas”, queria mostrar ao mundo isso mesmo. Arte, cultura, opiniões, politica, filosofia, religião… tudo isto sob a forma do simples, em suma, o mundo entrega-me a matéria, eu simplifico como catalizador o mais importante ou belo, o resto deixo para vocês. Quis na maioria dos casos mostrar-me imparcial a tudo, mas não consegui.
Uma nova tendência anda por aí, já existe há um tempo, mas aproveito a boleia para falar do youtube, é um espaço de partilha de vídeos, fica então o mote para visitarem e verem o que para mim são os 5 melhores vídeo clipes do mundo da música.

quinta-feira, julho 6

Esta teoria é interessante...

domingo, julho 2

A iniciação massiva do universo e dos que nele habitam

Nietzsche abriu as perspectivas de algumas mentes. Algumas, porquê? Porque dada a altura histórica e talvez todo o contexto social a que se revelaram, fez com que só alguns pudessem ter acesso ao seu pensamento progressista e podemos dizer revolucionário, mas a questão essencial é a da motivação linguística e emocional a que ele nos preenche a cada palavra que escreve. No entanto esses intelectuais, sofreram deveras com a arrogância crítica e criativa, como é óbvio, a que Nietzsche se expôs. No entanto a “luta” dele estava certa, e não havia margem de manobra porque estava sozinho, os responsáveis da época, desde políticos a educadores, não pretendiam mudar nada e não se sentiam com vontade de admitir que o fracasso social, histórico, político e educacional estava gasto. Tudo estava gasto. E gasto porquê? É simples, quando entramos num programa social e digo programa porque é fácil de admitir que as nossas camadas sociais aos poucos tornam-se anti-sociais e é necessário uma actualização, a todos os níveis. O que se passou foi que, essas actualizações foram feitas só nalguns programas, quais programas? A matéria o inumano o imaterial. E o humano foi claramente deixado ao acaso. Quando Nietzsche reparou que o universo andava a andar de uma maneira pouco saudável chamou a atenção. Resultado? Ficou doido, maluco, maníaco. E quem fez essa avaliação psiquiátrica? Os impuros num mundo impuro. Em suma: os adeptos estão a apelar ao voto e esforço dele. Os media, mas principalmente a Internet vai ter um papel importante na destruição total e eu estou lá…este e este também.